Consumidores devem antecipar a reserva dos imóveis de locação por temporada na alta estação. Durante o auge do período, o mês de janeiro, os valores cobrados podem triplicar, em relação aos períodos de baixa, que normalmente vão de maio a setembro, na Paraíba. Os próximos feriadões, como o de 12 de outubro (Nossa Senhora de Aparecida) e o de 2 de novembro (Dia de Finados) também impulsionam a atividade, que vai sendo aquecida com a proximidade do final do ano.
O diretor-secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Paraíba (Creci-PB), Glauco Morais, afirma que já há reservas de imóveis para o verão de 2024. Segundo ele, a antecipação é para garantir a vaga e mitigar os altos valores do período. “Nas proximidades do Réveillon são cobradas as maiores tarifas, que podem subir 200%, por isso, a procura começa antes. Já nos casos dos feriadões, a busca dos interessados é intensificada de três a duas semanas antes das datas”, comenta.
O mercado de aluguel por temporada é especializado e conta com profissionais específicos para atender às necessidades dos clientes, entre locadores e locatários. A gerente comercial da administradora de imóveis Carpediem Homes, Luiza Cavalcanti, afirma que a estimativa para o próximo verão está alta. “João Pessoa e Cabedelo são cidades muito visadas pelos turistas e por investidores nesse mercado de temporada. Há uma grande oferta de flats e apartamentos para esse perfil”.
A empresa em que ela trabalha administra mais de 600 imóveis no Nordeste, entre Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e Paraíba, sendo 100 apenas no estado. O imóveis são mobiliados, decorados e contém todos os eletrodomésticos e utensílios necessários.
A expectativa de ocupação para os meses de outubro e novembro é de 70% e 75%, respectivamente. Já para dezembro, a empresa estima 85%, chegando ao máximo da capacidade, em janeiro. Os bairros com maior taxa de ocupação em João Pessoa são Cabo Branco, Tambaú e Bessa. Em Cabedelo, a procura maior é por Ponta de Campina e Camboinha, afirma Luiza Cavalcanti. As cidades do Conde e Lucena têm procura menor.
De acordo com a executiva, quem reserva logo, economiza. “Não trabalhamos com preço tabelado, os valores variam conforme o mercado. Quem se planeja, paga menos e não fica na correria em busca de imóveis. Quem deixa para última hora, tem menos opções e paga mais”.
Faturamento de R$ 25 mil ao mês
Luiza Cavalcanti afirma que o investidor pode faturar R$ 25 mil por mês na alta temporada. A projeção é sobre o perfil de imóveis mais caros da empresa, cuja diária no verão é em torno de R$ 1 mil. Contudo, o investimento na compra de um imóvel desse porte é de R$ 1 milhão. Os apartamentos de 140 metros e três quartos estão localizados em um condomínio exclusivo, em Ponta de Campina, na cidade de Cabedelo.
“Muitos turistas vêm para conhecer e tornam-se investidores. São pessoas de outros estados e até de outros países, como Argentina, Portugal e Espanha, mas há investidores locais também”, afirma a gerente da administradora.
Cabo Branco é a localização preferida dos turistas. Com valor médio de R$ 376 em imóveis que podem variar de 17 a 44 metros quadrados, o negócio é bastante lucrativo ao investidor, que fatura uma média de R$ 90 mil ao ano, considerando a alta e a baixa temporada. O valor é aproximadamente o triplo do que seria obtido por meio de um aluguel convencional anual, afirma Luiza Cavalcanti.
“O modelo de negócios é vantajoso pelo fato de a Região Metropolitana de João Pessoa ainda não ter muitos leitos de hospedagem. A cidade é muito atrativa, com belezas naturais, gastronomia de qualidade e infraestrutura”, comenta Luiza Cavalcanti. Contudo, na baixa estação, quando não há feriados nem concursos públicos sendo realizados na cidade, a administradora de imóveis reduz os valores para atrair os consumidores.
Home office
Os imóveis de locação por curto período não são utilizados apenas por quem está de férias. Há muitos visitantes que alugam os apartamentos para utilizar enquanto fazem trabalho remoto ou de home office. “Essa tendência está crescendo em João Pessoa. As pessoas alugam até por um período maior do que uma semana, por exemplo”.
Preços baixos podem indicar fraude
Antes de fechar contratos de aluguel por temporada, o locatário deve ficar atento para não cair em golpes, devendo assegurar-se que o negócio seja fechado com imobiliária ou administradora de imóveis. Conforme a CEO da XM2 Soluções Imobiliárias, Sacha Myrna, o consumidor deve ter cuidado com ofertas atraentes e sem muitas informações, desconfiar de preços muitos baixos, sendo importante ter uma noção do valor do aluguel da área.
A executiva indica que, muitas vezes, as informações são prestadas apenas via WhatsApp e as fotos podem ser de imóveis inexistentes. Ela afirma que, em geral, as pessoas só percebem que é um golpe um pouco antes de viajar para o imóvel alugado, e que já foi pago, porque o golpista passa a não responder mais as mensagens e nem atender ligações.
Outro ponto importante é formalizar o acordo. Hoje, há vários aplicativos que facilitam o aluguel de imóveis de temporada. De cordo com Sacha Myrna, todas as regras e normas acordadas entre o locador e o locatário devem estar no contrato. Também deve-se estabelecer as condições gerais do imóvel e o que está incluso, como taxas de limpeza e de serviço, por exemplo.
“O valor da locação deve ser especificado como aluguel de temporada no contrato de locação, na moeda local e não pode exceder 90 dias para ser considerado temporário pela legislação brasileira”, enfatiza a CEO. Além disso, o pagamento não pode ser feito em contas de terceiros, nem antes do contrato.
Ela ainda indica solicitar uma comprovação de titularidade da propriedade, como conta de energia elétrica, se a pessoa se apresentar como proprietário. Caso haja interlocutor, corretor ou imobiliária, é importante pedir informações sobre a empresa e verificar a legitimidade.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de setembro de 2023.