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Preço da carne bovina tem queda de quase 10% na PB

publicado: 09/10/2023 09h20, última modificação: 09/10/2023 09h20
Apesar dos valores mais baixos, o consumo do produto não registrou elevação
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Proteína animal é o item mais caro das refeições, fazendo o consumidor reduzir o consumo - Foto: Freepik

por Thadeu Rodrigues*

Os preços dos cortes das carnes bovinas apresentaram uma redução média de 9,65%, no acumulado de janeiro a agosto, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Mesmo com valores menores, o consumo ainda não foi ampliado. Contudo, nos restaurantes, a diminuição de preços na compra de carnes contribui para “segurar” os custos das refeições.

O presidente da Associação de Supermercados da Paraíba (ASPB), Cícero Bernardo, afirma que ainda não percebeu aumento de consumo de carnes. “Acredito que há estabilidade nas vendas. A população teve seu poder de compra reduzido nos últimos anos, o que gera maior impacto negativo nas camadas mais populares. Porém, sem as reduções, talvez o consumo tivesse retraído”.

Há consumidor que aproveitou para comprar cortes de maior valor agregado, como os de picanha e de filé mignon, que tiveram reduções de 9,14% e 16,95%, respectivamente, neste ano. “Geralmente, compro acém, patinho, contrafilé e capa de filé, mas estou substituindo por picanha e filé, às vezes, para aproveitar que os preços estão menores e diversificar o paladar”, comenta o servidor público Edmilson Melo.

"Geralmente, compro acém, patinho, contrafilé e capa de filé, mas estou substituindo por picanha e filé, às vezes, para aproveitar que os preços estão menores e diversificar o paladar" Edmilson Melo

A última pesquisa mensal da Cesta Básica, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica que, nos últimos 12 meses, o custo médio da carne bovina de primeira em João Pessoa registrou diminuição de 9,31%, alinhado ao índice nacional constatado pelo IBGE.

O economista do Dieese na Paraíba, Renato Silva, explica que até o mês de agosto, o volume das exportações de carne reduziu em razão de mudanças econômicas em alguns países compradores do produto brasileiro. “Isto gerou uma diminuição nos preços do mercado interno devido à maior oferta e à demanda ainda enfraquecida”.

Conforme o IBGE, a inflação do país no acumulado do ano foi de 3,23%, com uma redução de 1,82% do segmento alimentação no domicílio, no qual o subgrupo carnes está incluído. O filé mignon foi o corte com maior queda de preços, mas também são destaques alcatra (-13,46%), contrafilé (-11,77%), acém (-9,49%), patinho (-8,82%) e lagarto (-8,38%). O preço do frango inteiro caiu 9,79% e o do frango em pedaços, 11,69%.

Custos
No restaurante Carioca, localizado em João Pessoa, o proprietário Arnaldo Marques comenta que a retração nos preços das carnes contribui para a manutenção dos custos do estabelecimento. “A proteína animal é o item mais caro do buffet. Com essa redução dos últimos meses, nas carnes, conseguimos evitar reajustar o valor cobrado no quilo do almoço ou da refeição de buffet livre. Percebi uma redução média de 7%, considerando os cortes que compro, como patinho, acém e lagarto”.

O microempresário conta que o reajuste nos preços do serviço geralmente ocorre no começo do ano, acompanhando o salário mínimo. Contudo, no ano passado, a pressão inflacionária sobre os alimentos, forçou mais de uma atualização dos valores. “Com aquele reajuste, perdemos metade dos clientes em questão de dias. Daí, reduzimos os valores e conseguimos atrair novamente nossa clientela, aos poucos. As pessoas não deixam de comer, mas elas comem onde podem pagar”, frisa.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 07 de outubro de 2023.