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Modelo de gestão contribui para a inovação, diversificação e competitividade das empresas, aponta Regina

Regina Amorim: “Economia criativa é o presente e futuro dos negócios”

publicado: 28/08/2022 00h00, última modificação: 01/09/2022 09h29
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Regina Amorim - Foto: Foto: Roberto Guedes

tags: economia criativa , TURISMO

por Nalim Tavares*

 

Dentro do setor econômico, a criatividade é um mercado em expansão. Caracterizada pela capacidade de produzir e inventar novidades, e também pela inovação no modo de agir, a pessoa criativa é extremamente valorizada por qualquer empresa que busca empreender.

Assim, o termo “economia criativa” tem se destacado cada vez mais como parte fundamental do processo de produção e distribuição de bens e serviços. No Brasil, a ideia central do segmento é contribuir para o desenvolvimento econômico e social, a partir da criação de produtos com valor simbólico.

A gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae-PB, Regina Amorim, conversou sobre o tema com o Jornal A União. “As iniciativas culturais que promovem a inclusão social podem ser potencializadas no país a partir da abordagem da economia criativa, seja no artesanato, na moda e demais segmentos criativos. É possível mudar hábitos e mentalidade para enxergar as oportunidades. É preciso ter uma visão comum de futuro. São os artistas que podem criar o improvável, através da arte e da cultura, agregando valor ao turismo criativo e colaborativo”, comentou a gestora.

A entrevista

O que é economia criativa?

A economia criativa é o presente e o futuro dos negócios, pois será fundamental para construir futuros. Na economia criativa, os negócios se desenvolvem utilizando os recursos intangíveis que agregam valor aos produtos e serviços, a saber: criatividade, conhecimento, cultura e tecnologia, gerando resultados econômicos, sociais e ambientais.

Como se deu o crescimento do setor?

A economia criativa está crescendo cada vez mais, e tende a ser a forma econômica dominante no século 21. Já nesse início de século, a indústria criativa torna-se a terceira maior economia do mundo, atrás apenas da indústria bélica e petrolífera. É uma das maiores economias da China e a segunda maior economia do Reino Unido.

Quem são os profissionais envolvidos na área que movimentam o setor?

A economia criativa compreende profissionais e artistas dos segmentos de artesanato e arte popular, artes plásticas, audiovisual e cinema, teatro, design, música, circo, literatura, games, websites, arquitetura, moda, gastronomia, museus, publicidade, comunicação e turismo criativo.

Quais são os principais desafios da economia criativa? Como continuar criando e evoluindo nesse mercado?

O grande desafio é fazer a transição da economia tradicional para a economia criativa. A ambiência é favorável para se investir na economia criativa, em projetos sustentáveis, inovadores e estratégicos no mercado contemporâneo. É preciso reinventar-se, desenvolver novas ofertas para atender às novas necessidades. É hora de inovação e resiliência nos negócios porque, no cenário atual, a necessidade de reinventar-se passa a ser uma questão de sobrevivência. A economia criativa possibilita aos empreendedores criativos a inspiração necessária e o caminho mais viável para melhorar os negócios e o lugar onde eles vivem.

Como a economia criativa se insere no turismo?

Turismo criativo é baseado na criatividade e na cultura dos lugares visitados pelos turistas, e também no empreendedorismo criativo. Os empreendedores criativos usam a criatividade para gerar a riqueza que se encontra dentro deles. Crispin Raymond e Greg Richards (pesquisadores da área) definem o turismo criativo como uma atividade econômica que oferece aos visitantes a oportunidade de desenvolver seu potencial criativo através da sua participação nas experiências culturais, aprendendo com os saberes e fazeres que caracterizam o destino turístico.

E em outros setores do mercado, existe espaço para essa criatividade?

Sim. Os criativos são pessoas empreendedoras que estão abertas ao novo, à liberdade de pensamentos, que não têm medo de mudanças. São movidas por desafios, fazem algo que ninguém nunca fez e buscam a competitividade. A economia criativa pode estar contribuindo para a inovação e a competitividade de qualquer segmento de negócio, porque promove a diversificação econômica e se relaciona com as tecnologias da informação e comunicação.

De que forma a cultura criativa pode contribuir com o desenvolvimento econômico do país?

As iniciativas culturais que promovem a inclusão social podem ser potencializadas no país a partir da abordagem da economia criativa, seja no artesanato, na moda e demais segmentos criativos. É possível mudar hábitos e mentalidade para enxergar as oportunidades. É preciso ter uma visão comum de futuro. São os artistas que podem criar o improvável, através da arte e da cultura, agregando valor ao turismo criativo e colaborativo. As empresas do futuro pensam à frente do seu tempo, se antecipam às mudanças, inovam seus processos, assumem os desafios impostos pelas transformações. Não importa se a sua empresa é grande ou pequena, você precisa inovar continuamente. Pensar o desenvolvimento de forma criativa é construir o novo, a partir de uma realidade local, abrindo espaço para os ativos culturais e os talentos criativos, que geram valor agregado, com vivências e experiências, sem perder a originalidade.

Existem indicadores que medem o impacto econômico dos setores criativos na formação do PIB do Brasil? Existem pesquisadores mapeando esse mercado, até para ajudar os profissionais da área a agir de uma forma mais efetiva?

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os setores de cultura e economia criativa geram movimentação econômica significativa no Brasil, com impactos positivos sociais e fiscais, além de serem grandes influenciadores de cultura, equidade social e diversidade. Os programas de fomento, a exemplo da Lei Aldir Blanc e outros, geram impacto econômico total de R$ 110,8 milhões em tributos gerados pela movimentação econômica do setor cultural e de economia criativa, através dos programas e 9.291 postos de trabalho gerados na economia. Esses dados são todos da Fundação Getúlio Vargas.

Qual a importância de um indicador como esse?

Segundo dados da Firjan, em 2017 a economia criativa foi responsável por 2,6% do PIB do Brasil e gerou um total de 837.206 empregos formais, o equivalente a 1,8% de toda a mão de obra nacional. Os indicadores servem para gerar conhecimentos e dar visibilidade aos setores de economia criativa, estimular políticas públicas específicas e orientadas para cada setor, além de ajudar a definir estratégias de negócios para as áreas.

Quais os impactos da pandemia no setor da economia criativa?

Em 2020, o setor da economia criativa sofreu com a paralisação praticamente total de suas atividades, por conta da pandemia da Covid-19. As realizações de espetáculos teatrais, shows, eventos, apresentações culturais, gastronomia…todas foram bem prejudicadas. Outras atividades, contudo, encontraram espaço para expansão, como é o caso do setor de softwares e games. Antes da pandemia, o mercado estava em franco crescimento. Segundo dados do IBGE, em 2018 o setor representava 4% do PIB brasileiro e, em 2019, as projeções para os setores da economia criativa eram de crescimento anual de 4,2%. Com a crise sanitária, os empreendedores criativos tiveram que se reinventar para sobreviver. Espera-se que, a partir de 2022, haja uma recuperação da economia como um todo e, em especial, dos setores criativos.

Em relação ao Sebrae, como funciona o curso de economia criativa? E quais cursos o Sebrae oferece ao empreendedor do turismo?

O Sebrae dos estados do Nordeste atua com um projeto estruturante, integrado para os segmentos da economia criativa desde 2018. O projeto para o biênio agosto 2022/agosto 2024 visa potencializar o ecossistema da cadeia de valor da economia criativa na região Nordeste, promovendo um ambiente favorável nos contextos da transformação digital e da sustentabilidade empreendedora dos negócios criativos, através da qualificação em gestão e inovação, com consequente acesso desses empreendimentos a novos mercados. O Sebrae vem contribuindo em uma atuação conjunta para fortalecer a identidade cultural da região Nordeste, posicionando-se como um parceiro estratégico e relevante para os segmentos da economia criativa. Auxilia na produção de dados e estudos setoriais e promove a otimização de recursos econômicos, aumentando a geração de negócios e parcerias e promovendo o desenvolvimento regional.

A senhora pode citar exemplos de cases de sucesso de Instâncias de Governança do Turismo no Brasil?

O 1º Encontro das IGR’s - Instâncias de Governança do Turismo do Brasil, acontecerá em Bananeiras, no dia 10 de setembro, das 16h às 20h, fazendo parte da programação da 18ª Ruraltur, a melhor Feira de Turismo Rural do Brasil. Para o Encontro, a coordenadora Alessandra Lontra, interlocutora da Regionalização do Turismo na Paraíba, selecionou alguns casos de sucesso de IGR’s: IGR Turismo do Brejo Paraibano, IGR Circuito do Ouro (MG), IGR Rota Pantanal e Bonito (MS), Consórcio Público Intermunicipal Geoparque Seridó (RN), e IGR Adetur Litoral (PR).

*Entrevista publicada originalmente na edição impressa de 28 de agosto de 2022.