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Paraíba vive tendência de minimercados em prédios

publicado: 10/06/2024 09h14, última modificação: 10/06/2024 09h14
Lojinhas em condomínios prometem resolver necessidades emergenciais

por Bárbara Wanderley*

Quem nunca se deu conta da falta de um ingrediente bem na hora de fazer o jantar? Ou percebeu que o papel higiênico acabou antes do esperado ou mesmo que esqueceu de comprar algo, mesmo tendo acabado de chegar do supermercado? Os mercadinhos de autoatendimento em condomínios chegaram com a proposta de resolver essas necessidades emergenciais dos moradores, que já se renderam à praticidade e comodidade oferecidas por esse novo modelo de negócio. 

Ideia de instalar as lojas HappyDo em condomínios surgiu durante a pandemia do Covid-19 | Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal

“É uma tendência, acho que irreversível, principalmente à medida que os condomínios forem aumentando de tamanho, onde existe o conceito clube ou conceito resort, em que você tem uma gama enorme de itens de lazer e de conforto, é mais um facilitador. Até os condomínios que foram entregues há mais tempo estão se adaptando”, afirmou o presidente do Sindicato de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais da Paraíba (Secovi-PB), Érico Feitosa.

A professora Ana de Barros acabou se convencendo da praticidade do mercadinho instalado no condomínio onde mora. “A princípio eu tive um pouco de resistência porque imaginei não ser vantajoso perdermos uma área comum do prédio para um espaço comercial, mas em pouco tempo eu vi os benefícios de ter todos os produtos de alimentação, limpeza e higiene bem acessíveis aqui no prédio”, contou.

“Eu não faço a minha feira completa no mercado do prédio, mas uso com frequência, quando percebo que está faltando algo. E o mais interessante é que os valores são muito próximos do que a gente encontra no supermercado”, completou a professora.

O empresário André Leal, sócio-proprietário dos mercados HappyDo, destacou que esse tipo de loja realmente não tem intenção de substituir os supermercados. “Não é para fazer a feira do mês, mas sim comprar um item que esteja faltando, um imprevisto. Apesar de que temos clientes que consomem bastante e fazem quase a feira completa”, explicou.

Negócio de autoatendimento depende da confiança

“Começamos a empresa há 10 anos, com vending machines, que são aquelas máquinas em que você coloca o dinheiro e escolhe o item, geralmente uma água, um refrigerante”, lembrou André Leal. Só que as máquinas possuem algumas limitações e a empresa não conseguia disponibilizar todos os itens pedidos pelos clientes e foi aí que a ideia dos mercadinhos foi ganhando forma. “Mas ainda não tínhamos a tecnologia”, disse.

"Não é para fazer a feira do mês, apenas comprar um item que esteja faltando. Mas  temos clientes que consomem bastante"
- André Leal

Com a pandemia, ele contou que viu seu faturamento despencar e resolveu tirar a ideia dos mercadinhos inteligentes do papel. Ele conseguiu a tecnologia adequada para o projeto e abriu o primeiro HappyDo em maio de 2020. Hoje, já são 52 unidades espalhadas por João Pessoa, sendo duas dentro de empresas e o restante em condomínios residenciais.

Nos mercadinhos, é possível encontrar todos os itens básicos de alimentação (inclusive congelados), higiene e limpeza. “Só não temos hortifruti e padaria fresca”, esclareceu André. As lojas são de autoatendimento, ou seja, o próprio cliente escolhe e paga as suas compras sozinho, não há funcionários.

O empresário destacou que é um relacionamento baseado em confiança. “Não tem ninguém para verificar se o cliente realmente pagou o que ele comprou, mas é claro que temos alguns mecanismos de segurança, até porque é um ambiente controlado dentro de uma empresa ou condomínio”, disse. “A boa notícia é que a maioria das pessoas é honesta, já tivemos alguns problemas com furtos, mas é uma quantidade muito pequena”.

Quem pode ter

André Leal explicou que para comportar um marcadinho inteligente é necessária uma área a partir de 9 m². “Mas temos loja até de 20 m²”, comentou. Ele também disse que o negócio só é viável em condomínios que possuam a partir de 60 unidades residenciais, já que condomínios menores não teriam clientes suficientes.

Já Érico Feitosa ressaltou que para a instalação de um ponto comercial em um condomínio é necessário que haja previsão legal na convenção. Caso contrário, tem que ser convocada uma assembleia extraordinária, onde o tema será posto em votação.  “É um caminho sem volta, porém, tem que analisar cada caso, a tipificação dos condomínios, principalmente os mais antigos, tem que ver se tem área destinada”, disse.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 09 de junho de 2024.