Histórias, música e bonecos. Uma das mais antigas fórmulas da cultura popular ganhará um novo estímulo, na Paraíba, com o projeto Resgatando Mamulengos. A iniciativa pretende atingir 60 participantes para ensinar a arte do teatro de bonecos entre outubro e dezembro deste ano.
A primeira parada da oficina é na Escola Estadual de Ensino Fundamental Desembargador Braz Baracuhy amanhã. Com 30 anos de atividade, a bonequeira Gel Venttannia fará um retorno ao universo dos mamulengos com o projeto. “Minha mãe é a mais antiga bonequeira de João Pessoa. Como ela ficou com problema nos punhos, ela não trabalhava mais com isso há 10 anos, mas agora aceitou esse desafio de voltar”, contou a idealizadora e coordenadora do Resgatando Mamulengos, Lua Isa.
Serão duas turmas com 10 participantes na escola de Ensino Fundamental. No total, a oficina tem duração de 10 horas, divididas em encontros semanais. O projeto alcançará a mesma quantidade de participantes em uma escola estadual de Ensino Médio.
Conforme a coordenadora, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a oficina será aberta a qualquer interessado, inclusive estudantes universitários da área de educação e professores. O objetivo geral do projeto é manter a tradição do teatro de bonecos viva por meio da formação de novos bonequeiros e novos públicos. A atividade chegará também à aldeia indígena São Francisco no mês de dezembro.
Mão na massa
Na oficina, os participantes começarão sua jornada com um pouco da história dos mamulengos. Eles também desenvolverão habilidades para confeccionar os bonecos, o palco para uma apresentação e criar histórias de até cinco minutos. “Minha mãe sempre trabalha com temas ambientais e contra o preconceito. É uma forma lúdica de ensinar as crianças”, comentou a coordenadora do projeto.
O Resgatando Mamulengos é um projeto financiado pela Lei Paulo Gustavo, gerida pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), no valor de R$ 50 mil. Além de ser direcionado para a compra do material a ser usado nas oficinas, o valor também cobre os demais gastos, como a equipe de trabalho que dá suporte a Gel Venttannia.
Memória afetiva
“Eu cresci vendo minha mãe fazer bonecos”, comentou Lua Isa. Como atriz, Lua chegou a contracenar com os bonecos que Gel Venttannia produzia e animava na Companhia Cabelo de Bruxa. “Eu era a humana da história”, destacou. Além de ver essa prática cultural diminuir, sua memória afetiva também foi um fator motivador decisivo para construir e executar o projeto.
Saiba mais
Oficina “Resgatando Mamulengos”:
- Público-alvo: pessoas a partir de 10 anos de idade.
- Local: Centro de Comunicação, Turismo e Artes da UFPB.
- Quando: Novembro
- Contato para inscrição: 99635-8236 (Lua Isa, coordenadora).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de outubro de 2024.