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Museu subaquático será construído na Paraíba

publicado: 25/09/2023 09h11, última modificação: 25/09/2023 09h13
Projeto vai promover a cultura de preservação oceânica no estado
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Projeto surge para impulsionar o desenvolvimento turístico sustentável da região - Foto: Secom-PB

por Carol Cassoli e Juliana Cavalcanti*

A Paraíba vai ganhar um novo atrativo turístico. Trata-se de museu subaquático. O projeto, que está sendo desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep) em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e com o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), é uma ação do Governo do Estado para promover a cultura de preservação oceânica na Paraíba e faz parte de uma série de ações socioambientais voltadas à promoção do turismo técnico-científico no estado.

Ainda incomum no mundo, o museu subaquático tem como objetivo preservar os oceanos ao mesmo tempo em que estimula os turistas a refletirem sobre temáticas comuns à população e incentiva a valorização dos Povos do Mar Paraibano. De acordo com o diretor presidente da Cinep, Rômulo Polari, a criação de um museu como este, passa pela elaboração de uma rota para mergulho, através da qual o turista poderá mergulhar para contemplar um espaço que contará uma história que refletirá a identidade do estado. “Pretende-se contar uma história da Paraíba. Com esses elementos, o museu vai ter um potencial enorme, pois o turista vai mergulhar sabendo o que verá no museu. Por isso, o museu terá o poder de atrair o turista para dentro do mar”, destaca.

Parte do Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas da Paraíba (Preamar-PB), o museu tem como base a instalação de recifes artificiais marinhos, a criação de áreas temáticas para o mergulho contemplativo e a restauração ecológica dos ambientes coralíneos naturais do estado. Segundo a bióloga, professora da UFPB e coordenadora dos sub-programas de Restauração Ecológica de Corais e de Educação Ambiental, Karina Massei, o projeto surge como forma de impulsionar o desenvolvimento turístico sustentável da região, que é um dos eixos do Preamar-PB.

“O museu surge como uma oportunidade de atender uma demanda da sociedade paraibana, aproximando o trabalho do homem à natureza para despertar uma consciência plena dos turistas e comunidades locais”, explica a estudiosa.

Massei ilustra que, dentro do equipamento turístico, o visitante terá, ainda, oportunidade de compreender técnicas para cuidar do solo marinho como se cuida da terra na agricultura, tornando-a fértil e sustentável: “Utilizando métodos adequados, experimentados em outras regiões do planeta, o visitante será protagonista da própria realidade e irá não só apreciar a exuberante paisagem marinha, mas vivenciar como podemos conservar e restaurar os nossos corais, estes seres geobiológicos fascinantes que nos promovem tantos serviços ambientais e muitas pessoas os confundem por pedras”.

Mais que aventura, um mergulho com propósito

Ao proporcionar ao turista uma experiência subaquática única, o museu subaquático do estado dará ao visitante a oportunidade de imergir numa viagem regenerativa e integradora, através de um mergulho com propósito, integrando saberes e fazeres locais, num espaço ordenado com estruturas biogênicas tematizadas multifuncionais.

A partir de um conceito apresentado apresentado pelo professor do Campus Cabedelo Centro do IFPB e coordenador do Preamar-PB, Cláudio Dybas, durante a assinatura do acordo de parceria do Preamar-PB, em janeiro deste ano, a Cinep tem trabalhado com recifes artificiais para recuperar a biodiversidade, fomentar o turismo náutico e subaquático e colaborar com o manejo da pesca na Paraíba.

Segundo Karina Massei, o museu subaquático faz parte de uma fundamentação técnico-científica em que a equipe multidisciplinar do Preamar-PB avalia os materiais mais similares com os recifes naturais para criar um ambiente envolvente. “Pretendemos não só garantir uma bela aventura subaquática mas oportunizar - seja para quem é fã de arte, cultura, natureza e vida marinha -, um mergulho com propósito, pois através de estruturas tematizadas e de um turismo regenerativo, vamos abordar temas como a sustentabilidade e conservação ambiental”, reforça.

Dentro do equipamento turístico, o visitante terá, ainda, oportunidade de compreender técnicas para cuidar do solo marinho como se cuida da terra na agricultura, tornando-o fértil e sustentável

A ideia é que o projeto entretenha todo tipo de público e ofereça atividades em diferentes profundidades, para que até mesmo os visitantes que não sabem nadar possam participar da experiência. “Considerando os preceitos do Turismo Regenerativo e Inclusivo, estamos trabalhando na implementação de uma realidade distinta, não só a nível ambiental, restaurando o balanço dos ecossistemas costeiro e marinho, mas oportunizando a criação de um modelo integrado pelos eixos econômico, cultural, educativo e socioambiental. Isso é a Ciência da Sustentabilidade”, pontua a bióloga.

 

Projeto trará benefícios para todo o estado

Como o projeto do novo equipamento turístico está em fase de diagnóstico, o local onde o museu será instalado ainda não foi definido. Porém, Rômulo Polari afirma que isso se deve a uma série de estudos desenvolvidos em torno do atrativo. “Estão sendo gerados diversos projetos que informam tudo: profundidade, batimetria, dentre outros dados sobre o nosso oceano. Com isso, a gente começa a definir o perfil do turista que vamos ter no futuro”, declara.

O representante da Cinep explica, também, que os projetos englobados pelo Preamar-PB impactam positivamente toda a sociedade. Rômulo conta, por exemplo, que, antigamente, os pescadores jogavam no mar geladeiras, pneus e itens que poluíam o meio ambiente. Agora, no entanto, estes profissionais passam por um processo de educação, ajudando toda a comunidade que vive da pesca na costa paraibana. E isso permite que a Paraíba se destaque não apenas no turismo cultural, de sol e praia, negócios e eventos, mas também seja referência no turismo sustentável, se comprometendo com a conservação do meio ambiente.

“No Preamar, a educação ambiental nas escolas, guias turísticos locais, catamarãs da região e comunidades de pescadores pretende mostrar através de reuniões como todos serão envolvidos nesse eixo da educação ambiental,que é possível desenvolver economicamente, mas de forma sustentável não agredindo e regenerando a natureza”, defende.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de setembro de 2023.