A Escola de Saúde Pública da Paraíba (ESP-PB) vem se firmando como uma importante estratégia para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. Com a missão de inovar nos serviços e qualificar os profissionais de saúde, a instituição atua nos 223 municípios do estado e conta com residentes e bolsistas em programas alinhados às necessidades da rede pública de saúde.
Criada em 2021, a ESP-PB foi instituída pela Lei nº 11.380, ampliando o trabalho desenvolvido pelo Centro Formador de Recursos Humanos (Cefor-RH). O antigo Cefor-RH foi criado em 1994, sendo um dos primeiros centros de formação para os profissionais da saúde do país, chegando a formar mais de 10 mil pessoas.
Durante o lançamento da ESP-PB, o governador João Azêvedo destacou a importância da qualificação profissional e a atuação do SUS durante a crise da Covid-19. Na ocasião, o governador salientou que “através da ciência, do aprendizado, do estudo, da formação, da qualificação profissional e da difusão do conhecimento, vamos vencer a maior crise sanitária dos últimos 100 anos no mundo. E, mais do que isso, vamos construir um novo futuro. Nesta escola, vamos fortalecer e ampliar as etapas de formação dos trabalhadores e trabalhadoras dedicados à saúde pública”.
Um dos grandes diferenciais das formações oferecidas pela escola é a realização in loco, buscando se aproximar da realidade de cada profissional. “A nossa missão basicamente é qualificar e formar trabalhadores e trabalhadoras do SUS, dentro do processo de trabalho. Então, a gente não tira a pessoa e coloca na sala de aula, mas fazemos um processo chamado de educação permanente”, pontua o diretor-geral da ESP-PB, Matheus Sprícido.
A Educação Permanente em Saúde foi uma metodologia desenvolvida no âmbito do SUS, a partir de 2004, com o lançamento da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (Pneps), que visava à transformação das práticas de trabalho a partir da problematização do cotidiano dos profissionais da rede pública, considerando a pluralidade do país.
A diretora acadêmica da ESP-PB, Raiana Mariz, ressalta que um dos principais desafios da ESP-PB consiste em conciliar o conhecimento científico com a experiência prática dos profissionais em serviço, lidando com “a diversidade de formações, perfis e realidades territoriais, tornando indispensável a contextualização dos conteúdos”.
“O profissional formado pela escola não apenas domina técnicas em saúde, mas também desenvolve competências relacionais, éticas e humanísticas, estando preparado para lidar com diferentes contextos sociais, culturais e econômicos presentes nos municípios paraibanos, fortalecendo o cuidado integral e humanizado”, complementa a diretora.
Formação de 10 mil profissionais em 2025
Atualmente, a ESP-PB oferece residências, pós-graduações, cursos técnicos e de qualificação profissional nas áreas de Saúde Coletiva, Educação na Saúde, Saúde e Ciências Humanas, com um total de mais de 600 bolsistas, 50 funcionários e 216 residentes. Além disso, a escola desenvolve o apoio e acompanhamento de projetos de pesquisa desenvolvidos por seus alunos. Até julho de 2025, a escola já qualificou cerca de 6.500 profissionais e prevê totalizar 10 mil profissionais formados até o fim do ano.
O Núcleo de Pós-Graduação oferece cursos de especialização e qualificação nas áreas de Gestão de Riscos e Segurança do Paciente, para profissionais de nível superior atuantes em UTIs; Saúde da Família com ênfase Materno-Infantil, voltada para profissionais de nível médio e superior, com foco na Atenção Primária e à Rede Materno-Infantil; e Preceptoria para Educação Profissional em Saúde, em parceria com a Fiocruz e escolas do SUS, direcionada à Atenção Primária e Vigilância em Saúde.
“Tem agente comunitário de saúde fazendo esse curso [de Saúde da Família], além de médicos da Atenção Primária, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas. A gente sempre divide os nossos cursos baseado nos trabalhadores”, pontua o diretor-geral da instituição.
A Residência em Saúde possui 23 programas distribuídos nas áreas médica (18), uniprofissional (três) e multiprofissional (duas). São oferecidos programas de anestesiologia, cirurgia geral, obstetrícia e medicina de família e comunidade na área médica.
Já o Núcleo de Investigação Científica (NIC) busca regular e monitorar pesquisas na Rede Estadual de Saúde da Paraíba (Resu-PB), garantindo uma regulação ética e qualidade científica, além de contribuir para políticas públicas e inovação no SUS. O núcleo já regulamentou mais de 590 pesquisas, alinhadas aos eixos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-PB), como atenção integral, vigilância sanitária, saúde digital, gestão da atenção, educação em saúde e atenção especializada.
Quatro novos programas de residência médica
Uma das principais expectativas para o ano que vem é a criação de quatro novos programas de residência médica em oncologia, oncologia clínica, cirurgias oncológicas, patologia e radioterapia. O diretor-geral da ESP-PB aponta a deficiência de profissionais qualificados e a recente modernização da área na rede pública como justificativas.
“Estamos inaugurando um acelerador linear em Patos e não tem profissional. A gente solicitou para o ano que vem a realização de um curso técnico em Radioterapia também, nessa mesma perspectiva de que falta profissional”, afirmou o diretor.
Além disso, existe a expectativa de criação de um curso voltado à Atenção Primária, por conta da pós-graduação em Saúde da Família. Segundo o diretor da ESP-PB, “a gente vai fazer um curso como esse para a Atenção Primária, pegando todas as equipes de Saúde da Família, que são os postinhos. Nós temos aqui 1.556 equipes, sendo cada uma composta por seis agentes de saúde: um médico, um enfermeiro, um técnico, agente de saúde bucal e um técnico de Enfermagem”.
A instituição prevê ainda a expansão em outras áreas estratégicas, com destaque para a criação das residências em Otorrinolaringologia e Oftalmologia. Também são previstos cursos técnicos em Hemoterapia, Vigilância em Saúde, Saúde Bucal, Radioterapia, pós-técnico em Saúde Bucal com foco em Oncologia e técnico em Órtese e Prótese.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 7 de setembro de 2025.