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Festival reafirma tradição e resistência em Rio Tinto

publicado: 21/10/2025 08h22, última modificação: 21/10/2025 08h22
Evento, promovido pelo Governo do Estado, reuniu 33 aldeias dos povos originários
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O 4º Festival da Cultura Indígena contou com artesanato, culinária e danças tradicionais | Foto: Divulgação/Secom-PB

O Governo da Paraíba, a partir de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura e a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, realizou no último domingo (19) o 4º Festival da Cultura Indígena, com o tema “Monte-Mór É Nossa Terra”, no município de Rio Tinto. Esse foi o quarto ano em que os povos potiguaras e tabajaras reafirmaram, em conjunto, suas tradições ao reunir 33 aldeias na Aldeia Jaraguá, em um festival cheio de significados ancestrais e culturais em nome da resistência e da luta pelos direitos dos indígenas.

A Associação dos Caciques da Paraíba (Acip-PB) foi a entidade indígena responsável pela gestão, produção e organização do evento. A Acip participou do edital de chamamento público que selecionou a proposta de parceria para realizar o quarto festival da cultura indígena.

Pedro Santos, secretário de Estado da Cultura da Paraíba, destacou a parceria consolidada com a Acip para a organização do festival.  “Não adianta pensarmos esse projeto e vir de paraquedas simplesmente realiza-lo nas aldeias, não é esse o conceito, o projeto não tem essa filosofia. Com o edital, que seleciona a organização social que vai gerir o festival, nós inauguramos uma nova forma de pensar a festa da cultura indígena na Paraíba e dessa forma construímos um festival inteiramente representativo. Isso significa que a política para cultura está sendo democratizada, regionalizada, este festival em território indígena é uma prova”, frisou.

O secretário revelou, ainda, que, nas próximas semanas, o Governo da Paraíba anunciará uma série de investimentos na área da Cultura, em parceria com o Governo Federal. “Teremos reserva de vagas com cotas exclusivas para a população indígena. Então teremos mais filmes, mais livros, mais artesanato, mais música, mais poesia sendo produzida em aldeias indígenas, porque a medida em que as pessoas têm condições de contar a própria história, a gente conhece a história melhor”, afirmou.

Já a secretária de Estado das Mulheres e da Diversidade Humana da Paraíba, Lídia Moura, destacou que “o festival indígena é um movimento bonito que significa o nosso pertencimento identitário, faz com que a gente se conecte com a história e com toda a diversidade que a cultura indígena nos traz como ensinamento. Enquanto secretarias de estado, fazemos juntos esse trabalho com comprometimento e respeito para com a cultura dos povos indígenas e nós temos trabalhado com várias ações para garantia dos direitos, essas ações vêm daquilo que as próprias lideranças nos apontam como prioridade, por isso é tão importante esse diálogo permanente entre as comunidades indígenas e a gestão pública”.

O cacique-geral Sandro, líder indígena potiguara, explicou que realizar o festival em Mont-Mór foi uma comemoração ao lembrar a luta de várias lideranças indígenas que se empenharam para demarcar a terra para as futuras gerações. “Estamos em um território potiguara, que está aos cuidados do cacique Aníbal, a homologação da nossa terra hoje é uma realidade. Aqui é onde fortalecemos nossa cultura, porque um povo sem cultura deixa de ser um povo. Então, eu agradeço ao governador João Azevêdo por fazer muito por nós, por respeitar a população indígena, valorizando a nossa cultura tradicional e esse festival agora faz parte do calendário das ações de governo, isso nos deixa orgulhosos e nos dá forças para seguir resistindo porque mantém vivos nossos costumes”, destacou.

Eugênio Herculano, coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na Paraíba, afirmou que o festival une o conceito de cultura indígena que contempla todas as raízes da ancestralidade originária. “Temos a oportunidade de celebrar a homologação do nosso território com a união de 33 aldeias aqui em Mont--Mór e a Funai tem o orgulho e a alegria de ver a parceria do Governo do Estado com os povos indígenas. Juntos fortalecemos e damos visibilidade identitária aos primeiros habitantes aqui da nossa Paraíba”, enfatizou.

O 4º Festival da Cultura Indígena contou com a participação de 33 aldeias que mostraram sua cultura com feiras de artesanato, culinária, pintura corporal, música e danças tradicionais.

Homologação da terra

A celebração histórica da homologação da Terra Indígena (TI) Potiguara de Monte-Mór, na Paraíba, foi oficializada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 4 de dezembro, véspera do aniversário de 57 anos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O território tem cerca de 7,5 mil hectares e abriga mais de sete mil indígenas em seis aldeias, de acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de Outubro de 2025.