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em 2025

Feiras e exposições devem gerar R$ 500 milhões na PB

publicado: 13/10/2025 08h26, última modificação: 13/10/2025 08h35
Eventos potencializam o agronegócio e estimulam o turismo e a geração de empregos
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O Circuito Paraíba Agronegócio conta com mais de 60 exposições, que atraem milhares de pessoas | Foto: Divulgação/Sedap

por Samantha Pimentel*

Elas reúnem produtores de diversos municípios e regiões, potencializam as vendas e ajudam a firmar parcerias, expandir os contatos e partilhar experiências. Para quem atua no setor de agronegócios, as feiras e exposições são espaços fundamentais para fortalecer a comercialização. Além disso, os eventos estimulam o turismo e a geração de empregos. Com apoio da Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e Pesca do Estado da Paraíba (Sedap-PB), em 2025 o chamado “Circuito Paraíba Agronegócio” conta com mais de 60 feiras e exposições. Em 2024, foram 32 eventos, que ao todo receberam em média um milhão de pessoas, e movimentaram aproximadamente R$ 250 milhões. Neste ano, a expectativa é superar esses números, chegando a um volume de negócios de R$ 500 milhões, com um público de mais de 1,3 milhão de pessoas em todos os eventos.

O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo, destaca que em 2019 apenas três eventos receberam apoio do Governo do Estado. “Hoje, já são mais de 60 espalhados por todas as regiões, contemplando desde exposições de animais a festas como a da carne de sol em Picuí ou a do camarão em Itabaiana. Esses eventos geram emprego, movimentam o turismo, estimulam pequenos produtores e funcionam como vitrines para novos produtos. Muitas queijarias, por exemplo, sobrevivem apenas das vendas nesses espaços.”, afirma. Ele também comenta que a maior dificuldade do produtor rural paraibano é a comercialização, por isso as feiras e exposições também são essenciais. “Além disso, esses eventos oferecem cursos, capacitações e oportunidades para negócios, sendo fundamentais para fortalecer o setor e dar visibilidade à agropecuária paraibana”, ressalta.

O presidente da Associação Paraibana de Criadores de Caprinos e Ovinos (Apacco), Júnior Nóbrega, aponta que as feiras e exposições movimentam toda uma cadeia econômica. “Desde a pessoa que vende uma água, um cachorro--quente, a pessoa que tem uma pousada na região, o produtor rural que vende, estimula o turismo também... E o objetivo é esse, que se dê visibilidade ao agronegócio da Paraíba, se fomente oportunidades de negócios às pessoas nas pequenas cidades no mesmo patamar das grandes cidades”, ressalta. Para ele, os eventos são ainda uma oportunidade de interação entre regiões e municípios, além de oferecer capacitações que podem fortalecer a atuação dos produtores. Quanto ao crescimento desse circuito, o presidente da Apacco explica que ele vem aumentando devido à visibilidade.

“O Governo do Estado fomenta isso através de investimentos, estrutura e publicidade, e outros parceiros também se somam. A gente percebe que este ano, todas elas [as feiras e exposições] vêm aumentando o seu valor de negócios em relação ao ano passado, em pelo menos 40% do que se girou ano passado”, destaca. Segundo Júnior, a Apacco iniciou essa ideia de organizar um circuito, que se iniciou com quatro eventos, e a iniciativa foi posteriormente abraçada pela gestão estadual. Integrando o Circuito Paraíba Agronegócio, a VI Leite do Vale Expo Negócios acontece em dezembro deste ano na cidade de Itaporanga, no sertão do estado. Em sua última edição, o evento reuniu mais de 10 mil visitantes e contou com a participação de 70 expositores. Mais de 3,5 milhões em negócios foram contabilizados, e a expectativa para 2025 é de crescimento desses números. O gerente da agência regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PB) em Itaporanga, Isaac Araújo, conta que a iniciativa é promovida pela instituição junto com outros parceiros, a exemplo do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal. Ele destaca que o momento, além do potencial econômico, também é de aprendizado.

“Esse evento vem fortalecer cada vez mais a agropecuária e o setor turístico do Vale do Piancó. Também trazemos muito conhecimento e tecnologia para que os produtores rurais possam cada vez mais se adaptar à nova realidade do uso de tecnologias sociais, sustentabilidade e melhoria no processo produtivo”, afirma. O consultor do Sebrae-PB na região e um dos organizadores do evento, Alexandre Cortês, relembra que a iniciativa surgiu a partir de um dia de campo, em parceria com a Fazenda Santa Clara, Fazenda Eficiente e o Sebrae-PB. “A cada ano, a gente vem ampliando. Hoje ela [a feira] também foi ampliada para outras culturas, ainda com foco na produção de leite, mas abriga expositores de caprinos, ovinos, suínos e outras atividades econômicas, como tecelagem, setor imobiliário, empresas de tratores e equipamentos. Vem ganhando destaque na região e em outros estados”, destaca.

Municípios voltam a realizar grandes eventos

Com o fortalecimento das feiras e exposições, e as parcerias que se formam para potencializar esses eventos, muitos municípios que tinham deixado de realizar esses momentos voltaram a promovê-los. Esse é o caso de Esperança, no Agreste paraibano. Lá, após quase duas décadas, foi retomada a Exposição Berro do Bode, que aconteceu em setembro deste ano.

O secretário adjunto de Agricultura da cidade, João Paulo Brito, conhecido como João Paulo Passarinho, conta que a cidade era muito forte em culturas como batata inglesa, mandioca e erva doce, o que foi diminuindo com o tempo. “A gente vendo isso, e olhando o cenário de outras cidades de pequeno porte se destacando, sobretudo na produção de leite, de caprinos, tivemos essa vontade de resgatar essa produção. E logicamente que fortalecer os agricultores é levar mais qualidade de vida para eles, e proporcionar uma segurança financeira também”, ressalta. Nesse primeiro evento pós-retomada, poucos produtores locais integraram o evento, mas João Paulo disse que depois disso muitos já vêm buscando auxílio na prefeitura e estratégias para produzir com qualidade e ter canais de comercialização.

“Já estão buscando a gestão para saber do melhoramento genético dos rebanhos, das matrizes, para fortalecer a caprinovinocultura. Eles viram durante o evento que tem mercado, que pode vender inclusive para a merenda escolar, e estamos orientando eles, indicando os parceiros. Acreditamos que, no próximo evento, a gente vai ter essa produção mais fortalecida, porque o evento vai estimulando também”, aponta ele.

O produtor de bovinos de leite de Itaporanga Francisco de Sales, mais conhecido como Júnior de Moar, que atua desde 2024, diz que passou a participar de feiras e exposições desde 2010, por meio de parceria com o Sebrae-PB. “Hoje a Leite do Vale Exponegócios acontece aqui na minha propriedade. E isso vai agregando mais conhecimento para o produtor. Têm as parcerias com a Sedap, Senar, Sebrae, prefeituras... tudo isso vai fortalecendo a cadeia produtiva aqui no Vale do Piancó”, aponta.

O produtor ressalta ainda que, para o homem do campo, é difícil ausentar-se de suas propriedades para viajar em busca de conhecer outras experiências mais distantes e adquirir novos conhecimentos, por isso as feiras e exposições são essenciais. “A gente traz isso para perto dos produtores, isso vem até ele. E foi através dessas feiras também que foi abrindo mais os mercados. As feiras trazem essas empresas para mais perto do produtor, porque uma dificuldade grande que existe ainda é a comercialização”, destaca.

Nesses espaços também há lugar para o artesanato. A professora e artesã Dalila Gomes, do Ateliê Artesanía, conta que faz artesanato desde criança, junto com a família, como uma ferramenta lúdica, e depois começou a enxergar isso como um negócio. Natural da Bahia, hoje ela trabalha com acessórios e bijuterias em macramê, que prefere chamar de adereços decorativos, e mantém uma loja física em Monteiro, no Cariri do estado, onde reside. As feiras e exposições expandiram sua clientela e também potencializaram o faturamento. “É muito rentável. O aumento de vendas, nos meses em que participo dos eventos, é de cerca de 60% em relação a um mês em que eu não vou. Atualmente, muita gente que me conhece em outras feiras já fala comigo, encomenda peças, me espera em outras feiras do gênero para comprar os produtos”, afirma.

O circuito das feiras e exposições ainda conta momentos de formação e diálogo, como palestras, minicursos e o Encontro de Mulheres do Agro, pautando a atuação das mulheres nesse setor. Há ainda concursos de animais, mostra de máquinas, veículos e implementos agrários. Outros produtos que ganham destaque ainda são os laticínios, como queijos de cabra, cachaças, mel, doces e peças em couro. Toda uma cadeia produtiva se fortalece, impulsionando ainda os setores de restaurantes, bares, lanchonetes, hotelaria e transportes. Atrações culturais também são presença marcante nesses espaços.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de Outubro de 2025.