O céu nublado, com chuvas esparsas e fortes, aliado às precipitações ocorridas nos últimos dias na capital paraibana, balançou um pouco a movimentação na Sexta-Feira Santa. De um lado, comerciantes de quiosques e restaurantes da orla reforçaram que com o tempo mais fechado, acabaram ficando no prejuízo, já que menos pessoas foram às praias. Por outro, houve banhistas e turistas que, mesmo assim, encararam o tempo incerto e conseguiram aproveitar o feriado.
A turista gaúcha Juçara Costa chegou na última semana à capital e pretende ficar ainda mais duas semanas. Entre os elogios à cidade, à tranquilidade, ao custo de vida e, em especial, ao acolhimento das pessoas, para ela, o mau tempo não impediu de sair e conhecer as praias pessoenses.
"A gente fica arriscando no sol, na chuva. É importante porque, no Sul, não tem praias como essas"
- Juçara Costa
“A gente fica arriscando no sol, na chuva. A gente vai lá, volta. É importante porque, no Sul, não tem praias como essas. São boas, mas não é igual. O mar aqui é bem mais quentinho, o de lá é mais frio. Moro em Bagé, uma cidade que faz fronteira com o Uruguai. Há temperaturas altas, mas chove e, no outro dia, está cinco graus, 10 graus. Então, lá é uma alternância muito grande e, aqui, chove e continua o mesmo clima”, comparou a gaúcha.
Acácio Cavalcante, que mora no bairro Costa e Silva, foi com esposa e filha para a orla e aproveitou para pedalar. Ele contou que havia combinado o passeio desde o dia anterior, mas que sua filha ficava dizendo que choveria.
“De manhã, acordamos cedo e estava tudo nublado, mas às 8h já estava um sol bem quente, ainda que chovendo um pouco. Quando chegamos à praia, o tempo estava aberto e depois, próximo ao meio-dia, começaram a aparecer nuvens de novo. Com o clima agradável, até pedalei mais”, afirmou Acácio.
“A gente se prepara para o feriadão, só que, quando chove, não adianta”, explica Natieny Ferreira, gerente de um dos quiosques na calçada do Cabo Branco. “O movimento cai mesmo. Acredito que de 15% a 20% menor que no ano passado. Eu estava querendo ter crescimento nas vendas perto de 10%. Feriado dá gente. Mas o mês de março do ano passado foi melhor que esse para mim”, lamentou Ferreira.
Ana Maria Padilha é comerciante na orla do Cabo Branco há 18 anos. Segundo ela, para além do feriado com chuva, o próprio movimento diário das vendas na praia tem diminuido por falta de incentivo aos bares e restaurantes. “A cada dia, diminui mais o movimento. Hoje está chovendo, mas, mesmo durante dias de sol, que era pra ter gente, não tem nada”, revelou.
Mesmo com a estimativa da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, seccional Paraíba (ABIH-PB), de ter a média de ocupação da rede em 82%, com muitos hotéis chegando a registrar 100%, de acordo com Ana Maria, ela teve muito prejuízo nesse feriado. “Infelizmente, tem dias que a gente não tem dinheiro nem para pagar as passagens dos funcionários”, lamentou a comerciante.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de março de 2024.