Os benefícios do plantio de árvores são inúmeros e essenciais ao meio ambiente e à qualidade de vida das pessoas. Elas absorvem dióxido de carbono da atmosfera, o que ajuda a reduzir os efeitos das mudanças climáticas, fornecem sombra, servem de habitat e alimentação para diversas espécies de animais, decoram o ambiente, e ainda configuram-se como agentes de melhoria da saúde mental e do bem-estar humano.
O Viveiro Municipal de Plantas Nativas de João Pessoa, localizado na Rua Embaixador Sérgio Vieira de Melo, s/no, no Valentina Figueiredo, é um verdadeiro depósito de vida e biodiversidade. O espaço, que existe desde 2006, reúne inúmeras espécies, as quais são disponibilizadas àqueles que têm interesse em adquiri-las para plantio. Além disso, as mudas de árvores são utilizadas na revitalização natural urbana.
Segundo Anderson Fontes, engenheiro agrônomo e diretor de Controle Ambiental (DCA) da Semam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), o projeto inicial surgiu “através de orientação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), que norteou as capitais e cidades estruturadas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, a construir seus viveiros”.
A administração do local está sob responsabilidade da Prefeitura Municipal de João Pessoa, em parceria com o Serviço Social do Comércio - SESC Gravatá. Entre os responsáveis pelo funcionamento está Genilson Freires, biólogo e chefe do Viveiro. Ele explica que a prioridade é a preservação da vegetação nativa na cidade, ou seja, o bioma da Mata Atlântica. "A gente tem que dar preferência à espécie do nosso bioma, porque, se não, essas espécies de fora vão invadindo", pontua ele em relação às plantas invasoras ou estrangeiras, que têm se popularizado.
Antes da produção, é feito um mapeamento a respeito das espécies na cidade, seguido pela realização da coleta de sementes, que é feita em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em diversos pontos do estado. Todo o processo que culmina na produção das mudas é feito mediante procedimentos tecnológicos de alto padrão, e dura até um ano e meio, de acordo com Anderson Fontes.
Ele explica que a escolha das espécies, inicialmente, foi feita mediante a necessidade do município. “Para escolher qual espécie a ser produzida, nós estudamos a dinâmica da cidade, quais as espécies mais plantadas e em quais bairros; feito esse diagnóstico, a gente entra na produção, levando em consideração qual a melhor espécie, a que tem crescimento mais rápido, a que dá mais sombra, tudo isso foi estudado”, pontua.
O Viveiro funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h, e conta com o apoio de uma equipe de técnicos que já atuam há tempos nessa área, os quais instruem aos interessados. “A gente orienta a população que vem até o Viveiro para buscar mudas. Primeiro, a gente pergunta onde eles pretendem plantar, se é na frente de casa, se é no quintal ou se é no sítio; se for no sítio, a gente dá uma de grande porte, sem problema nenhum; mas, se for na frente de casa, ou no quintal, uma de pequeno porte, da qual ele possa usufruir”, explica Genilson Freires. Essas instruções são dadas para evitar possíveis transtornos no futuro, no meio urbano.
Os impactos positivos são sentidos pela sociedade em geral na cidade mas, principalmente, por aquelas pessoas que já adquiriram alguma muda de árvore no Viveiro. Uma delas é Josefa André, dona de casa, que mora próximo ao local e diz já ter perdido as contas do número de plantas obtidas por ela. “Na esquina da minha casa tem uma área verde, então, a gente pega para plantar porque como as plantas estão caindo, estamos repondo, eu e meu marido”, disse. A dona de casa, que é frequentadora assídua do espaço, que faz questão de indicar o espaço a outras pessoas: “Várias amigas minhas já foram lá buscar porque eu mando”, afirmou Josefa André, que tem o ipê amarelo como planta favorita.
Qualquer pessoa pode adquirir até duas mudas de árvores disponibilizadas no espaço. O Viveiro produz cerca de 60 mil mudas de árvores anualmente, englobando 15 espécies, em média, produzidas diariamente no local, o que configura-o como detentor de um papel crucial na arborização urbana e preservação ambiental da cidade. Entre as espécies disponíveis, estão ipês rosa, roxo, amarelo e branco, castanheira e barriguda.
“Ele é um berçário onde é produzido e nasce o verde da cidade. O verde que você vê hoje sendo plantado em João Pessoa, seja pela população que vai buscar, ou onde a prefeitura tem os seus plantios, é no Viveiro que começa isso. Então ele é importante nesse sentido”, afirma o diretor de Controle Ambiental da Semam. “O Viveiro se torna, para a nossa capital, um atrativo para as pessoas visitarem e conhecerem mais sobre a botânica, sobre as árvores, e como é produzida essa parte de educação ambiental”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de março de 2024.