A indústria de transformação da Paraíba cresceu 6,5% no ano de 2022, com um incremento de aproximadamente R$ 6 bilhões sobre o ano anterior. Conforme o relatório Cenário Econômico, elaborado pelo Banco do Brasil, o desempenho paraibano é o maior do Nordeste e o terceiro maior do país. A projeção do estudo para 2024 é que a indústria local, que tem seu dia comemorado hoje, 25 de maio, tenha o maior crescimento do Brasil, com índice de 3,9% sobre 2023.
De acordo com o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep), Rômulo Polari, o índice de crescimento da produção de riquezas do estado, no ano passado, foi mais de quatro vezes maior do que a média nacional (1,6%). Na média das regiões geográficas, o Centro-Oeste cresceu 7,3%, o Sudeste elevou 2,3% e o Nordeste, 1,5%. As regiões Sul e Norte registraram recuos de 0,6% e de 2,4%, respectivamente.
Rômulo Polari afirma que, nas projeções do Banco do Brasil, 2023 deve ser um ano um pouco difícil para a indústria brasileira. O setor deve crescer apenas 0,3% na média nacional, com reduções de 0,3% para as regiões Norte e Nordeste. Neste contexto, seis estados nordestinos devem registrar resultados negativos, com destaque para Pernambuco (-2,6%). Na Paraíba, a previsão é de desaceleração para 4,4%, caindo para a segunda posição regional, atrás do Piauí (5,4%) e mantendo a terceira nacional. Goiás deve crescer 5,1%. “Apenas 13 unidades federativas devem crescer neste ano”, destaca o gestor.
A projeção para 2024 é que a Paraíba tome a dianteira nacional, com crescimento de 3,9% no faturamento industrial. A expectativa para a média nacional é de 1%, com resultados positivos para todas as regiões, com exceção do Norte (-0,2%). O Nordeste também deve crescer acima da média do país, 1,3%. Apenas Alagoas, na região, deve ter resultado negativo (-0,3%).
De acordo com Rômulo Polari, o resultado obtido em 2022 e as projeções para este e o próximo ano são possíveis em decorrência do ambiente de negócios que a Paraíba tem construído nos últimos anos. A Paraíba conquistou, em 2023, pelo terceiro ano consecutivo, a classificação AA+ pela Standard & Poor’s Financial Services (S&P Global Services), uma das maiores agências de classificação de risco do mundo. O estado também conquistou a primeira colocação do Nordeste no ranking de competitividade, conforme o Centro de Liderança Pública.
“Investimentos e confiança andam lado a lado. Temos os indicadores econômicos de crescimento e a melhor avaliação de crédito e saúde fiscal, além da política de incentivos fiscais, geração de empregos, localização estratégica do estado e as potencialidades da Paraíba nos mais diversos segmentos, como de alimentação ou de energia renováveis. Todos estes fatores levam a Paraíba à condição de protagonismo”, comenta o gestor.
Perfil
Conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2021, a Paraíba tinha 6.552 empresas industriais. A maior parte, 74,8%, eram microempresas, com até nove funcionários, empregando 13,4% da massa trabalhadora do setor. No outro extremo, estavam as grandes empresas (0,9%), com mais de 250 colaboradores, que representavam 46,8% do emprego industrial. Em termos tributários, a indústria do estado pagou R$ 1,7 bilhão em Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços (ICMS), em 2022. O setor mais importante para as exportações industriais do estado é o de couros e calçados, responsável por 54,31% do total exportado em 2022.
Produção de riquezas do setor foi de R$ 25,1 bi
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), o faturamento da indústria de transformação da Paraíba representou, em 2022, 17% dos valores de todos os setores econômicos (R$ 146,9 bilhões). A produção de riquezas do setor industrial foi de R$ 25,1 bilhões. No acumulado dos últimos cinco anos (2018 a 2022), o crescimento industrial foi de 79,6%, atrás apenas da agropecuária (104,4%). O estudo da Cinep considera a construção civil como um setor autônomo, que registrou faturamento de R$ 41,5 bilhões, em 2022, com alta de 19,8% sobre 2021.
Na indústria de transformação, a indústria de alimentos foi a que mais faturou no ano passado, com a quantia de R$ 5,85 bilhões. O setor cresceu 24% sobre 2021 e aumentou sua receita em R$ 1,1 bilhão. Também são destaque a indústria de calçados (R$ 4,26 bilhões), com crescimento de 20,3%; a de minerais não-metálicos (R$ 3,65 bilhões), com alta de 24,1% e a de produtos têxteis (R$ 2,83 bilhões), que registrou leve recuo de 1,4%.
Mas o grande destaque do ano foi o setor de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, cujo faturamento alcançou o patamar de R$ 2,01 bilhões. O crescimento sobre 2021 chegou a 1.060,8%. Considerando que os dados de 2021 foram de R$ 173,1 milhões, houve um incremento de R$ 1,83 bilhão.
Rômulo Polari explica que o resultado está associado à implantação das empresas de energias renováveis na Paraíba. “São equipamentos adquiridos para que as usinas de energia solar e eólica funcionem. No ano passado, empresas de seis segmentos, que são alimentos, calçados, minerais não-metálicos, fabricação de plástico e borracha, combustíveis e maquinário foram responsáveis por 90% do incremento do faturamento da indústria, que corresponde ao valor de R$ 5,4 bilhões. Mas apenas o setor de energias renováveis concentrou 34% desse montante”.
O gestor da Cinep destaca que, nos últimos anos, muitas empresas de energias renováveis começaram a se instalar na Paraíba e há muitas por vir. “Por exemplo, o grupo Rio Alto tem 10 parques solares em Coremas e está montando um em Santa Luzia, que será o maior da Paraíba, com uma capacidade de geração de energia de 1.400 mega watts”.
Empregos
Estudo da Cinep com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) aponta que, em 2022, a indústria de transformação paraibana teve saldo de 3.657 novos empregos, aumentando o estoque total de trabalhadores do setor em 4,52%. A atividade emprega 84.621 trabalhadores.
Em comparação ao saldo de 2021 (3.358), houve crescimento de 8,90%, mas em relação a 2020 (496), o crescimento foi exponencial, da ordem de 638%, com 2022 superando 2020 em 7,3 vezes. O índice registrado no ano passado de 4,52% supera a média nordestina (4,49%) e a brasileira (3,11%). O setor da construção civil teve saldo de 2.632 empregos, em 2022, com crescimento de 7,30% da massa trabalhadora do setor, que é composta por 38.669 pessoas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de maio de 2023.