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PB ganha 12 Unidades Odontológicas Móveis

publicado: 15/09/2025 08h29, última modificação: 15/09/2025 08h43
Para aquisição das UOMs, o investimento do Governo Federal foi de R$ 4,55 mi
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Quanto ao acesso à Saúde Bucal, o estado tem a segunda maior cobertura populacional do país | Foto: Divulgação/SES/PB

por Samantha Pimentel*

Fortalecer a saúde bucal em regiões mais afastadas e com menos recursos pode ser um desafio. Pensando nisso, o Governo Federal, por meio do programa Brasil Sorridente e do Novo PAC Saúde, entregou, em agosto de 2025, 400 novas Unidades Odontológicas Móveis (UOMs), sendo 207 no Nordeste e 12 delas na Paraíba. Cada unidade tem o potencial de atender cerca de 3,5 mil pessoas e o estado já contava com duas UOMs em Cajazeiras e João Pessoa.

O investimento, nessa ampliação no estado, foi de R$ 4,55 milhões, ajudando a melhorar o atendimento odontológico para populações rurais, quilombolas, indígenas, assentadas e outras comunidades vulneráveis. A segunda fase do programa, prevista para conclusão em dezembro de 2025, entregará outras 400 unidades e mais 18 municípios paraibanos devem ser contemplados. Quanto ao acesso à Saúde Bucal, o estado tem a segunda maior cobertura populacional do país (91,53%).

Em todo o país, o investimento foi de R$ 152 milhões, beneficiando 1,4 milhão de pessoas. O Ministério da Saúde (MS) estima que a entrega das 800 unidades alcance 2,8 milhões de brasileiros. No estado, a expectativa é de que a ação das UOMs beneficie mais de 42 mil pessoas — cerca de 3.500 por unidade — nesta primeira fase. Com as entregas da segunda fase, esse número deve chegar a cerca de 105 mil pessoas. Os 12 municípios paraibanos recentemente contemplados foram Aroeiras, Capim, Cubati, Damião, Fagundes, Marcação, Mogeiro, Natuba, Pombal, Salgadinho, São Miguel de Taipu e Sumé. Segundo nota enviada pela assessoria do MS, a seleção dessas localidades contempla critérios como vulnerabilidade socioeconômica, baixa densidade demográfica, grandes distâncias territoriais e dificuldade de acesso aos serviços. “É exigido ainda que o município tenha Equipe de Saúde Bucal (eSB) cofinanciadas — que recebem recursos federais — e apresente demanda reprimida em saúde bucal. As UOMs não substituem os consultórios fixos, mas funcionam como extensão das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), integrando as diretrizes da Estratégia Saúde da Família e fortalecendo a equidade no cuidado. As unidades estão disponíveis e a retirada é de competência dos municípios”, esclarece a nota.

Um dos municípios paraibanos, contemplados nessa primeira fase, foi Aroeiras, que destaca, por meio de nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que a UOM somará no trabalho já realizado junto às UBSs locais, potencializando o acesso à saúde bucal por parte da população. “Hoje, o município conta com 10 unidades de saúde e 10 equipes de saúde bucal, o que já é um grande privilégio para nossa cidade. Mesmo assim, sabemos que Aroeiras tem um território grande e que, em algumas comunidades, o deslocamento até a unidade de saúde pode ser difícil. Pensando nisso, a UOM vem para aproximar o atendimento odontológico da população, levando cuidado e prevenção para ainda mais perto de quem precisa”, destaca o texto da nota.

Brasil Sorridente fortalece a rede de serviços

O MS destaca que o programa Brasil Sorridente tem transformado a saúde bucal no país, ao ampliar o acesso e fortalecer a rede de serviços. “Especialmente, com as Unidades Odontológicas Móveis (UOMs), que levam atendimento a comunidades de difícil acesso”, ressalta em nota. Na Paraíba, são 1.471 equipes de saúde bucal (eSB), 196 Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD), 113 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e 17 Serviços de Especialidades em Saúde Bucal (Sesb), alcançando mais de 91% de cobertura populacional — a segunda maior do país. Até julho de 2025, foram realizadas 285.640 primeiras consultas odontológicas e 144.054 tratamentos concluídos.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal — SB Brasil 2023, 58,4% das crianças paraibanas estão livres de cárie, enquanto a média nacional é de 53,17% e a do Nordeste, 48,73%. Já entre os adolescentes, 23,9% estão livres de cárie na Paraíba, em comparação a 33,80% no Brasil e 31,55% no Nordeste. “Esses números demonstram como os investimentos do Brasil Sorridente têm sido decisivos para melhorar a saúde bucal da população, especialmente em regiões historicamente mais vulneráveis”, ressalta a nota do MS.

De acordo com o coordenador Estadual de Saúde Bucal da Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB), Matheus Medeiros Souza, embora a execução da Atenção Básica em Saúde seja responsabilidade dos municípios, o Governo Estadual atua na fiscalização e orientação, para que as políticas nacionais sejam implementadas da maneira correta. “Nesse caso, por exemplo, das UOMs, embora não seja administrado pela SES-PB, nós, em conjunto com a área técnica de saúde bucal e a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa-PB), construímos uma nota técnica, que foi publicada em Diário Oficial, para orientar os municípios quanto à questão sanitária e, também, a questão funcional dessas unidades, e em relação a incentivos e financiamento”, explica ele.

Quanto à cobertura em saúde bucal no estado (91,53%), Matheus destaca que esse dado significa que, nos municípios, a maior parte das equipes de saúde da família também dispõem de uma eSB. “Isso demonstra que, em mais de 90% do território paraibano elas estão presentes. E a gente tem duas modalidades de eSB: a modalidade 1 e a modalidade 2. Na primeira, que é predominante, temos um cirurgião dentista e um técnico em saúde bucal ou auxiliar. Na segunda, temos um cirurgião dentista e dois técnicos de saúde bucal, ou um técnico e um auxiliar. Então, na primeira são dois profissionais e na segunda são três”, explica.

Ele diz, ainda, que a definição do número máximo de eSB em cada município é feita de acordo com o quantitativo populacional dessa localidade. “Esse número é igual ao número de equipes da Estratégia Saúde da Família, mas nem sempre o município tem o mesmo quantitativo dela e de eSB, o que seria o ideal. Mas isso fica a critério do planejamento de cada cidade, da gestão local, que tem um teto e pode atuar com esse número máximo ou com menos que isso. Por exemplo, um município me procurou recentemente para credenciar novas equipes, porque eles podiam ter até cinco, mas só tinham três atualmente, e iriam ampliar isso”, esclarece.

Ainda em termos de Atenção Básica em Saúde, o coordenador de Saúde Bucal da SES-PB, destaca que o Estado conta com outras ações importantes. Uma delas, é um aplicativo desenvolvido pelo professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Paulo Bonan, que ajuda no diagnóstico do câncer de boca. “É o Tele--Estomato. Com ele, o usuário que chega na Atenção Básica com uma lesão suspeita na boca, que pode indicar malignidade, tem o caso cadastrado nesse aplicativo. Com isso, a equipe do professor delibera com o grupo, que ajuda a ver os possíveis diagnósticos, dá um suporte, e dá os encaminhamentos corretos para o paciente. No caso da biópsia apontar, de fato, a malignidade, o paciente é encaminhado para o tratamento oncológico”, explica. Matheus diz, inclusive, que pelos resultados positivos que a ferramenta vem alcançando na Paraíba, o MS está buscando replicá-la em todo Brasil.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de setembro de 2025.