O arcebispo metropolitano da Paraíba, dom Manoel Delson, lavou e beijou os pés de 12 adolescentes, no início da noite de ontem, na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, no Centro da capital. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, também esteve na celebração, acompanhada da desembargadora do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), Agamenilde Dias.
Discreta, a presidente da Justiça Eleitoral brasileira preferiu ficar nos fundos da igreja em uma das cadeiras extras, dispostas em celebrações com muitas pessoas. Entretanto, foi para a fila e recebeu a hóstia consagrada que, para os católicos, é o corpo de Cristo.
Ritual essencial da Missa da Ceia do Senhor, o lava-pés representa um dos últimos momentos de Jesus Cristo, em comunhão com seus apóstolos, antes de ser preso e crucificado. Neste ano, 12 adolescentes integrantes do movimento Segue-me foram os escolhidos para representar os primeiros discípulos cristãos.
“Escolhemos o Segue-me, que são crianças e adolescentes da paróquia, e realizamos catequeses com eles sobre isso. Na última ceia, contemplamos esse gesto de se cingir com uma toalha, tomar a jarra e a bacia e lavar os pés dos discípulos. Quem lavava os pés das pessoas, quando se entrava na casa dos judeus, eram os escravos. Isso mostra o gesto de Jesus de esvaziamento e rebaixamento”, explicou Allan Karlos, pároco da catedral.
O estudante Miguel Pinheiro, de 13 anos, foi um dos selecionados. Ele e seus colegas receberam o anúncio há uma semana. “É um momento muito importante na vida de cada um. Eu me senti muito lisonjeado na presença de Deus, é uma experiência que desejo para todo mundo. Acho que eleva o nível da nossa fé”, contou. O Segue-me é um movimento da Igreja Católica, voltado especialmente para pré-adolescentes e adolescentes.
Segundo o arcebispo dom Manoel Delson, o lava-pés é uma demonstração de serviço em direção ao outro. “Lavar os pés é amar, respeitar, ter paciência, compaixão. A vida do filho de Deus foi para lavar os nossos pés”, disse durante a homilia.
Procissão do Silêncio
Logo depois da missa, os fiéis ficaram concentrados, aguardando a Procissão do Silêncio, que saiu da Catedral para a igreja de Nossa Senhora do Carmo. O momento simboliza a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras, prestes a ser preso por soldados romanos. “A partir de hoje [quinta-feira], a igreja mergulha num profundo silêncio. Ouviremos apenas as matracas que representam o grito e a agonia do povo [na procissão]”, acrescentou o pároco Allan Karlos.
Saiba mais
Programação da Sexta-feira da Paixão
Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves:
- 9h - Via sacra.
- 12h - Ofício da agonia.
- 15h - Celebração da Paixão do Senhor e procissão do Senhor Morto.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de abril de 2025.