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Trabalhadores rurais ocupam a sede do Incra

publicado: 17/10/2023 08h44, última modificação: 17/10/2023 08h44
Manifestantes reivindicam avanço da reforma agrária e pautas emergentes
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Integrantes dos 23 acampamentos e de vários assentamentos estiveram na sede do Incra - Foto: Roberto Guedes

por Anderson Lima* (Especial para A União)

 O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, ontem, a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em João Pessoa. Cerca de 300 pessoas ligadas ao movimento, de todo o estado da Paraíba, dos 23 acampamentos e de vários assentamentos estiveram presentes na sede. O intuito era buscar o diálogo com a superintendência e com os técnicos do Incra, para reivindicar recursos federais para o assentamento das famílias.

De acordo com o MST da Paraíba, há cerca de 2.500 famílias sobrevivendo, com mais de 20 anos, debaixo de lona preta, pois não teve a permissão de posse, que é a obtenção de terra. Eva Vilma Alves, integrante do Movimento Sem Terra, explicou: “Nós estamos hoje reunidos no Incra, mas não é com um caráter de ocupação, é sobre visitar e fazer reuniões com o superintendente, porque a nossa luta principal, que não está sendo só na Paraíba, é justamente essa questão do orçamento”.

A maioria das pessoas ligadas ao movimento é de Alhandra, Pedras de Fogo, Mari, Sapé, Campina Grande, Patos, Souza. Na sede do Incra havia representação de todas as cidades que têm áreas do MST. Eva Vilma detalha que precisa de respostas sólidas por parte da superintendência, “queremos saber quando é que o Incra vai fazer o cadastramento? Quando é que vão mandar os técnicos para as áreas? Nós queremos respostas concretas. E para os nossos assentamentos, a questão das políticas públicas. A comercialização, reforma de casas. Então, o nosso intuito aqui é iniciar um diálogo e sair com respostas concretas”, concluiu.

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Foto: Roberto Guedes

A conversa com o Incra aconteceu pela “Jornada Nacional por Terra e Comida de Verdade para o Povo”, que acontece em todo o Brasil. O objetivo é pressionar o órgão paraibano e o Governo Federal para avançar com a reforma agrária e as pautas emergentes.

Ontem também foi comemorado o Dia da Soberania Alimentar, que visa erradicar a fome e a desnutrição, garantindo a segurança alimentar para toda população, pauta que também está sendo abordada, “por terra e comida de verdade para o povo”.

“Nós continuamos firmes, fortes e organizados. Eu acho que é por isso que a gente se mantém como o movimento social mais organizado da América Latina. Justamente por esse caráter de luta e movimento, sempre”, detalhou Eva Alves.

O superintendente do Incra, Antônio Barbosa, contou que o Governo Federal já conseguiu disponibilizar, até agora, 500 milhões para o PA geral, sendo 250 milhões para Conar e 250 milhões para ser executado entre estados e municípios. “Aqui na Paraíba, a gente conseguiu R$ 10 milhões, que já foi todo empenhado, conseguimos contemplar 38 projetos. Desses 38 projetos, eu fiz um levantamento, vi que tinha 10 projetos dos assentamentos, e no Brasil, dos 250 milhões, a gente já empenhou 40 milhões para esse projeto da reforma agrária. O que eu posso dizer é que desde que a gente conseguiu empenhar todo o recurso, a gente está atrás da suplementação”, ressaltou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de outubro de 2023.