A indústria de biocombustíveis da Paraíba vem incentivando a utilização do e-metanol no transporte marítimo. A medida busca tornar o setor portuário mais sustentável, promovendo a descarbonização. O Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool-PB) projeta que a transição energética ocorra em até cinco anos no estado.
“Seria muito importante para a economia da Paraíba porque o estado teria o primeiro porto a oferecer esse biocombustível a grandes operadores, como a Maersk, empresa holandesa que opera no mundo inteiro. Estamos caminhando para a descarbonização, o que é importantíssimo para a sustentabilidade. Para os portos é garantia de uma melhor qualidade do ar para toda a cidade que está no entorno”, explicou o presidente-executivo do Sindalcool-PB, Edmundo Barbosa.
Produção do biocombustível ainda está em fase de desenvolvimento no estado, mas Sindalcool projeta que a transição ocorra em até cinco anos
O e-metanol, derivado de fontes de energia renovável, como solar ou eólica, é produzido através de processos de eletrólise, convertendo água em hidrogênio e dióxido de carbono em metanol. Edmundo Barbosa enfatizou que há viabilidade econômica dessa produção na Paraíba aproveitando o CO2 através de reações catalíticas.
“É uma forma de aproveitar a energia eólica, solar e o etanol na produção desse biocombustível, que é também um álcool e que a indústria naval vem apontando como a melhor opção para substituir os antigos combustíveis fosseis, que tem carga de enxofre muito pesada, se tornando ainda mais mais nocivos para a saúde humana. Hoje é uma necessidade no mundo inteiro e a Companhia Docas poderá oferecer no futuro essa opção para os navios”, acrescentou Barbosa.
A produção do biocombustível no estado ainda está em fase de desenvolvimento, mas a expectativa é de que os navios, que esperam até duas horas para abastecer no Porto de Suape, em Pernambuco, sejam direcionados para a Paraíba. Edmundo Barbosa ressaltou ainda que a conversão dos motores dos navios ocorre de forma acelerada, levando em consideração que a utilização do e-metanol proporciona economia e evita multas por poluição.
Parceria
A pretensão é integrar o Porto de Cabedelo à Aliança para Descarbonização de Portos Brasileiros. O presidente da Companhia Docas, Ricardo Barbosa, participará ainda neste mês de um curso em Valência, na Espanha, voltado para a descarbonização dos portos.
“Essa iniciativa de produção do e-metanol é, atualmente, prioridade no mundo dos transportes marítimos. A substituição do óleo pesado e do diesel pelo e-metanol já é uma realidade. A empresa Maersk de navegação encomendou 100 navios que deverão operar com esse novo biocombustível que utiliza o CO2 biogênico (da fermentação na produção de etanol) e o hidrogênio verde, que pode ser originado através da reforma química do etanol ou da eletrólise”, afirmou o presidente-executivo do Sindalcool-PB.
A Aliança para Descarbonização de Portos Brasileiros é um fórum colaborativo que reúne portos, terminais privados, órgãos públicos, empresas, academias e associações do setor, com o objetivo de acelerar a descarbonização do transporte marítimo no Brasil. Com 49 interessados de 32 organizações e empresas, a aliança define-se como um espaço democrático para a troca de experiências e informações, sem fins comerciais ou taxas de adesão.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de fevereiro de 2024.