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ATOS NA VENEZUELA

Mais de 700 manifestantes são presos

publicado: 31/07/2024 09h31, última modificação: 31/07/2024 09h31
ONG relata seis mortes e 84 feridos; Governo informa a morte de um membro das Forças Armadas e 48 policiais feridos

por Redação com Agência EFE*

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María Corina Machado e Edmundo González Urrutia participam do segundo dia de protestos contra o resultado das eleições presidenciais | Fotos: Reprodução/Instagram

Pelo menos 749 pessoas foram detidas na Venezuela depois dos numerosos protestos registrados em várias regiões do país contra o suposto resultado oficial das eleições do último domingo (28), que ratificaram Nicolás Maduro como presidente reeleito.

O procurador-geral, Tarek William Saab, apresentou ontem um balanço da atuação das forças de segurança no âmbito dessas manifestações, que também resultaram em 48 policiais e militares feridos, bem como na morte de um membro das Forças Armadas “em consequência dos tiros disparados por estes manifestantes” no estado de Aragua (norte).

Saab não falou sobre os ferimentos sofridos pelos manifestantes, que foram repelidos com gás lacrimogêneo e chumbinhos utilizados pela força pública, segundo constatou a Agência EFE, em Caracas.

Em sua opinião, os manifestantes detidos são “criminosos” que não participaram de protestos pacíficos, mas geraram violência, razão pela qual estão sendo acusados de crimes como instigação pública, obstrução de vias públicas, incitação ao ódio, resistência à autoridade e, “nos casos mais graves, terrorismo”.

Na segunda-feira (29), Maduro denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista”, diante dos questionamentos sobre sua reeleição, que foi rejeitada pela oposição e por grande parte da comunidade internacional. Por sua vez, a principal coalizão de oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), alegou que o candidato Edmundo González Urrutia ganhou a presidência por uma ampla margem de 73% das atas eleitorais.

Novos protestos

Milhares de venezuelanos se reuniram, ontem, em Caracas em um ato convocado pela oposição para rejeitar, pelo segundo dia consecutivo, o que consideram uma fraude nos resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou o atual presidente, Nicolás Maduro, vencedor das eleições presidenciais de domingo com 51,2% dos votos.

Na maioria vestidos de branco e gritando palavras de ordem contra o chavismo, movimento que governa o país desde 1999, simpatizantes da Plataforma Unitária Democrática, maior coalizão opositora ao governo Maduro, lotaram um ponto da cidade, onde aguardavam a chegada da líder opositora María Corina Machado e do candidato do bloco de oposição, Edmundo González Urrutia.

Machado e González Urrutia chegaram ao local a bordo de um caminhão, de onde viajaram alguns quilômetros em uma caravana, e fizeram um discurso no qual reiteraram que a “luta” que estão promovendo é pacífica e busca fazer com que as autoridades reconheçam que o chavismo perdeu as eleições.

Ambos expressaram solidariedade às vítimas dos protestos, que, segundo organizações não governamentais, foram estimadas em seis mortos e 84 feridos. O Ministério Público (MP) contabilizou 749 prisões e 48 policiais e militares feridos, um deles morto “por tiros disparados pelos manifestantes”.

Depois de cerca de três horas de concentração, a multidão se dispersou pacificamente.

Pressão internacional

Diante dos protestos, cresce a pressão da comunidade internacional para que o CNE divulgue as atas eleitorais. Ontem, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, falou pela primeira vez sobre o assunto e cobrou a publicização do documento. “Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça, e a Justiça faz”, disse Lula.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 31 de julho de 2024.