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Procura por lavanderias aquece mercado paraibano

publicado: 12/11/2025 09h07, última modificação: 12/11/2025 09h07
Dos 705 estabelecimentos do estado, 102 foram inaugurados somente neste ano
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Setor divide-se entre estabelecimentos especializados e modelos de autoatendimento | Foto: Carlos Rodrigo

por Joel Cavalcanti*

O setor de lavanderias na Paraíba está em modo turbo: o número de abertura de novos estabelecimentos já é o segundo maior desde 2020. Foram 102 empreendimentos inaugurados somente neste ano, dos 705 ativos em todo o estado. Com isso, o segmento pode superar o melhor resultado recente, registrado em 2023, quando 116 novos espaços do tipo abriram as portas. Os números deste ano também se destacam por atingirem os três dígitos — já que, em 2024, foram abertas 87 lavanderias; em 2022, 72 estabelecimentos; em 2021, 84; e, em 2020, 64.

A expansão faz parte de um fenômeno nacional. O mercado de lavanderias tem sido impulsionado pelo alto preço dos eletrodomésticos, pela falta de tempo e pela verticalização das cidades, com apartamentos cada vez menores. No Brasil, o franchising é o motor desse crescimento, com destaque para o modelo de autosserviço, que se popularizou pela praticidade e pelo baixo custo operacional.

As lavanderias de autoatendimento, muitas delas localizadas em postos de gasolina, academias e condomínios, seguem, portanto, esse movimento, atraindo investidores interessados em modelos enxutos e dispensando a necessidade de funcionários.

Mas há, também, quem siga o caminho oposto e mais tradicional. Proprietário da LavClean, no bairro do Bessa, Lúcio Guedes acompanha, há 15 anos, a transformação do setor e afirma que o crescimento recente tem várias faces. “O ramo de lavanderia é muito vasto. Além das [lavanderias] de autoatendimento, há o crescimento das hospedagens por temporada, como Airbnb, Booking e Decolar. Isso impulsionou a demanda por serviços especializados. Também cresceu o nicho de lavagem de sofás, tapetes, cortinas e bancos de carros. É um mercado que se diversificou muito e ainda tem muito a crescer”, afirma.

Guedes destaca que o boom das lavanderias autônomas tem atraído pequenos investidores em busca de retorno imediato, mas alerta que o entusiasmo pode ser maior que o retorno. “Como é um negócio sem funcionários e com investimento inicial mais baixo, muita gente entra acreditando que vai ter lucros rápidos. Mas o que a gente vê é que muitos acabam vendendo as máquinas depois de um tempo, porque não é tão simples assim. É um setor que exige conhecimento técnico e cuidado com o serviço”, explica o empresário.

Na LavClean, além do consumidor comum, o foco é o serviço completo, com higienização especializada para hotelaria, flats e restaurantes, além de lavagem de sofás, cortinas e tapetes. Segundo o proprietário, a procura cresceu em torno de 20% desde a pandemia, puxada pelo aumento do turismo e pela locação por temporada. “Hoje há uma quantidade enorme de construções voltadas a flats e locações temporárias. É um público que depende de lavanderia profissional, então esse segmento ainda tem muito espaço para crescer”, avalia.

Praticidade

Enquanto as lavanderias tradicionais se especializam, o público das lojas de autosserviço cresce com outro perfil: o da praticidade. É o caso do jornalista André Luiz Maia, de 35 anos, morador de Jaguaribe, que, desde 2022, lava suas roupas em uma lavanderia. Atualmente, ele vai semanalmente para uma loja de autosserviço nos Bancários. “Moro em apartamento pequeno, não tem espaço para pendurar roupa. Então, para lavar e secar peças do dia a dia, é uma mão na roda. Coloco tudo na máquina, vou resolver algo perto e acompanho o ciclo pelo aplicativo”, conta.

André gasta, em média, R$ 30 por lavagem completa, valor que, segundo ele, compensa pela economia de tempo. “Já tive experiências ruins, com máquinas sujas ou sem produto, mas, agora, uso uma que faz manutenção certinha e as roupas saem limpas. Para o dia a dia, é ideal”, diz.

Para Lúcio Guedes, a coexistência dos dois modelos (o de autosserviço e o de atendimento completo) deve marcar o futuro do setor. “As lavanderias de autoatendimento atendem um público que busca praticidade e preço. Já as lavanderias tradicionais oferecem um serviço técnico, com separação de tecidos, produtos antialérgicos e processos específicos. São nichos diferentes, mas que ajudam a dar visibilidade ao setor”, afirma.

Com seis funcionários fixos e reforço de diaristas na alta estação, Guedes observa que o verão é o período mais aquecido do ano. “De setembro até o Carnaval, é quando o movimento cresce. O turismo impulsiona todo o segmento, como os de hotéis, restaurantes e transporte — e a lavanderia entra nesse fluxo”, aponta. O empresário acredita que o mercado ainda está longe da saturação, especialmente no segmento profissional. “A lavanderia é um serviço essencial para o novo modo de vida urbano. As pessoas têm menos tempo, menos espaço e mais demanda por praticidade. Quem souber se adaptar a isso vai ter muito trabalho pela frente”, projeta.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de novembro de 2025.