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no primeiro ciclo

PB Rural Sustentável atende 39,7 mil famílias

publicado: 22/09/2025 08h37, última modificação: 22/09/2025 08h37
Projeto do Governo do Estado, iniciado em 2019, soma investimento de US$ 80 mi
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Coordenador do PB Rural Sustentável, Omar Gama ressalta a importância do projeto | Fotos: Divulgação/PB Rural

por Pedro Alves*

A realidade do povo do campo na Paraíba vem melhorando em grande medida por conta do projeto PB Rural Sustentável, que terminou o seu primeiro ciclo em junho de 2025 e atendeu 39,7 mil famílias rurais paraibanas, atingindo cerca de 150 mil pessoas, somando um investimento de US$ 80 milhões. A primeira fase do projeto começou em 2019 e durou cerca de seis anos. O Governo do Estado agora organiza o PB Rural Sustentável 2 para dar continuidade aos investimentos na agricultura familiar e em obras voltadas ao desenvolvimento das populações do campo.

O projeto, que é uma parceria entre o Banco Mundial e o Governo da Paraíba, por meio do Projeto Cooperar, buscou melhorar a infraestrutura das localidades rurais e impulsionar a atividade produtiva e a comercialização de produtos da agricultura familiar num ciclo de seis anos. Trata-se de um misto entre gerar segurança alimentar e hídrica para os moradores de áreas rurais e dar condições para que uma produção alcance não só a subsistência, mas uma cadeia de mercado.

Foi o caso de uma cooperativa de mulheres em Pombal, que vendia polpas de fruta em uma escala comercial limitada, que envolvia a cidade e municípios vizinhos e agora exporta na América do Sul. Quem explica é o coordenador do PB Rural Sustentável, Omar Gama, que ressalta a importância do projeto, que, segundo ele, mudou a realidade de cooperativas e associações em vários municípios da Paraíba.

“Aí você vê um grupo de mulheres que tinha uma pequena associação, produzindo polpa de fruta lá em Pombal. E elas queriam aumentar a produção. O ideal seria que elas se transformassem em cooperativa porque poderia atingir o mercado privado. E aí o PB Rural foi lá e deu esse apoio. Elas se transformaram em cooperativa e hoje elas estão fazendo exportação para o Paraguai. Quer dizer, saindo polpa de fruta de Pombal para o Paraguai agora. E vários homens atualmente querendo atuar nessa cooperativa comandada por mulheres”, explicou.

Antônia Maria Silva, moradora do assentamento quilombola Comunidade do Matão, em Gurinhém, no Agreste paraibano, também fala da importância do projeto numa perspectiva de dignidade cidadã. “Aqui a gente não tinha água para beber, para tomar banho, lavar roupa. Agora temos uma água boa para usar. A vida da gente é outra”, disse.

Outros casos também se destacam no sentido de evolução enquanto cadeia produtiva e de negócios. Em Cabaceiras, a cooperativa Capribov, que produz leite e derivados, que iniciou suas atividades pasteurizando apenas 70 litros de leite de cabra, atualmente, por conta do PB Rural Sustentável, processa cinco mil litros e distribui para 22 municípios. Com investimento no negócio com recursos do projeto, hoje tem até um caminhão frigorífico.

Desenvolvimento de cooperativas e associações

O primeiro ciclo do PB Rural Sustentável teve o objetivo de construir obras para gerar segurança hídrica e no próprio desenvolvimento de cooperativas e associações. Foram 250 passagens molhadas entregues, compondo, segundo o Governo do Estado, o maior programa desse tipo no Nordeste.

Telas de placa solar diminuíram as despesas com energia

“O projeto tinha objetivo de entregar 4.500 cisternas, mas acabou construindo 12 mil, praticamente triplicando a quantidade, por causa da demanda existente para gerar segurança hídrica a famílias. Além das cisternas, foram entregues máquinas de dessalinização e feitas outras ações fundamentais para a melhoria do povo do campo”, argumentou Omar Gama.

Foram beneficiadas ainda 1.732 famílias com tecnologias sociais, como criação de galinha caipira, caprinocultura, apicultura com abelhas sem ferrão e cultivo de palma forrageira, para consumo das famílias e para vendas do excedente.

Cerca de 30 cooperativas foram fortalecidas no período por meio de alianças produtivas que melhoraram os processos internos e facilitaram o acesso ao mercado, e muitas ganharam telas de placa solar para diminuir as despesas com energia. O projeto abrangeu 222 municípios da Paraíba, priorizados de acordo com os indicadores de meteorologia, produção agrícola e aspectos sociais.

PB Rural Sustentável 2

Mesmo com o fim do primeiro ciclo do projeto, que foi de 2019 a 2025, o Governo do Estado não pretende parar com a política pública, analisada por Omar Gama como de muito sucesso, de credibilidade e que precisa ser compreendida como política de estado.

O PB Rural Sustentável 2, segundo Omar, deve começar ainda neste ano. O projeto já foi aprovado pelo Governo Federal e o financiamento, que novamente, em grande parte, vai ser realizado pelo Banco Mundial, também foi autorizado.

A documentação está sendo enviada conforme as demandas do Banco Mundial para que o investimento no desenvolvimento sustentável e a inclusão produtiva no campo continuem na Paraíba.

“O Banco Mundial tem um carinho todo especial com a Paraíba porque vê a coisa acontecer. Já tivemos uma aprovação por parte do Governo Federal, mas agora vamos para um caminho que envolve o Senado Federal e o Ministério da Fazenda. Eu mandei na semana passada um último documento que foi pedido. O governador João Azevêdo quer começar ainda neste ano o PB Rural 2”, explicou Omar.

No segundo ciclo, o objetivo vai ser seguir financiando cooperativas e o desenvolvimento de seus negócios e da agricultura familiar, obras de segurança hídrica, e haverá um caminho inédito do projeto: investir na melhoria do meio ambiente.

No PB Rural Sustentável 2, grande parte dos recursos vai servir para recuperar matas ciliares, evitar o desmatamento e a desertificação de regiões no estado, alinhando a defesa do meio ambiente com uma produção pujante, mas sustentável, melhorando a vida das pessoas do campo e também da natureza ao redor.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de setembro de 2025.