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pelo iphan

Aprovado o tombamento do Engenho Corredor

publicado: 17/09/2025 08h19, última modificação: 17/09/2025 08h19
Local, em Pilar, era residência do escritor paraibano José Lins do Rego

por Carolina Oliveira*

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aprovou, ontem (16), por unanimidade, que o Engenho Corredor, residência do escritor José Lins do Rego, em Pilar, torne-se objeto de tombamento definitivo. O local, que era reconhecido com um tombamento provisório, será inscrito no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo das  Belas Artes.

De acordo com o proposto pelo membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan e relator do parecer, Gustavo Rocha Peixoto, o tombamento aplica-se  ao “bem imóvel, em apreço constante do conjunto arquitetônico e paisagístico da residência e produção de açúcar”.

Estão incluídos, conforme a proposta, a casa-grande, residência e sede de engenho, hoje recuperada e restaurada; remanescentes e escombros da antiga casa de engenho, com vestígios do antigo sistema de produção de açúcar; segunda casa de purgar, de construção mais recente; antiga senzala, residência dos escravizados; bem como de todo o restante da área do conjunto.

O autor do parecer destacou o papel formativo do lugar para o escritor paraibano e sua obra, lembrando que foi ali que José Lins do Rego passou a primeira infância, em um ambiente que ele descreveu como de liberdade quase absoluta. “Se, por um lado, é verdadeiro que o Engenho Corredor abrigou, criou e deu à luz José Lins do Rego, também procede dizer que José Lins do Rego criou para o mundo o Engenho Corredor, o mundo do açúcar paraibano, e é a ele que devemos o prestígio nacional deste último remanescente que o Iphan trata hoje de tombar”, apontou Gustavo.

Peixoto ressalta que a medida contribui para preservar o que sobrou do último engenho de açúcar em condições de ser reconhecido como “amostra de um esplendor findo” e “guardar como relicário a casa onde viveu um grande autor da literatura brasileira”. “A missão deste tombamento do Iphan, e de todos os que nos empenhamos em cuidar do patrimônio cultural no seu sentido mais contemporâneo, é reconhecer os remanescentes do Engenho Corredor também, e principalmente, como parte do suporte material de uma cultura móvel e dinâmica que existe entre tangível e intangível”, defendeu.

Gustavo Peixoto acentuou para o Conselho e para o Iphan, que o antigo engenho está nas melhores mãos possíveis. “Pertence a uma família que pelejou muito para conseguir aquele patrimônio, que o trata com verdadeiro carinho e que tem no Iphan da Paraíba técnicos sensíveis e zelosos, dispostos a renovar o velho engenho como bem cultural importante para o mundo”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de setembro de 2025.