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Farmácia Clínica do Metropolitano é destaque em revista do CFF

publicado: 16/12/2024 12h07, última modificação: 16/12/2024 12h07
Publicação exalta a diminuição dos gastos hospitalares com medicamentos
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A unidade hospitalar é gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde | Foto: Evandro Pereira

por Sara Gomes*

A Paraíba ganhou destaque nacional na atuação da Farmácia Clínica do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires na diminuição dos gastos hospitalares com medicamentos. O estudo foi publicado na edição de novembro da revista científica do Conselho Federal de Farmácia (CFF), o qual aborda experiências exitosas de farmacêuticos no SUS. O hospital, localizado em Santa Rita, é gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde).

A pesquisa avaliou 1.073 intervenções farmacêuticas realizadas a partir do acompanhamento de 10.719 pacientes, no período de setembro de 2022 a setembro de 2023. De acordo com o coordenador da Farmácia Clínica do Hospital Metropolitano e autor principal do artigo, Felipe Cortona Piris, as intervenções no período da pesquisa resultaram em uma economia de mais de R$ 150 mil aos cofres do estado.

 De janeiro a dezembro de 2023, a redução foi de R$ 134 mil, já de janeiro a novembro deste ano, a economia foi de quase R$ 145 mil. “Por meio do acompanhamento farmacoterapêutico é possível garantir o uso seguro de medicamentos e mitigar os riscos durante a assistência. Logo, a redução de custos diretos relacionados ao consumo de medicamentos e materiais são resultados extremamente relevantes, mas secundário aos ganhos proporcionados na qualidade de vida do paciente”.

Para o farmacêutico, o reconhecimento dessa experiência exitosa pelo Conselho Federal de Farmácia na atuação é de grande relevância, principalmente, por ter sido implementada no SUS. “Embora no Nordeste a Farmácia Clínica seja relativamente nova, é muito gratificante divulgar essa prática no SUS paraibano. Ou seja, proporcionar uma assistência de qualidade aos nossos usuários”, disse.

A Farmácia Clínica é uma ciência que busca otimizar a ação terapêutica de cada medicamento e reduzir a incidência de danos ao paciente, a fim de garantir a utilização segura e sustentável de seus recursos. Essa atividade farmacêutica visa compreender o paciente por meio da análise dos exames laboratoriais, da investigação do prontuário, da visita multidisciplinar, da presença beira-leito e da interação do farmacêutico com a equipe médica e o time interdisciplinar para individualizar o cuidado. Portanto, é preciso considerar o peso, a faixa etária, as comorbidades, a conciliação medicamentosa, entre outros critérios, para definição dos medicamentos e o regime terapêutico mais compatível com o paciente em avaliação.

Em 2022, o serviço foi instalado no Hospital Metropolitano nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) cardiológica e neurológica. À medida que a Farmácia Clínica foi se estruturando, foram implementadas algumas melhorias.

O farmacêutico Felipe Cortona Piris menciona a expansão do serviço para enfermarias e urgências mediante critérios estabelecidos como antimicrobianos de amplo espectro, anticoagulação terapêutica oral e injetável e a interação droga x nutriente. “Em 2024 aumentamos a abrangência do acompanhamento farmacoterapêutico e passamos a monitorar pacientes que, apesar de estáveis do ponto de vista hemodinâmico, apresentavam certo grau de criticidade e risco de evolução à UTI. Afinal, muitos desses doentes são de alta complexidade”, disse. Outros avanços foram a orientação farmacêutica na anticoagulação oral e a implantação da farmacovigilância — a análise das reações adversas medicamentosas para aumentar a segurança de medicamentos na instituição e prevenir novos eventos clinicamente negativos“.

Projeções para 2025

Uma meta da gestão, no próximo ano, é a integração de uma inteligência artificial que sistematiza os pacientes com maior fragilidade e com risco de desenvolver eventos adversos pela terapia medicamentosa ou por fatores individuais como peso, idade e comorbidades acarretando maior atenção do serviço, conforme explica o coordenador. “A empresa do Rio Grande do Sul desenvolveu uma IA que analisa os pacientes de maior fragilidade. Essa tecnologia permite estratificar dados como exames laboratoriais, prontuários e erros de prescrição médica, por exemplo. O mais interessante é que, para o SUS, o serviço é gratuito”, declarou.

Capacitação e qualificação profissional

O Núcleo de Educação Permanente em Saúde (Neps) da rede estadual  possui diversas atribuições. Uma delas é a educação continuada em saúde em todas as unidades da PB Saúde, com foco na capacitação e qualificação dos profissionais. Segundo Juliana Carreiro, coordenadora do Neps e doutora em Farmacologia, o Núcleo também é responsável pelo desenvolvimento e implementação de protocolos e treinamentos, com o intuito de melhorar a prática profissional e garantir a segurança do paciente.

“A educação permanente realiza, com um olhar diferenciado, várias atividades. Ao observar as fragilidades daquele setor, criamos maneiras educativas e focamos em como sanar as dificuldades que precisam ser solucionadas, como também fortalecemos iniciativas que estão dando certo. Os profissionais de saúde precisam estar em constante aprendizado para melhorar a qualidade na assistência”, disse. Ou seja, o Neps transpassa por todas as equipes multiprofissionais, assistindo as coordenações locais das unidades da PB Saúde além da Rede Escola. Além disso, a capacitação dos colaboradores não se limita aos profissionais de saúde.

O Neps também oferece capacitação para o setor administrativo. “Assim como realizamos campanhas assistenciais, lançamos mão também de treinamentos, voltados à gestão e administração”, declarou.

Uma das ações da Dra Juliana Carreiro foi implantar a Farmácia Clínica no Hospital do Servidor General Edson Ramalho nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulto e  neonatal, Vascular, Área vermelha e paliativa.

 Segundo a coordenadora, foram implantados protocolos muito importantes para a segurança do paciente e qualidade. “A farmácia clínica realiza uma análise individualizada do paciente, considerando diversos fatores como medicamentos em uso, posologia, nutrição,  interações medicamentosas. Desse modo, o farmacêutico avalia o quadro clínico do paciente em parceria com a equipe multiprofissional, indicando possíveis mudanças ao avaliar o custo-benefício, sem comprometer a segurança do paciente”, declarou.

Isso resulta em um atendimento mais eficiente e sustentável, beneficiando tanto os pacientes quanto a instituição como um todo. Portanto, a capacitação das equipes de farmácia é essencial para promover uma gestão mais eficaz dos recursos e garantir a qualidade do atendimento.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de dezembro de 2024.