A quantidade de imóveis financiados na Paraíba com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cresceu 51,27% em maio (773) deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2022 (511). Os dados são da Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). O desempenho do estado vai na contramão da média brasileira, que registrou retração de 41,8%, com o financiamento de 41,7 mil imóveis.
O número de unidades habitacionais financiadas nas modalidades de aquisição e construção ainda registrou alta de 52,47% na Paraíba em relação a abril (507) de 2023. Em âmbito nacional, a Abecip constatou ligeira alta de 0,4%.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, houve o financiamento de 2.943 imóveis no estado, com recursos da poupança SBPE, o que representa um acréscimo de 16,55% sobre o mesmo período de 2022 (2.525).
Neste ano, a quantidade mensal de financiamento imobiliário superou 2022 em todos os meses, com exceção de fevereiro, que registrou 623 e 566 imóveis, respectivamente, em 2022 e 2023. O mês de maio liderou na quantidade de imóveis.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Wagner Breckenfeld, afirma que a Paraíba, sobretudo a Região Metropolitana de João Pessoa, está em pleno crescimento, com destaque no Nordeste pela qualidade dos empreendimentos lançados, além da qualidade de vida nas cidades. Ele contextualiza que o aumento da população, constatado pelo Censo, gera uma demanda crescente por imóveis. No país, foram financiados 219,1 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, um desempenho 25,2% inferior ao de igual período do ano passado. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em maio deste ano, foram financiados 639,3 mil imóveis no Brasil com recursos das cadernetas do SBPE, resultado 22,7% aquém do registrado no acumulado dos 12 meses anteriores.
Primeira compra aquece mercado no estado
Os financiamentos imobiliários SBPE somaram a quantia de R$ 144.798.445, na Paraíba, em maio, o que corresponde a um crescimento de 17,58% sobre o mesmo mês de 2022 (R$ 123.150.113). O resultado nacional foi de R$ 12,2 bilhões, com queda de 28,3% sobre maio de 2022. Na comparação com abril (R$ 110.588.409) deste ano, a alta foi de 30,93%. No Brasil, o crescimento foi de 7,3% em relação a abril.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a Paraíba registrou o montante de R$ 687.739.315, no financiamento imobiliário. Em relação ao mesmo período de 2022, o desempenho foi 21,18% superior. O país movimentou a quantia de R$ 63,4 bilhões, no período de janeiro a maio deste ano, com diminuição de 9% sobre o ano passado. Nos 12 meses encerrados em maio, o montante financiado acumulou R$ 172,9 bilhões, no país, com queda de 12,5% em relação ao período imediatamente anterior.
Wagner Breckenfeld enfatiza o preço do metro quadrado como fator importante ao crescimento do mercado. “O custo da construção apresentou um aumento significativo durante a pandemia, que influenciou negativamente o mercado. Mas os construtores locais conseguiram segurar os preços para não repassar ao consumidor, e isso contribuiu para não sofrermos tanto com impactos no aumento do valor nos imóveis locais”.
O diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis na Paraíba (Creci-PB), Glauco Morais, explica que o mercado tem produzido imóveis menores, o que gera aumento de comercialização. No contexto de João Pessoa, ele aponta o crescimento de empreendimentos com imóveis de apenas um quarto e flats. “As famílias estão diminuindo de tamanho e instalando-se em imóveis menores”.
Ele assinala que, por serem menores, os imóveis têm preços melhores, considerando os valores absolutos. “Contudo, nesses imóveis, o valor do metro quadrado é maior, porque a valorização é bem grande”.
Facilidade de pagamento
O casal Cristiane Moratto e Henrique Ramos adquiriu o primeiro imóvel neste ano, motivado pela facilidade no pagamento. Eles já moravam juntos, pagando aluguel, desde 2020, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa. Ao procurarem um novo imóvel para locação, eles se depararam com a possibilidade de financiamento sem a necessidade de entrada.
“A corretora de imóveis nos apresentou essa possibilidade, mas não no bairro que queríamos, em Mangabeira, mas no Cuiá. Naquele bairro, era necessário ter um valor de entrada nos imóveis à venda. Nós gostamos do apartamento e fechamos negócio. A Caixa aprovou nosso crédito e a construtora pagou a documentação do imóvel”, conta Cristiane.
Ela explica que o custo do financiamento é praticamente o mesmo do aluguel que pagava. “A diferença é que estamos adquirindo um bem imóvel, o que não ocorre na locação. Estou muito feliz”, comemora.
Para o presidente do Sinduscon-JP, o grande gargalo ao financiamento é a taxa de juros. “A expectativa é de queda nos próximos meses por parte do Banco Central, e isso nos dá mais ânimo para construir, pois acreditamos que, com a redução, o mercado imobiliário local terá novo impulso nas vendas”, diz Breckenfeld.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 9 de julho de 2023.