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em 2024

Paraíba produziu mais de 8 mil toneladas de camarão

publicado: 13/10/2025 09h06, última modificação: 13/10/2025 09h06
Carcinicultura do estado manteve-se em terceiro lugar no país, aponta IBGE
Crédito Fazenda Mirim 4.jpeg

Setor é responsável por cerca de três mil empregos diretos e indiretos no estado, segundo a ACP | Fotos: Divulgação/Fazenda Mirim

por Pedro Alves*

A última pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmou que a Paraíba segue em uma tendência de consolidação na relevância para o país na carcinicultura. O estado ocupa, desde 2019, o terceiro lugar no Brasil na quantidade de produção de camarão. Analisados os dados de 2024, a Paraíba alcançou um montante de 8,9 mil toneladas de produção, gerando R$ 183,3 milhões em valor de produção.

O estado superou Pernambuco (6,6 mil toneladas), Bahia (4,8 mil toneladas), Piauí (4,3 mil toneladas) e Sergipe (4,2 mil toneladas). O levantamento, aliás, mostra como o Nordeste domina de maneira soberana o mercado de criação de camarões no país, com os três estados líderes, Ceará (83,8 mil toneladas), Rio Grande do Norte (31,6 mil toneladas) e a Paraíba (8,9 mil toneladas) somando 84% da carcinicultura no Brasil.

Criação gerou mais de R$ 183 milhões, no ano passado

A produção de camarão no estado segue uma trajetória constante de evolução. Em 2013, o primeiro ano da série histórica da pesquisa do IBGE, a produção era de 864 toneladas. Já em 2019, ultrapassava 4,3 mil toneladas. Contando de 2014 para 2024, o crescimento foi superior a 10 vezes.

De 2019 a 2021, o salto foi consideravelmente expressivo. O criação de camarões nesse ciclo de tempo praticamente dobrou, fazendo com que a cultura ultrapassasse a de produção de peixe no estado, assumindo a liderança econômica da aquicultura a partir dali. Realidade que vem permanecendo e que ganha novos horizontes e metas.

De acordo com a estimativa da Associação dos Carcinicultores da Paraíba (ACP), o setor vem gerando cerca de três mil empregos diretos e indiretos. Para o presidente da ACP, André Jansen, o estado segue a passos largos para conquistar ainda mais relevância nacional no setor.

“Hoje, a criação de camarão na Paraíba é uma realidade, seguimos colados no Rio Grande do Norte, com uma produção estimada de 18 a 20 mil toneladas para o ano de 2025. Temos a maior produtividade média por hectare/ano, que ultrapassa a média nacional que é de sete toneladas. Na Paraíba temos uma produtividade de 15 a 20 toneladas por hectare/ano”, avaliou.

André destaca ainda o Vale do Paraíba, região que engloba Itabaiana e cidades vizinhas, e o Vale de Mamanguape, no Litoral Norte, como expoentes importantes da carcinicultura. “Aquela realidade de 900 toneladas já ficou para trás desde 2015, quando outros polos de produção surgiram como o Vale do Paraíba e o Vale do Mamanguape. Além disso, tivemos a recuperação dos produtores em água salgada e a modernização das fazendas”, comentou.

Pecuaristas migram para aquicultura

Um movimento interessante dentro da economia paraibana, sobretudo no interior, também responde pela consolidação do estado como terceiro maior produtor de camarão de todo o país. É que alguns pequenos empresários acabam por trocar a pecuária pela aquicultura.

É o que revela Alberto Magno, produtor da Fazenda Mirim, localizada em Salgado de São Félix, e referência na produção de camarão. A fazenda emprega 12 pessoas e é um dos importantes pontos da carcinicultura da Paraíba.

“Muitas famílias estão trocando a pecuária e a criação de pequenos animais para ter pequenos viveiros em suas propriedades usando as águas do Rio Paraíba. E, hoje, o que vemos no interior do nosso estado é o camarão ganhando mercado e indo para o Sul e Sudeste do país”, conta Alberto.

Fruto do mar está no cardápio da merenda escolar de escolas públicas

Umas das consequências da força da produção de camarões na Paraíba é que a iguaria passou a ser uma constante na alimentação dos paraibanos. Além dos diversos restaurantes que levam o nome do animal e que se especializaram em pratos com o ingrediente, notadamente, em sua maioria, localizados em João Pessoa e em outras cidades do Litoral, alguns municípios passaram a colocar o camarão na merenda escolar.

No interior, por exemplo, Itabaiana e Salgado de São Félix, que ficam a 89 km e 81 km da capital, respectivamente, oferecem camarões em algumas de suas escolas públicas. As duas cidades possuem produtores da carcinicultura.

Ou seja, a produção é feita nos municípios e é consumida pela população também, girando a roda da economia localmente e criando uma nova forma de consumo interno, fomentando ainda mais o setor. O presidente da ACP, André Jansen, revela que torce para que o exemplo das duas cidades possa influenciar outras da Paraíba.

“Tomara que a Paraíba siga o exemplo de Sergipe, que oferece o camarão na merenda em 100% do estado, proporcionando assim uma proteína rica e nobre aos alunos da rede pública”, explicou André.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de Outubro de 2025.