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CG e JP são destaques em saneamento no Nordeste

publicado: 09/09/2024 09h04, última modificação: 09/09/2024 09h04
As duas cidades têm serviço de abastecimento e tratamento d’água bem avaliado
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JP é um dos 22 municípios do país com 100% da população atendida pelo abastecimento de água | Foto: Carlos Rodrigo

por João Pedro Ramalho*

O serviço de abastecimento e tratamento de água e esgoto no estado, de responsabilidade da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), tem sido destaque em âmbito regional. De acordo com o Ranking do Saneamento de 2024, divulgado pelo Instituto Trata Brasil em março, Campina Grande e João Pessoa ocupam, respectivamente, a segunda e a quarta posição entre as cidades nordestinas com mais de 200 mil habitantes. João Pessoa também é a segunda melhor capital do Nordeste, atrás apenas de Salvador. O documento avaliou o nível do atendimento ofertado, os recursos investidos e a eficiência do processo nos 100 municípios mais populosos do Brasil, com base nos dados de 2022 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis).

Nacionalmente, as duas maiores cidades da Paraíba também se sobressaem em alguns dos índices avaliados pelo ranking. A capital é um dos 22 municípios com 100% da população atendida pelo abastecimento de água, enquanto a Rainha da Borborema tem o terceiro menor percentual de perdas no faturamento da água e é a 16a com menor perda na distribuição.

De acordo com a gerente de Controle de Qualidade da Cagepa, Evanisa Dantas, os últimos índices referem-se, respectivamente, aos vazamentos pequenos, detectados em ramais ou hidrômetros, e aos maiores, nas tubulações que conectam os reservatórios dos bairros às residências.

A gerente da Cagepa também destaca os esforços para reduzir as perdas. Entre as estratégias da empresa, está o controle automatizado do trajeto percorrido pela água após deixar os reservatórios. “Em qualquer lugar que tenha um vazamento, a gente já consegue fazer a identificação automaticamente e mandar a equipe para fazer a retirada. Isso tem ajudado muito a manter a qualidade de água dentro da rede de distribuição”, afirma Evanisa. Outra iniciativa que colabora para a eficiência no abastecimento é a troca das tubulações. A maior parte delas é, originalmente, feita de ferro — material sujeito à corrosão — ou de cimento amianto, que é frágil e menos resistente à pressão da água. Em ambos os casos, a chance de perdas era maior, o que motivou a substituição por tubos de PVC.

O atendimento total de esgoto também foi avaliado positivamente nas duas cidades analisadas, que superaram ou se aproximaram do nível de universalização — de 90% — definido pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Em Campina Grande, 93,98% dos moradores eram alcançados pela rede de esgotamento sanitário em 2022. Já em João Pessoa, essa porcentagem estava em 89,12%.

O presidente da Cagepa, Marcus Vinícius Neves, ressalta que esse número deve crescer, especialmente devido às obras de ampliação da rede na capital. “Nós concluímos o quarto módulo da Estação de Tratamento de Esgoto de Mangabeira, que já foi entregue e está em funcionamento. Temos, agora, com recursos do Banco Mundial em execução, a construção da nova Usina II, na Avenida Maria Rosa, junto com o novo emissário [tubulação que transporta o esgoto] saindo da Maria Rosa até chegar ao Róger. Estamos também nos preparativos para a nova estação do Baixo Roger, que vai garantir tratamento de esgoto até 2040 para a Região Metropolitana de João Pessoa, o que inclui Cabedelo, Bayeux e a capital. E esse tratamento vai ser de nível terciário, o que permite maior qualidade do efluente para reúso de água”, declara Marcus Vinícius.

Investimentos nas duas maiores cidades da PB

O alcance dos serviços ofertados pela Cagepa é fruto de investimentos contínuos nas duas maiores cidades do estado, especialmente a partir de 2019. Em Campina Grande, por exemplo, os moradores presenciaram a chegada e a melhoria do abastecimento em bairros como Santa Cruz e Ligeiro. Marcus Vinícius Neves elenca outros empreendimentos importantes feitos pela empresa no município.

“Estamos ampliando toda a área oeste de Campina Grande, com uma adutora que está sendo entregue e irá permitir o crescimento de uma série de empreendimentos da construção civil, tanto de natureza popular como de um padrão mais alto. Também investimos na modernização do nosso Centro de Controle Operacional, o que permite Campina hoje ter os menores índices de perda —em torno de 25%. Com isso, já atingimos a meta prevista para 2033 pelo Marco Legal do Saneamento, o que nos torna a segunda cidade do Nordeste com o menor indicador”, relata o presidente da Cagepa.

A capital do estado também deve ter sua oferta de água ampliada e garantida até 2037, com a construção da Barragem de Cupissura e a conclusão da segunda etapa da Adutora Translitorânea. Na área de esgotamento sanitário, além da ampliação da rede, a Cagepa tem investido na substituição das tubulações no Centro, com métodos não destrutivos, que preservam a estrutura do patrimônio histórico da cidade.

Uma terceira iniciativa está relacionada à preocupação com as perdas de água e a diminuição dos custos da empresa, como conta Marcus Vinícius. “Uma ação importante é a construção do novo Centro de Controle Operacional de toda a Região Metropolitana de João Pessoa, que vai ser realizado em Marés. O projeto já foi aprovado, com recursos do Banco Mundial, e estamos em plena execução dessa obra, que vai trazer o maior sistema de controle de automação do Nordeste, com o que há de mais moderno”, aponta.

A busca pela modernização das estruturas e dos processos levou a Cagepa a se distinguir como protagonista em inovação e automação entre as prestadoras de saneamento básico do país. Os esforços ultrapassaram até as fronteiras nacionais. “Nos dias 27 e 28 de agosto, nós estivemos junto à Agência Francesa de Desenvolvimento discutindo o aproveitamento do resíduo do tratamento do esgoto e da água, que é chamado de lodo, para transformar em adubo e incentivar uma economia circular, trabalhando com a agricultura familiar. A Cagepa foi um dos três casos, junto com a Copasa [Companhia de Saneamento de Minas Gerais] e com a Águas de Jundiaí, estudados pela agência francesa no país”, celebra Marcus Vinícius. Outros aspectos listados pelo presidente, como sinais da modernização da empresa, são as melhorias nas práticas de gestão, com a busca por transparência e o trabalho de prevenção à corrupção.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de setembro de 2024.