Inaugurado em 23 de janeiro de 1935, o Porto de Cabedelo completa 90 anos amanhã. A data é comemorada em meio a expansão do local, que comemora seu melhor momento, segundo a Companhia Docas da Paraíba (Docas-PB), que administra o espaço. No ano passado, o balanço operacional fechou com mais um recorde, foram cerca de 1,5 milhão de toneladas movimentadas ao longo dos 12 meses, superando o ano de 2023, que registrou cerca de 1,3 milhão de toneladas, o que já havia sido um avanço em relação a 2022. Os dados mostram que o Porto de Cabedelo cresce a cada ano, e vem se consolidando como uma rota global de excelência.
Embarcações de todos os continentes e de várias localidades, incluindo África, Antuérpia, Argentina, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Rússia, Suécia, Uruguai e Venezuela, estiveram presentes no porto ao longo de 2024, fortalecendo cada vez mais a sua posição estratégica no cenário internacional. Para este ano, está prevista a conclusão das obras de requalificação do porto, que devem ser entregues em março, visando aumentar a capacidade operacional e a infraestrutura, proporcionando melhores serviços e oportunidades para o comércio marítimo, contribuindo para impulsionar o desenvolvimento econômico da região.
Entre as obras em andamento, estão a drenagem, pavimentação, acessibilidade, construção de pátio de contêineres, reforma do auditório, sede administrativa e o espaço do Porto Cidade, programa que tem como foco o desenvolvimento social da região. Além disso, outras ações já foram entregues, como o Truck Center — centro de apoio logístico para organizar o fluxo e estacionamento de veículos, dragagem do canal de acesso e bacia de evolução; e a reforma e modernização dos armazéns, que haviam sido anteriormente interditados por determinação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A gente está falando de um investimento superior a R$ 300 milhões por parte do Governo do Estado na Companhia Docas -- Ricardo Barbosa
O presidente da Companhia Docas da Paraíba, Ricardo Barbosa, enfatiza que o porto vive o seu melhor momento. “Até a inauguração, em março, das reformas que estão sendo feitas, incluindo a dragagem, concluída o ano passado, a gente está falando de um investimento superior a R$ 300 milhões por parte do Governo do Estado”. Ele destaca ainda que novos investimentos foram recentemente anunciados, no programa “Paraíba 2025-2026”. Com isso, mais R$ 126 milhões serão aplicados no Porto de Cabedelo, com a ampliação do dique e a aquisição e instalação de equipamentos para movimentação de contêineres.
Companhia Docas garante arrecadação
Segundo a gerente de comércio exterior da Docas-PB, Ana Luiza Gomes, o Porto representa hoje um vetor econômico essencial para a Paraíba, e também para o município de Cabedelo. “Quando você vai ver a arrecadação dos municípios, Cabedelo só perde para João Pessoa e Campina Grande, e em alguns anos passou até mesmo Campina Grande, e boa parte disso se dá pelo porto”, afirma. Ela destaca ainda que, com as adequações que buscam ampliar a capacidade operacional, novas empresas devem ser atraídas.
“A gente tem uma demanda latente na Paraíba, de diversos produtos que entram e que saem, e que hoje escoam por outros portos do Nordeste, ou por via rodoviária, mas que podiam escoar por aqui. Temos grandes empresas de cimenteira; hoje, a Paraíba é referência nesse setor, mas tem também as empresas de frutas. Nossa intenção é atrair essas empresas, diminuindo custos logísticos e, consequentemente, também movimentar mais a economia local e diminuir o preço para o consumidor final”, explica.
O presidente da Docas também afirma que as operações do porto vêm fortalecendo a geração de emprego no município de Cabedelo e, desse modo, impactando na geração de renda. “Hoje os trabalhadores portuários avulsos recebem mensalmente muito mais do que no passado recente e tudo isso ainda é pequeno diante do cenário que se avizinha”, prevê Ricardo Barbosa.
Superação de dificuldades e novos projetos até 2026
Barbosa conta que assumiu a presidência da Companhia Docas há pouco menos de dois anos, encontrando dificuldades e problemas no local, como a área de armazenagem do porto interditada pelo MTE. “Após as obras, em fevereiro do ano passado, todos os armazéns foram liberados e estão em pleno funcionamento. Faltava a parte de infraestrutura também, o que foi cuidado a partir da elaboração de projetos e execução das obras, que estão sendo concluídas até março”, garante.
Ele ainda diz que, outro ponto que se destaca são as ações ambientais, com foco na sustentabilidade. “Nós somos o porto, no Nordeste seguramente, talvez até no Brasil, que mais investiu recursos em ações ambientais, como a drenagem profunda, estabelecimento de galerias e desvio de galerias clandestinas que jogavam dejetos no Rio Sanhauá, além de estação de tratamento de resíduos”, afirma.
Outro ponto destacado por ele é o Porto Cidade, que realiza ações sociais que englobam práticas Environmental, Social and Corporate Governance (ESG), em consonância com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O programa divide-se nos seguintes pilares: Porto que Cuida (saúde), Porto que Educa (cursos), Porto que Toca (cultura) e Porto que Preserva (sustentabilidade). Além disso, estamos em fase de estudos para implantação de ações relacionadas à área de ciência e tecnologia.
“Tudo isso foi feito com o objetivo de modernizar o porto, de tornar ainda mais eficientes as suas operações. O Porto de Cabedelo se destaca no setor aquaviário nacional, e notadamente no Nordeste, como referência em velocidade de operação. Por exemplo, uma operação que ocorre em sete dias em qualquer porto vizinho, a gente consegue fazer aqui em 4,5 a 5 dias. Isso credencia muito o porto. A partir desses investimentos, o porto deve se transformar efetivamente num grande vetor de desenvolvimento regional”, conclui Ricardo Barbosa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de janeiro de 2025.