De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba – Detran/PB, a frota de veículos no estado conta atualmente com 1.595.706 milhão de automóveis registrados. Desses, 325.606 mil são veículos novos, com até cinco anos de uso; e 498.460 mil possuem mais de 15 anos. O maior contingente é de veículos entre seis e 15 anos, 771.640 mil, o que representa 48% de toda a frota de automóveis registrados no estado. O dado curioso é que o número de veículos considerados antigos na Paraíba, com mais de 15 anos de circulação, é maior que o de veículos novos.
Em João Pessoa, que possui uma frota de 456.732 mil automóveis, a proporção segue a tendência em relação à idade média, com 47% dos veículos entre seis e 15 anos; mas há, na capital, mais carros considerados novos que antigos: dos 456.732 mil automóveis, 121.082 mil têm até cinco anos de uso e a frota com mais de 15 anos em circulação em João Pessoa, somam 119.915 mil veículos.
Em relação ao número total da frota de veículos, André Agra, especialista em Inovação na Gestão Pública e Cidades Inteligentes, João Pessoa está na média das cidades do Brasil, mas salienta que é uma frota alta e que cresce muito mais rápido do que a população e a capacidade da cidade de compatibilizar a infraestrutura. “Por isso, os congestionamentos são cada vez maiores. E a solução não é aumentar mais as vias. Essa solução não funciona mais, até porque o crescimento da frota é muito mais rápido.”, afirma.
Para Breno Michel, motorista que faz o trecho entre João Pessoa e Recife desde 2016, o trânsito de João Pessoa ainda pode ser considerado tranquilo, mesmo com alguns entraves. “Comparando a realidade das duas capitais, ainda considero trânsito de João Pessoa bem tranquilo. O problema aqui não são os carros velhos, é mais sobre a engenharia do trânsito na cidade. São muitos retornos e muitas rotatórias, e quanto mais retorno, mais difícil fica difícil para os carros, porque os motoristas vão pegando a faixa do retorno e isso vai travando tudo”, diz.
Poluição e meio ambiente
Um estudo feito em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que ao menos sete milhões de pessoas morrem anualmente em todo o planeta em função de doenças relacionadas à poluição do ar, provocada por substâncias como o monóxido de carbono (CO) e outros gases tóxicos. Doenças cardíacas, câncer de pulmão, AVC, estão diretamente relacionadas aos gases poluentes, e os carros mais antigos, sem manutenção adequada, também são responsáveis por essas doenças.
Segundo coleta de dados realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em 2018, os veículos são responsáveis por cerca de 60% das emissões de partículas poluentes em São Paulo e no Rio de Janeiro, consideradas as mais altas do país. Desde 1986, o Brasil conta com o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que se inspirou nas regulações adotadas em outras regiões do mundo, como na Europa, para estabelecer metas para reduzir as emissões de poluentes dos veículos.
Para o especialista André Agra, é preciso priorizar o transporte ativo não motorizado (pedestre e bicicleta) e o transporte público. “Mas esse precisa melhorar muito a qualidade, incluindo segurança, conforto, pontualidade e preços acessíveis (ou até gratuitos). Quantos mais carros, menos qualidade de vida. As cidades precisam mudar a cultura de cidade carro-dependente. Melhorar as calçadas, encurtar as distâncias, ter mais ciclovias e arborizar em larga escala, para abaixar a temperatura e proteger do sol, pois o conforto térmico é essencial” afirma.
Ele salienta que cidades caminháveis e ciciáveis e com transporte público de qualidade são mais prósperas e oferecem mais qualidade de vida para sua população. “Note que no ranking das melhores cidades do mundo, essa é uma característica marcante”, diz o especialista.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 02 de janeiro de 2024.