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Febraban: maquininhas contribuem com juro alto

publicado: 05/09/2023 09h22, última modificação: 05/09/2023 09h22
Sistema é considerado importante para comércio e consumidores, avalia a CDL
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Conforme o estudo da Febraban, as taxas de juros das maquininhas variam de 60% a 130% ao ano - Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

por Thadeu Rodrigues*

Estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que as maquininhas independentes, que não são ligadas a instituições financeiras, cobram juros mais altos, o que confere risco às operações, ao causar o endividamento dos consumidores. Para o presidente da entidade, Isaac Sidney, o modelo de negócios também impacta os lojistas por cobrar taxas maiores, tornando parcela do varejo dependente da antecipação de recebíveis.

“Quanto maior o prazo para o consumidor pagar, mais ele se endivida e mais dependente os comerciantes ficam da antecipação de recebíveis para fazer fluxo de caixa. Isso prejudica o comércio e o consumidor, que se endivida com parcelas a perder de vista numa bola de neve e agrava a inadimplência das famílias”, comenta.

Conforme o estudo, as taxas de juros das maquininhas variam de 60% a 130% ao ano, cobrando do pequeno varejo descontos até três vezes maiores do que as máquinas operadas pelos bancos. Conforme Isaac Sidney, os bancos emissores suportam o peso da inadimplência e diluem os riscos entre os elos da cadeia.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL-JP), Nivaldo Vilar, pondera que as maquininhas são importantes especialmente para os microempreendedores que, por vezes, não têm acesso aos equipamentos de bancos emissores de cartão de crédito. “Por outro lado, seu uso está ligado a questões de informalidade”, avalia o dirigente.

Parcelamento

No mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o problema do endividamento no país é resultado do uso parcelado do cartão de crédito. A ideia é criar uma tarifa para não incentivar o parcelamento, de modo que não prejudique o consumo. Em junho, a taxa de juros do crédito rotativo chegou a 437,3% ao ano.

Conforme a Febraban, 75% das compras são feitas com parcelamento sem juros. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia na Paraíba (Corecon-PB), Celso Mangueira, não existe parcelamento sem juros, já que nas operações com crédito parcelado, os lojistas incluem gastos com os encargos às empresas emissoras.

Nivaldo Vilar destaca que, sem o parcelamento, o comércio “quebraria”, considerando o funcionamento do mercado. “Muitos produtos, como os eletrodomésticos e eletrônicos são normalmente adquiridos com parcelamento de, no mínimo 10 vezes, devido ao seu maior valor agregado. As grandes magazines também ofertam esse tipo de crédito independentemente do valor dos produtos” ressalta Celso Mangueira.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 5 de setembro de 2023.