Pela primeira vez em 18 meses, o preço do café moído recuou. O item, considerado indispensável na mesa de grande parte dos brasileiros, vinha apresentando altas sucessivas nesse período, acumulando elevação de 99,46%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o levantamento divulgado nesta semana mostrou que o produto registrou queda de 1,01% em julho. Mesmo com a redução, consumidores de Campina Grande ainda não sentiram a diferença no bolso.
Celeide Xavier bebe, no mínimo, três xícaras de café por dia. Para ela, a queda de 1,01% representa pouco impacto no orçamento. “Não tem jeito, vamos continuar comprando, porque quem vive sem um cafezinho? Não tem como tirar da feira. Faço compras quinzenais e levo quatro pacotes por vez, já sabendo que preciso reservar, no mínimo, R$ 100 só para o café”, desabafou.
A consumidora relata ter percebido que, devido ao aumento do preço do pó de café, os estabelecimentos deixaram de servi-lo como cortesia. “Era uma gentileza que conquistava o cliente, mas agora não existe mais”, constatou.
Comparativo
Em Campina, o início de 2025 registrou o maior aumento no valor do produto, com destaque para o mês de abril. A pesquisa mais recente, realizada pelo Procon Municipal, foi realizada em 10 estabelecimentos do município e avaliou quatro das marcas mais procuradas pelos consumidores locais — 3 Corações, São Braz, Nordestino e Melitta — nas categorias de café em pó e solúvel. O levantamento apontou que a embalagem de 250 g de café em pó foi encontrada com preços variando de R$ 14,98 a R$ 19,79.
“Na pesquisa, identificamos uma variação de até 28% no preço do café em pó e a vácuo, o que pode representar para o consumidor uma economia de até R$ 4,20 no orçamento mensal. Já no café solúvel, a variação foi um pouco maior, chegando a 31%, o que pode gerar um desconto de até R$ 1,40. Por isso, reforçamos a importância de o consumidor realizar sua própria pesquisa. Sempre dizemos que o consumidor que pesquisa é um consumidor protegido”, destacou Amanda Cordeiro, gerente de fiscalização do Sistema Municipal de Defesa do Consumidor de Campina Grande (Procon-CG).
Nos três supermercados visitados pela reportagem, ontem, o preço do café para as mesmas marcas, de fato, não apresentou redução e, em alguns casos, até aumentou. O produto variou de R$ 14,68 a R$ 23,06, nas embalagens do tipo almofada ou a vácuo, de 250 g. O café Nordestino, na versão almofada, é vendido por valores de R$ 16,79 a R$ 21,99, enquanto, na versão a vácuo, o preço varia de R$ 14,68 a R$ 18,10. O preço do São Braz, por sua vez, oscila de R$ 15,31 a R$ 19,13. Já o da marca 3 Corações está entre os mais caros, com valores que vão de R$ 19,41 a R$ 23,06, em ambos os tipos.
Livre mercado
Segundo a gerente do Procon-CG, em razão da Lei da Liberdade Econômica e do Livre Comércio, o órgao não tem competência para fixar preços. Assim, mesmo com a redução apontada pelo IPCA, os comerciantes não são obrigados a diminuir o valor do café vendido em seus estabelecimentos.
“Por isso, é muito provável que o consumidor não perceba redução nos preços em relação à nossa última pesquisa. O empresário tem autonomia para definir o valor praticado em seu comércio. Além disso, há toda uma logística envolvida: se ele adquiriu o café quando o preço estava mais alto e mantém um grande estoque na loja, mesmo com a queda recente, não irá vendê-lo com prejuízo — isso eu garanto”, afirmou a gerente.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de agosto de 2025.