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Formalização pode triplicar renda de empreendedores

publicado: 21/07/2025 09h05, última modificação: 21/07/2025 09h05
Quem atua de forma regular pode ganhar até 65% mais, aponta o Sebrae
2025.05.08_importancia da formalização_super suco © Roberto Guedes (9).JPG

Foto: Roberto Guedes

por Bárbara Wanderley*

O dono de um pequeno negócio pode achar que atuar na informalidade vai livrá-lo da dor de cabeça da burocracia e dos impostos, mas deveria pensar duas vezes, pois pode estar perdendo dinheiro. Um levantamento do Sebrae mostra que um pequeno negócio formal no Brasil tem renda quase três vezes maior do que um empreendedor que atua sem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

Os dados, que têm base na Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que, no quarto trimestre de 2024, empreendedores regularizados tiveram, em média,  rendimento mensal de R$ 6.117, enquanto os informais ganharam apenas R$ 2.115. A remuneração dos informais é 65,4% inferior.

Para a analista do Sebrae Paraíba, Rosário Brito, a formalização só traz vantagens. “O empreendedor adquire segurança jurídica, credibilidade para o seu negócio, acesso a linhas de crédito, a possibilidade de participar de licitações e de fazer vendas para outras empresas”, citou ela, explicando os possíveis motivos de negócios formalizados terem maior rendimento. Além disso, ela acredita que a formalização estimula o empreendedor a investir mais na marca, criando uma identidade visual e iniciando ações de marketing. “Isso impulsiona as vendas”, afirmou.

O empreendedor Vicente de Paula sabe bem que, para crescer, precisa formalizar. Ele começou a empreender como vendedor ambulante no Centro de João Pessoa, há mais de 30 anos. Há 21 anos, formalizou o negócio e abriu a Super Suco, lanchonete especializada em sucos de fruta e salgados, localizada no Parque Solon de Lucena. Quem conta essa história é o neto dele, José Roberto Júnior, que há alguns anos assumiu a administração do negócio para ajudar o avô, que completou 89 anos recentemente. “Essa é uma empresa familiar”, disse. 

Vicente de Paula começou como vendedor ambulante, mas percebeu que seria preciso formalizar para impulsionar o crescimento da empresa que, hoje, é uma franquia paraibana | Foto: Arquivo pessoal

Para Júnior, como é mais conhecido, sair da informalidade foi fundamental para o crescimento da empresa. “A formalização é uma parte muito importante e, obviamente, tem que ser bem amadurecida. Com ela, você consegue comprar de fornecedores, vai conseguir um preço mais acessível, você de repente consegue financiamento em banco, porque o banco é muito difícil dar um financiamento para uma pessoa informal, uma pessoa que não tem um CNPJ”, argumentou.

Com o passar dos anos, os negócios se expandiram e agora também tem uma unidade da Super Suco no bairro de Mangabeira e outra será aberta em breve em Manaíra. “E, daqui para o final do ano, queremos abrir a quarta loja”, contou Júnior, acrescentando que, recentemente, a loja  transformou-se em franquia.

“A gente procurou ajuda, porque chega um ponto que a gente não sabe mais caminhar só e precisa procurar parceiros. O Sebrae nos orientou, nos ajudou e fiz um curso lá que chama Empretec. E aí, depois, a gente fez a formalização de tornar realmente o negócio em uma franquia. A gente viu que o negócio tem potencial, é escalável”, comentou.

CNPJ garante segurança jurídica e benefícios

Contadora de formação, Fran Morais nem cogitou começar a empreender sem ter um CNPJ. “A legalização de um negócio é muito importante para que você busque também as oportunidades que tem para a PJ”, destacou.

Ela afirmou que a formalização é mais simples do que se pensa e traz diversas vantagens para o empreendedor. “Tem gente que pensa que formalizar um negócio é bicho de sete cabeças, acha melhor não abrir um CNPJ porque vai dar dor de cabeça, vai gastar, mas não é bem por aí”, avalia.

Informalidade nunca foi uma opção para Fran Morais | Foto: Roberto Guedes

Fran destaca que uma das principais vantagens de formalizar o próprio negócio é a possibilidade de contar com benefícios. “Eu tenho tranquilidade, porque eu tenho uma parceria com o Banco do Brasil, que me oferece várias oportunidades, como o seguro empresarial. Hoje, para muitas coisas que eu faço aqui, eu não tenho nem a necessidade de colocar no caixa da empresa, porque o seguro cobre. E você tem uma oportunidade de mercado maior, quando você entrega uma nota fiscal. Então, só existe vantagem em ter um CNPJ”, opinou.

Fran contou que decidiu empreender há quatro anos, após se mudar do município de Patos, no Sertão paraibano, para João Pessoa, sofrendo de burnout. “Vim para João Pessoa para uma mudança de estilo de vida. Foram 15 anos com contabilidade até que o meu corpo pediu uma pausa. E eu não consigo ficar sem fazer nada, parar totalmente, então eu quis empreender”, explicou.

Ela lembra que começou com uma loja de conveniência no condomínio onde morava. A mãe de um amigo, que na época era sócio da loja, fazia alguns bolos que eles vendiam no local. “Foi um sucesso esses bolinhos. O pessoal começou a pedir. Daqui a pouco não era mais uma conveniência, era uma loja de bolo”. Foi quando ela abriu a Boleria Nordeste, localizada no bairro de Manaíra, no fim de 2021.

A loja, que conta com 30 sabores de bolo, está crescendo e a empresa abrirá mais uma unidade no Bairro dos Estados. Além disso, o negócio também vai se expandir para Recife, em Pernambuco.

Através deste link, acesse o Portal do Empreendedor do Governo Federal

O Sebrae Paraíba também oferece orientação gratuita para empreendedores que quiserem se formalizar, auxiliando, inclusive, na criação de planos de negócio, análise de oportunidade de negócio e gestão financeira. Os atendimentos gratuitos duram cerca de uma hora e é possível contratar a Consultoria Express para passar quatro horas com o consultor, que custa R$ 150.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 20 de julho de 2025.