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Black Friday

Lojas preparam promoções e consumidor vigia preços

publicado: 30/10/2023 13h38, última modificação: 30/10/2023 13h38
Data é aguardada pelo comércio, que projeta alta do faturamento em 17%
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Pesquisa realizada pelo Google mostrou que 25% dos consumidores devem gastar mais de R$ 1 mil na aquisição de produtos na data - Foto: Agência Brasil

por Thadeu Rodrigues*

A Black Friday vai acontecer no dia 24 de novembro, mas os consumidores já estão pesquisando preços para averiguar se as lojas vão realmente conceder os descontos anunciados. Pesquisa do Google aponta que as buscas pela data no Brasil cresceram 24%, em comparação ao período do ano anterior. A projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) é de um faturamento de R$ 7,1 bilhões, no e-commerce, com um aumento de 17% sobre 2022.

O estudo revela que 91% dos brasileiros vão usar canais on-line para pesquisar os preços dos produtos de seu interesse. A servidora pública Landaci Silva está pesquisando o preço de smartphone e de geladeira tanto nas lojas do comércio físico, quanto no eletrônico. “Preciso comprar os dois produtos, mas vou esperar um pouco mais para obter algum desconto com a Black Friday. Eu faço esse monitoramento para comprovar se as ofertas realmente valerão a pena”. Ela acredita que o consumo deve superar a marca de R$ 6 mil.

O servidor público Túlio Melo normalmente espera para comprar algo que necessita, mas geralmente se frustra com os índices de descontos. “Eu pesquiso nas semanas prévias, mas vejo pouca diferença nos preços”. Já o microempresário Alysson Tomaz aguarda para comprar cosméticos de marcas internacionais por preços menores. “Eu compro ocasionalmente, independente da Black Friday, mas se os valores caem, é melhor”.

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL-JP), Nivaldo Vilar, as ofertas no comércio físico podem surgir já no começo do mês de novembro. “Embora a data promocional seja na última sexta-feira do mês, o brasileiro gosta de antecipar as coisas”, afirma.

Por causa da força do evento no calendário do varejo brasileiro, Nivaldo Vilar estima um esfriamento das vendas na primeira quinzena do mês. “Muita gente vai esperar para comprar o que necessita na Black Friday. Justamente por isso, pode ser que alguns lojistas antecipem promoções”.

O microempresário Alyson Lima, proprietário da Nova Cell, em Patos, já está com sua campanha de Black Friday pronta. “Iremos lançar na primeira semana de novembro a proposta de nossa campanha e depois os clientes irão ter acesso aos descontos e conhecer os produtos em promoções. Essa expectativa contribui para o aquecimento das vendas, sendo uma estratégia que adotamos para tornar a loja mais conhecida, manter a cartela de clientes e fidelizar os que irão chegar”.

67% pretendem comprar

Pesquisa do Google aponta que 67% dos brasileiros pretendem fazer compras no período, e 25% deles devem gastar mais de R$ 1 mil com a aquisição dos produtos. Segundo o estudo, 70% dos consumidores esperam gastar igual ou mais do que no ano anterior.

De acordo com a ABComm, os segmentos mais procurados pelos consumidores são os de eletrônicos, eletrodomésticos e moda. Também é destaque o de perfumaria, cosméticos e beleza. “Apostar nesses segmentos para composição de um mix de produtos pode ser uma boa alternativa. Estamos próximos do verão e das férias, e vale a pena investir em itens voltados à proteção solar e aos cuidados com a pele”, ressalta Mauricio Salvador, presidente da ABComm.

Compras prometem movimentar e-commerce

O consumo dos brasileiros pode movimentar o e-commerce de outros países. Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, aponta o crescimento da preferência dos consumidores brasileiros pelas plataformas de vendas estrangeiras.

A pesquisa indica que 74% dos entrevistados afirmaram comprar em lojas on-line de varejistas internacionais. Como a pesquisa permitia mais de uma resposta, 71% responderam comprar em sites de varejistas nacionais. Entre os participantes, 76% dos consumidores realizaram compras pela internet nos últimos 12 meses. A estimativa é de que 117,25 milhões de pessoas compraram pela nessa modalidade pelo menos uma vez nos últimos 12 meses.

Faturamento ampliado

A Black Friday e, em seguida, o Natal, são duas das principais datas para o varejo, com oportunidades de aumento do faturamento. Mas para conseguir um bom desempenho, é preciso que os lojistas planejem a gestão do empreendimento, considerando o perfil do cliente, o estoque disponível, os preços promocionais e os meios de pagamento, aponta o Serviço Brasileiro de Apoio aos Micro e Pequenos Negócios na Paraíba (Sebrae-PB).

“Essas datas alimentam uma alta expectativa do setor de comércio e serviços, que enxerga uma real possibilidade de elevar os resultados do negócio nesse período final do ano. No entanto, assim como em outras ações, é preciso que o empreendedor adote algumas cautelas para alcançar o desempenho esperado”, afirma o gerente da agência regional do Sebrae-PB em Sousa, Thiago Lucena.

A orientação do Sebrae é que a empresa tenha claro o quanto precisará investir nas campanhas, dimensionando, por exemplo, quanto aportará para a compra de estoque, divulgação e decoração de lojas físicas, entre outros aspectos. Conhecer o perfil do cliente permitirá a execução de estratégias compatíveis com as expectativas e necessidades.

Quanto ao estoque, é preciso avaliar a disponibilidade e a capacidade de atendimento para não frustrar o consumidor, em caso de aumento de demanda. O Sebrae também indica a montagem de combos e pacotes promocionais para atrair os clientes, e até conceder descontos exclusivos aos mais antigos. Para finalizar a venda, é necessário ofertar uma diversidade de métodos de pagamento e condições de parcelamento.

Risco de fraudes

Com o alto número de operações, as tentativas de fraudes também podem ser majoradas. Conforme o Relatório Varejo 2023, no Brasil, as tentativas de fraude de pagamento cresceram 36% no ano passado, o que acarretou em ataques cibernéticos ou no vazamento de dados dos consumidores. As perdas com transações fraudulentas e estornos cresceram 51%.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 29 de outubro de 2023.