O sonho da casa própria não morreu entre os jovens, de acordo com pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica, no final de 2023, que apontou que pessoas de 21 a 26 anos são o grupo com maior interesse em comprar um imóvel. Nesta faixa etária, 46% dos entrevistados tinham intenção de adquirir uma casa ou apartamento nos próximos dois anos. Os principais motivos eram parar de pagar aluguel, sair da casa dos pais ou casamento.
Este último é o caso do professor Danrley Carvalho, de 24 anos, que adquiriu seu primeiro apartamento, em João Pessoa, junto com a noiva. Ele contou que não viu sentido em alugar um imóvel, porque percebeu que o valor do aluguel seria muito semelhante ao das prestações do financiamento. “Era basicamente o mesmo valor, ou uma diferença pequena, não valeria a pena”, afirmou.
Danrley fez a compra por meio do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e contou que teve a ajuda de um corretor de imóveis para reunir os documentos necessários e descobrir a forma de financiamento mais vantajosa. Para ele, muitas pessoas ficam pagando aluguel por achar que não conseguiriam comprar um imóvel, ou até mesmo não considerar um negócio vantajoso. “Tem gente que não se importa tanto, ou acha que vai se mudar logo, então não vale a pena investir ali, mas para o pobre é sempre melhor comprar”, avaliou.
“Muita gente fala que é melhor pegar o dinheiro e investir, mas a gente não tem uma educação financeira, a maioria das pessoas não tem, e pode acabar perdendo esse dinheiro. É melhor comprar seu imóvel e depois, se você não quiser mais morar ali, pode vender por um preço maior, ou pode alugar e ter uma fonte de renda”, completou.
Bem localizado
Ele explicou que o principal critério na escolha do apartamento foi a localização. Por dependerem de transporte público, tanto ele quanto a noiva queriam morar perto dos seus locais de trabalho. “Tudo depende de onde você quer morar e quanto pode gastar. Em bairros como Valentina e algumas áreas de Mangabeira é mais barato, mas ficava longe do trabalho pra gente”, explicou.
Vendas aumentam e faturamento cresce 73%
O diretor comercial da construtora MRV no Nordeste, Alessandro Almeida, afirmou que a construtora teve um crescimento de 17% em volume de vendas, e de 73% em faturamento, na Paraíba em 2023, na comparação com o ano anterior. Foram 404 imóveis vendidos pela construtora no ano passado e a perspectiva é de crescimento este ano. “Temos um déficit habitacional gigantesco”, comentou.
Segundo Alessandro, a maior parte dos clientes da construtora são pessoas entre 25 e 40 anos, em busca de sua primeira moradia própria. “São aquelas pessoas que estão saindo da casa dos pais pela primeira vez, ou vão se casar”, disse. Por esse motivo, os apartamentos de dois quartos continuam sendo os mais procurados. “Geralmente fica um quarto para o casal e no outro se faz um escritório, ou fica para um filho no futuro”.
Alessandro Almeida acredita que a pandemia fez com que as pessoas reavaliassem o valor do lar, já que foram obrigadas a permanecer em casa durante muito tempo. Além disso, a facilidade na hora de comprar um imóvel também ajuda na decisão. “Aqui na Paraíba, 50% das nossas vendas são feitas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, os outros 50% ocorrem com outras formas de financiamento, seja de bancos ou da própria construtora”, explicou.
Para ele, as novas regras do MCMV, anunciadas pelo Governo Federal em meados de 2023, devem ajudar a impulsionar as vendas, assim como a queda dos juros. O MCMV agora tem um subsídio maior, juros mais baixos e também aumentou o valor máximo do imóvel que pode ser adquirido.
O diretor comercial revelou ainda que pessoas de outros estados têm procurado cada vez mais imóveis na Paraíba, seja para morar, veranear, ou apenas investir. “Temos mais de 400 unidades em Cabedelo. Eu diria que 90% delas são usadas como segunda moradia, ou investimento, para alugar por temporada”, disse.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de abril de 2024.