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SEM FRONTEIRAS

PB investe R$ 3 mi em intercâmbios

publicado: 19/08/2024 10h32, última modificação: 19/08/2024 10h33
Cooperação internacional descentralizada foca no desenvolvimento científico e tecnológico de instituições do estado
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Estudantes selecionados receberão apoio financeiro para instalação, deslocamento, seguro-saúde e material didático | Fotos: Ravi Pachêco/Secties

por Ascom Secties*

O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB), abriu as fronteiras brasileiras para estudantes paraibanos ampliarem conhecimentos em países da Europa, da Oceania e das Américas. No próximo mês, 46 universitários de instituições de Ensino Superior embarcarão para diversos países para um período de dois a seis meses no exterior em um intercâmbio de pesquisa. Isso se tornou possível graças ao programa Paraíba sem Fronteiras, por meio do qual o governo paraibano investiu aproximadamente R$ 3,1 milhões.

O Paraíba sem Fronteiras promove a cooperação internacional descentralizada, a formação qualificada e estratégica, além do desenvolvimento científico e tecnológico nas instituições de Ensino Superior, instituições de educação profissional e tecnológica, centros de pesquisa e empreendimentos de excelência sediados na Paraíba. Seis instituições se vincularam ao programa: Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) e Faculdade de Medicina (Facene/Famene).

Os estudantes foram selecionados por três editais, executados em parceria com a Fapesq-PB, nas modalidades de graduação, mestrado sanduíche e doutorado sanduíche. Os editais contemplam áreas de pesquisa como as Ciências Biológicas, incluindo a Biotecnologia, Ecologia, Tecnologia da Informação, Engenharias, passando pelas humanidades, como Ciências Contábeis ou Educação. Eles estudarão em instituições renomadas na Espanha, Reino Unido, Portugal, Argentina, Estados Unidos, Finlândia, Suíça, Canadá, França e Itália. Para isso, receberão apoio financeiro para auxílio instalação, auxílio deslocamento e outros auxílios, como seguro-saúde, material didático e serviços consulares.

Durante uma solenidade antecedente ao embarque dos bolsistas, realizada na última terça-feira (13), o secretário Claudio Furtado, ressaltou que esses alunos vão desenvolver pesquisas em determinadas áreas consideradas prioritárias pelo Governo da Paraíba. O gestor enfatizou os esforços do governador João Azevêdo para concretizar investimentos em Ciência e Tecnologia, infraestrutura de pesquisa e na pesquisa em si. “A Fapesq já ultrapassou o CNPq em investimento em bolsas de pesquisa na Paraíba. O aporte para bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado pelo governo do Estado da Paraíba já corresponde a 27% do total investido em bolsas por programas federais”, informou.

Claudio prosseguiu afirmando que, ao desenvolver o Paraíba sem Fronteira, o governador  pensa, cada vez mais, em fazer com que os programas de pós-graduação em universidades paraibanas sejam mais competitivos em nível internacional. “Iniciando na graduação, seguindo para a pesquisa em nível de mestrado, o estudante já inicia a internacionalização com a presença em um laboratório, ou em algum grupo de pesquisa no exterior, frutificando, mais à frente, no estágio pós-doutoral trazendo fortalecimento para as nossas pós-graduações”, explicou.

O Paraíba sem Fronteiras também inclui a vinda de pesquisadores estrangeiros para a Paraíba, com o objetivo de compartilhar suas experiências. Esse edital será lançado em breve.

Além do perímetro acadêmico, o programa também foca na inovação tecnológica a partir da qualificação de empresas do estado. O secretário anunciou que, em breve, o governador lançará o Projeto de Qualificação para Exportação (QualiExporta - PBsF), voltado para a melhoria da competitividade das exportações. 

Parcerias

O presidente da Fapesq, Rangel Júnior, destacou que as ações humanas são, acima de tudo, políticas — decisões embasadas em visões fundamentadas em uma forma de olhar para o mundo, para as pessoas, para a sociedade e para a gestão pública. Sobre o programa de intercâmbio, Rangel disse: “Esse é o resultado desta visão de mundo que acredita que é possível investir mais nas pessoas para que elas tenham melhores experiências e que possam mudar suas vidas e que ajudem a melhorar o mundo ao seu redor”. E complementou, dirigindo-se aos selecionados: “Não se enganem. Vocês estão levando muita coisa na bagagem e é preciso compreender que nós somos importantes, nós somos grandes como cidadãos e como povo que tem muito a ensinar. Que essas trocas são de aprendizado técnico, profissional, mas são também culturais e afetivas”.

Dentre os parceiros do programa, a UEPB tem se engajado junto à Secties. Para a vice-reitora da instituição, Ivonildes Fonseca, iniciativas como o Paraíba sem Fronteiras possibilitam aos estudantes uma oportunidade de dimensão incalculável, pois eles poderão interagir com pessoas de diversas partes do mundo e trocar experiências. Como fruto disso, ganha o aluno, a instituição e o estado da Paraíba. “Certamente, ao retornarem, eles trarão elementos fundamentais para a Paraíba buscar um aperfeiçoamento desse caminho de desenvolvimento que envolve pessoas. Isso é a concretização de passos para uma sociedade mais justa”, resumiu.

Estudantes desejam retornar como agentes de mudança

Os estudantes terão uma oportunidade ímpar em suas carreiras acadêmicas a partir do programa Paraíba sem Fronteiras. A internacionalização do currículo é um diferencial que pode ser determinante na continuidade das pesquisas. E, para além disso, também é uma experiência transformadora e enriquecedora para a vida profissional e pessoal, ampliando a visão de mundo de cada um deles.

Durante a solenidade de pré-embarque, a estudante de Psicologia da UFPB Talita Alcântara fez um pronunciamento em nome dos bolsistas. Em seu discurso, ela mencionou o “compromisso de contribuir para o conhecimento e fortalecimento da comunidade trazendo de volta o que aprendemos”. Talita acredita que os estudantes são futuros líderes inovadores e agentes de mudança. E essa transformação, no campo profissional principalmente só será possível a partir da combinação entre o conhecimento, proporcionado pela internacionalização, aliado ao trabalho, já desenvolvido nos cursos de cada um dos alunos e de seus respectivos objetivos.

Samuel Merson, estudante de Sistemas para Internet no IFPB, em João Pessoa, quer seguir carreira acadêmica, mesmo que seu curso seja mais voltado para o mercado e, para isso, acredita na importância que o intercâmbio terá para a sua bagagem. “Ter essa oportunidade de intercâmbio, e as cadeiras que eu vou cursar, é internacionalizar o meu currículo. Isso tem muito valor. Tenho a expectativa de sair da caixinha e de saber como a pesquisa de alto nível é realizada fora do Brasil”. Ele passou em primeiro lugar no edital, dentro do seu curso, e vai para a Universidade de Mondragón, na Espanha.

Como exemplo de pesquisas que serão levadas para o exterior, a doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos na UFPB Viviane Fontes, levará o mel do Sertão da Paraíba para a Universidade de Lérida, na Catalunha, também na Espanha. “Eu estudo a bioatividade de méis das cooperativas do Semiárido da Paraíba. Tenho o objetivo de avaliar os compostos bioativos dos méis”, explicou. “O mel é conhecido como anti-inflamatório, antibacteriano e são compostos que delegam essas propriedades bioativas. Na UFPB, não temos equipamentos para identificar esses compostos e, a partir dessa parceria, esperamos identificá-los”, completou.

Na área das Ciências Humanas, o mestrando do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (PPGPS/UEPB) Matheus Castelliano fará o Mestrado Sanduíche com a proposta de investigar as “Articulações entre Paraíba e Córdoba: histórias de vida de dirigentes sindicais e sua atuação frente ao trabalho doméstico remunerado”.

Na área financeira, Diego Siqueira, doutorando em Ciências Contábeis pela UFPB, segue para estudar no Instituto Politécnico de Santarém, em Portugal. Na linha de pesquisa em Contabilidade e Finanças, ele pretende analisar fatores motivacionais e de personalidade que influenciam investidores na tolerância ao risco. “Vou pegar a perspectiva de outro país e a nacional para confrontar esses dados”, finalizou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de agosto de 2024.