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Restaurantes apostam em entrega própria na capital

publicado: 03/10/2024 09h54, última modificação: 03/10/2024 09h54
Serviço independente pode ser vantajoso também para motoboys e clientes
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Quem opta por fazer suas entregas, contrata uma cooperativa ou o seu próprio motoboy | Foto: Marcos Russo/Arquivo A União - Foto:

por Bárbara Wanderley*

Seja pela praticidade ou  pelo conforto, cada vez mais consumidores optam por receber suas refeições em casa quando não estão cozinhando. O hábito cresceu especialmente durante o período da pandemia e tem permanecido assim. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) indicam que, em 2019, apenas 30,4% dos internautas brasileiros utilizavam serviços de entrega de refeições. Entretanto, entre 2020 e 2021, esse número aumentou para 54,8%.

A plataforma Ifood rapidamente tornou-se a mais popular para os pedidos, por reunir várias opções de restaurantes, lanchonetes e até mercados num só aplicativo, mas cada vez mais empresas têm investido em entrega própria.

Um exemplo é o restaurante Canoa dos Camarões, em João Pessoa, que, além de atender os clientes pelo Ifood, também recebe pedidos diretamente pelo WhatsApp. Para atrair mais clientes para esse sistema, o restaurante oferece uma cortesia na primeira compra, 10% de desconto na segunda e 15% de desconto no terceiro pedido.

Diversos outros restaurantes, a exemplo da Autêntica Pizzaria, Tonho de Martinha, Ogrão e Hot Dog do Panda, oferecem a opção de pedido direto ou meio de plataforma própria, embora alguns deles também atendam pelo Ifood. Em muitos casos, o pedido direto se torna mais barato, já que o restaurante não precisa pagar a porcentagem do aplicativo.

“É uma tendência. Inclusive o Ifood já entendeu isso e lançou um produto chamado ‘Anota aí’, que é uma plataforma para delivery direto. Com certeza financeiramente é mais vantajoso para o restaurante, porque a taxa que a gente deixa para o Ifood é muito alta, mas o Ifood é uma vitrine, então, para quem ainda não é tão conhecido, vale a pena ficar lá, até como marketing. Mas, para restaurantes que já são conhecidos, já têm uma clientela e já conseguem acostumar esses clientes a fazer o pedido direto é mais vantajoso”, avaliou a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Paraíba (Abrasel-PB), Thamara Cavalcanti.

Além da vantagem econômica, o secretário do Conselho Municipal dos Entregadores de João Pessoa (CME-JP), Ewerton Vicente, também acredita que a entrega própria possibilita um melhor atendimento.

“O Ifood não dá nenhuma assistência nem para o entregador e nem para o estabelecimento. Caso aconteça algum problema com o pedido, você tem que falar com um robô, não tem contato direto. Acredito que muito restaurante se cansou disso, então eles continuam vendendo pelo aplicativo, mas com a entrega própria, que eles já conhecem o motoboy e é mais fácil resolver qualquer problema”, comentou Ewerton.

Segundo ele, geralmente os restaurantes que optam por ter seus próprios entregadores contratam uma cooperativa ou o seu próprio motoboy. Para ter um entregador à disposição todo o tempo, eles também acabam pagando um pouco melhor, de R$ 7 a R$ 8 por corrida, contra os R$ 6,20 mínimos pagos pelo Ifood.

Há casos, porém, de restaurantes que pagam menos, de R$ 4 a R$ 5 por corrida. “Às vezes o entregador não tem outra opção, precisa trabalhar e aceita”, disse Ewerton, explicando que existe uma fila para os trabalhadores que querem se cadastrar no Ifood, e pode demorar até dois anos para ser aceito pela plataforma.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de outubro de 2024.