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“Automação e Futuro do Trabalho” é lançado em João Pessoa

publicado: 18/11/2025 08h26, última modificação: 18/11/2025 08h26
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Evento promovido pela Livraria A União teve debate da obra | Foto: Roberto Guedes

por Marcelo Lima*

“Não tem saída: os robôs irão roubar os empregos dos humanos”. É justamente em contraposição a essa ideia dominante que o pesquisador Aaron Benanav escreveu “Automação e Futuro do Trabalho”. O lançamento do livro ocorreu na Biblioteca Juarez da Gama Batista, no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa.

Para esse momento, a Livraria A União, em parceria com a Boitempo Editorial, convidou os professores do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Mariana Roncato e Roberto Verás para um debate, sob a mediação do professor Maurício Rombaldi, na noite de ontem.

Na visão da professora, o autor não é um “tecnofóbico”. Ele na verdade tenta provar que não é o desenvolvimento tecnológico que tem tirado os empregos humanos nem vai supri-los no futuro. 

“O que está roubando nossos empregos é a escassez econômica, a sobrecapacidade produtiva, em que a tecnologia promete muito, mas ela não está eliminando os postos de empregos. O que está fazendo isso é a estagnação econômica, decisões econômicas, políticas decididas por humanos, que tiram direitos sociais e aumentam a jornada de trabalho”, disse Roncato, baseada na obra recém-lançada.

Para ela, as máquinas até conseguem avançar bastante na automação do trabalho industrial; no entanto, no setor de serviços, o cenário é outro. “A gente tem mais dificuldade de automatizar o trabalho do cuidado, de uma diarista, de uma enfermeira. Como não dá para se automatizar, se precariza”, concluiu a docente.

O professor Roberto Verás concorda com o estudo apresentado pelo autor, no qual a desaceleração do crescimento econômico mundial, a partir da década de 1970, se comparada com períodos anteriores, tem maior responsabilidade sobre a crise de empregos. “Isso é um problema político, e não determinado pela tecnologia”, defendeu Verás.

De acordo com o mediador Maurício Rombaldi, Benanav cita medidas paliativas para esse impasse econômico, como a intervenção do Estado e a adoção de uma renda básica universal. Embora apresente um diagnóstico contra-hegemônico, a obra não prescreve soluções mágicas, mas convida à reflexão coletiva. “Uma das contribuições que ele traz é repensar como a própria sociedade vê o trabalho, o tempo livre e como lidar com as inovações tecnológicas que surgem e estão sempre relacionadas com o futuro do trabalho”, disse o professor universitário.

O livro também é um manifesto contra o determinismo tecnológico. “Em vez de discutir o que a inteligência artificial vai fazer com o nosso futuro, ele fala que a gente tem que discutir o que a gente quer fazer com essa inteligência artificial”, observou Roncato. O livro pode ser comprado na Livraria A União por R$ 61.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de novembro de 2025.