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Mais de 60% vivem com até um salário mínimo na PB

publicado: 22/08/2025 08h41, última modificação: 22/08/2025 08h41
Cerca de 71% das proprietárias de empresas não contribuem com a previdência
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Quase metade (47,91%) das donas de negócios, no estado, atuam no setor de serviços | Foto: Divulgação/Pauta Comunicação

Na Paraíba, 61,86% das mulheres empreendedoras sobrevivem com renda de até um salário mínimo. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e revela o cenário de vulnerabilidade econômica enfrentado por mulheres que buscam consolidar um negócio no estado. A baixa renda é apontada como um dos principais obstáculos na hora de obter crédito junto a instituições financeiras.

Ainda segundo o levantamento, 32,73% das empresas no estado têm mulheres como donas, o que representa cerca de 156,57 mil empreendedoras. Entre elas, quase metade (47,91%) está no setor de serviços, área mais afetada por oscilações de consumo. Outro dado que acende alerta é o fato de 71,36% não contribuírem para a previdência, o que amplia a exposição à instabilidade econômica.

“Os números mostram que boa parte das empreendedoras ainda enfrenta barreiras que vão além da gestão do próprio negócio. São obstáculos estruturais, ligados ao acesso a crédito e à falta de políticas específicas para quem tem renda mais baixa. É justamente esse debate que queremos aprofundar no painel”, afirma Joana Macêdo, assessora de Desenvolvimento do Cooperativismo na Central Sicredi Nordeste.

No cenário nacional, os desafios repetem-se. Segundo dados do Banco Central, apenas 34% do crédito formal é concedido a mulheres. Um levantamento da Febraban aponta que, em média, os valores liberados a elas são menores do que os destinados a homens, mesmo em condições semelhantes de negócio. Já um estudo da Serasa Experian indica que as mulheres apresentam taxas de inadimplência mais baixas, mas ainda enfrentam juros mais altos e maior dificuldade de renegociação — revelando um viés de desigualdade de gênero na concessão de crédito.

Crédito

O setor cooperativista vem ampliando iniciativas voltadas ao empreendedorismo feminino, com foco em crédito, capacitação e programas de apoio à liderança. O Sicredi, por exemplo, destinou mais de R$ 14 bilhões em crédito para empresas lideradas por mulheres em 2024, ao mesmo tempo em que investe em cursos de formação e em comitês voltados à equidade de gênero.

“O cooperativismo de crédito se diferencia por aliar produtos financeiros a uma proposta de impacto social. Esse modelo fortalece o acesso das mulheres a soluções financeiras sustentáveis, promovendo maior inclusão produtiva e contribuindo para a redução das desigualdades no mercado de trabalho”, argumenta Joana Macêdo.

Evento em CG

Durante a Feira do Empreendedor do Sebrae, o tema será debatido no painel “Financiando sonhos, impulsionando negócios: o papel do crédito na jornada da mulher empresária”. O encontro acontece amanhã, às 15h30, no Centro de Convenções de Campina Grande, reunindo representantes de instituições financeiras que atuam no fomento ao empreendedorismo feminino, como Lorena Barbery, assessora de Desenvolvimento do Cooperativismo da Sicredi Evolução.

A proposta é refletir sobre os entraves enfrentados pelas mulheres para acessar crédito, os avanços em soluções financeiras inclusivas e o papel das cooperativas de crédito na transformação da realidade econômica feminina.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de agosto de 2025.