Mobilizar órgãos públicos, sociedade civil e movimentos sociais para denunciar casos de violência e pôr fim ao feminicídio na Paraíba. Este foi o objetivo do “Ato Público Pela Vida das Mulheres”, realizado, ontem, no Busto de Tamandaré, em João Pessoa. O evento, realizado pela Rede Estadual de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (Reamcav), reuniu – além de lideranças de movimentos ligados à luta das mulheres – representantes do Governo do Estado, da Prefeitura de João Pessoa, da Justiça da Paraíba e das forças de segurança pública.
A secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, participou do ato e destacou que a luta pelo fim da violência contra a mulher é coletiva e transversal. Para ela, é fundamental o engajamento da sociedade para denunciar e, consequentemente, coibir esse tipo de crime. “Não é possível que a gente consiga dormir enquanto uma vizinha é espancada. É possível ajudar com uma denúncia. A gente tem que fazer com que essa mulher seja amparada e, efetivamente, possa sair do ciclo da violência”, alertou Lídia.
Ainda segundo a secretária, a rede de apoio às mulheres, na Paraíba, é sólida e vem se esforçando, por meio da Reamcav, para ampliar os serviços que garantem proteção e segurança a esse público. “Este momento aqui é extremamente importante, porque o que nós queremos é dar um basta na misoginia (ódio às mulheres) e um basta no machismo. Só assim, conseguiremos transformar a sociedade em uma sociedade livre de violência contra as mulheres”, pontuou Lídia Moura.
Somente este ano, foram registrados 24 casos de feminicídio, na Paraíba, de janeiro a setembro, conforme dados disponibilizados pela Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social. Durante o evento, uma unidade móvel do núcleo de Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres esteve no local, prestando os serviços necessários, como registro de boletins de ocorrência, por exemplo.
A delegada e coordenadora do setor, Sileide Azevêdo, destacou que o evento representa o congraçamento de vários órgãos e setores do poder público. “Essa é uma luta de todos nós, movimentos que atuam no enfrentamento dessa violência e de todos que fazem parte da sociedade”, disse ao ressalvar que o feminicídio é um crime que pode ser evitado.
“A partir do momento em que nós nos unimos e nos dispomos a ajudar a mulher vítima de violência – considerando que muitas não têm condições psicológicas, físicas e, algumas vezes, financeiras para reagir ao agressor – estamos contribuindo para evitar que essa violência se agrave e vire mais um caso de feminicídio”, ressaltou a delegada Sileide Azevêdo.
Para Lila Ribeiro, coordenadora do Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, vinculado à Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Prefeitura de João Pessoa, o ato representa a união de forças das redes de proteção, que têm como missão, logicamente, promover a segurança a essa parcela da população, bem como ajudar na divulgação dos canais de atendimento e de acolhimento.“É importante ampliar essa divulgação para que essa mulher, quando perceber os primeiros sinais de violência, seja ele qual for, procure logo por ajuda. Afinal, a prevenção é o melhor remédio contra qualquer tipo de violência”, afirmou.
Durante o evento, houve apresentações artísticas, rodas de coco e microfone aberto para falas e discussões sobre a temática da violência contra a mulher.
Canais de Denúncia
- 180 – Central de Atendimento à Mulher
- 197 – Polícia Civil
- 190 – Polícia Militar
- 153 – Ronda Maria da Penha
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 27 de outubro de 2023.