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paraibanos na bolsa

Em quatro anos, número de investidores cresceu 81%

publicado: 15/12/2025 09h23, última modificação: 15/12/2025 09h23
Havia 55.908 pessoas físicas do estado com contas na B3 em novembro
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Por meio de 62.885 contas, investidores paraibanos custodiam R$ 2,54 bilhões na Bolsa | Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

por Pedro Alves*

A cada ano que passa, os brasileiros voltam mais seus olhos — e seus bolsos — para a Bolsa de Valores (B3), tornando-se investidores no mercado financeiro. Na Paraíba, não tem sido diferente. Em quatro anos, a quantidade de investidores paraibanos cresceu 81,4% na B3. Em novembro de 2021, eram 30.827 investidores da Paraíba na bolsa brasileira. Já em novembro de 2025, 55.908 pessoas físicas do estado integram o ecossistema financeiro, totalizando 62.885 contas.

Em relação aos valores investidos, em novembro de 2021, os paraibanos somavam R$ 1,7 bilhão em custódia na bolsa brasileira. No levantamento realizado pela B3 até novembro deste ano, já são R$ 2,54 bilhões custodiados em nome de pessoas físicas do estado.

Uma dessas pessoas é Caio Junqueira, professor universitário. O docente passou a investir em 2019 quando precisou fazer um trabalho na universidade sobre como viabilizar economicamente a implementação de sistemas fotovoltaicos. Foi nesse momento que começou a se familiarizar com o tema econômico e viu crescer seu interesse pelo assunto, aprendendo e investindo, inicialmente, com a renda fixa. 

Caio começou pela renda fixa e se interessou pela B3 | Foto: Arquivo pessoal

“Por conta da demanda acadêmica que tive, precisei ter esse contato com a área econômica. Comecei a ler sobre o tema e a entender que, por exemplo, eu poderia emprestar dinheiro para o governo, nesse caso da renda fixa, com o Tesouro Direto, e o governo iria me pagar aquele valor com um juro, baseado em uma taxa específica. A partir daí, fiquei mais interessado e fui entender também sobre a renda variável”, relatou Caio.

Perfil

Na comparação dos perfis, um se sobressai na quantidade de investidores: são homens de 25 a 39 anos, que somam 38,6% dos paraibanos que investem na Bolsa de Valores. Ao todo, há 21.580 pessoas com esse perfil, que têm investido um montante de R$ 452,5 milhões.

Por outro lado, há uma faixa etária que, embora com menor número de representantes, detém 42,4% do valor integral investido por paraibanos. Trata-
-se dos homens de 40 a 59 anos, que representam um total de 14.201 investidores pessoas físicas do estado e custodiam um montante de aproximadamente R$ 1,08 bilhão.

Existem ainda 299 pessoas de até 17 anos de idade da Paraíba, do sexo masculino, que investem na bolsa, totalizando R$ 4,2 milhões de valor investido em ativos por meio da B3. Ainda segundo o levantamento, 4.974 investidores são homens de 18 a 24 anos, com R$ 23,3 milhões sob custódia da bolsa brasileira. Por fim, ainda no recorte do gênero masculino, 2.251 dos investidores paraibanos com 60 anos ou mais têm mais de R$ 458,7 milhões investidos.

Mulheres

Atualmente, 22,5% das pessoas físicas paraibanas cadastradas e que investem na Bolsa de Valores são mulheres. O perfil de investidora que detém o maior volume de investimentos é a das cidadãs de 40 a 59 anos, assim como o observado entre os homens. São 4.392 mulheres nessa faixa etária que investem na bolsa brasileira, totalizando R$ 217,6 milhões em custódia.

O perfil financeiro é semelhante. Nesse grupo, estão pessoas mais maduras, que, além de terem tido acesso a mais informações sobre mercado financeiro, também já tiveram mais tempo de trabalho, de acúmulo de renda e, por conta das trajetórias profissionais mais consolidadas, estão em cargos com salários maiores.

Logo atrás desse perfil, em relação ao valor de custódia, vem o da mulher com 60 anos de idade ou mais. São 1.215 paraibanas, nessa faixa etária, investidoras na B3, totalizando R$ 191,6 milhões.

A faixa de idade que tem a maior quantidade de pessoas físicas investindo, entre as mulheres paraibanas, é a de 25 a 39 anos. São 5.945 investidoras paraibanas nessa fase da vida, custodiando um valor somado de R$ 101,6 milhões. Mulheres paraibanas dos 18 aos 24 anos que investem na bolsa são 867, que totalizam R$ 5 milhões em investimentos. Já menores de idade do sexo feminino na bolsa são 184, com R$ 10,5 milhões em custódia na B3.

Empresas e fundos imobiliários são destaque

No Brasil, a maior parte dos investidores prefere aplicar o dinheiro na renda fixa. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 60% das pessoas físicas têm ativos desse tipo, o que indica que o investidor brasileiro é mais conservador. Principalmente quando a conjuntura é favorável, a exemplo da atual, com a taxa Selic alta, em 15%.

É possível investir na renda fixa na Bolsa de Valores por meio de ETFs (sigla, em inglês, para Fundos de Índice), mas a maior parte de investimentos dessa ordem é realizada em bancos tradicionais, corretoras financeiras e nos bancos digitais, de modo que a renda variável é a grande expertise da bolsa. Na B3, é possível investir em ações de empresas brasileiras e internacionais, Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) brasileiros e em outros ativos.

Dos 10 ativos mais investidos por paraibanos na B3, cinco são de empresas brasileiras e cinco são de fundos imobiliários. O FII com mais investidores de toda a B3, o MXRF11, é também o queridinho dos paraibanos, com 17.100 investidores, gerando R$ 31,3 milhões.

Em segundo lugar, vem o Banco do Brasil, sob o ticker — ou código de negociação — BBAS3. O ativo é o que recebeu mais aportes dos investidores da Paraíba. São 14.164 sócios no estado, totalizando R$ 147,1 milhões investidos no banco.

“Com a Selic a 15% e juros reais de 10%, a renda fixa proporciona retorno competitivo com liquidez, permitindo flexibilidade para aproveitar oportunidades que surjam de eventuais correções. Mas hoje existe uma expectativa consolidada de queda dos juros. Esse cenário cria um ambiente favorável para ações, especialmente nos setores sensíveis à taxa de juros, que podem se valorizar com a queda”, analisou o estrategista de ações Filipe Villegas.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de dezembro de 2025.