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pelas forças navais

Israel confirma captura de paraibano

publicado: 06/10/2025 08h10, última modificação: 06/10/2025 08h10
João Aguiar Costa está entre os ativistas da Flotilha Global Sumud e viajava na embarcação Mikeno, que foi interceptada

por Redação (Com Agência Brasil)*

O paraibano João Leonardo Cavalcanti Aguiar Costa está entre os ativistas capturados pelas forças navais de Israel. Ele faz parte da Flotilha Global Sumud e estava na embarcação Mikeno. Na última quinta-feira (2), o sistema de monitoramento Flotilla Tracker mostrou que o navio se encontrava em águas territoriais palestinas, mas os ativistas estão incomunicáveis. O governo israelense planeja a deportação de todos.

Com a interceptação da Mikeno, Catalina e Marinette, o Movimento Global para Gaza informou que todas as embarcações que faziam parte da Flotilha Global Sumud foram interceptadas e os 461 integrantes foram capturados. Desse total, 15 são brasileiros. Além dos 11 que já haviam sido capturados, mais quatro foram levados pelos militares conforme as embarcações foram sendo interceptadas.

Os últimos brasileiros a serem capturados foram Nicolas Calabrese, Hassan Massoud, João Aguiar e Miguel de Castro. Aguiar é ativista do Movimento Global para Gaza e do Núcleo Palestina do Partido dos Trabalhadores de São Paulo.

A última abordagem ocorreu às 4h29 (horário de Brasília), quando os tripulantes do barco Marinette foram levados pelas forças navais israelenses. Imagens divulgadas nas redes sociais do movimento mostram um dos integrantes do grupo comunicando que o navio militar havia sido avistado a cinco minutos de distância. Outra publicação mostra as imagens do momento da abordagem.

O Ministério das Relações Exteriores voltou a condenar a captura de todos os brasileiros por meio de nota. “[O governo brasileiro condena] a interceptação ilegal e a detenção arbitrária, por Israel, na última madrugada, em águas internacionais, das embarcações que integram a Flotilha Global Sumud, assim como a detenção ilegal de ativistas pacíficos, dentre os quais 15 nacionais brasileiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins”. O governo brasileiro informa ainda que notificou o governo de Israel.

Deportações

O Ministério das Relações Internacionais de Israel publicou fotos de alguns integrantes da Flotilha Global Sumud com a afirmação de que “estão em andamento procedimentos para encerrar a provocação do Hamas--Sumud e finalizar a deportação dos participantes dessa farsa”.

Defesa jurídica

Por meio de nota, o movimento informou que os integrantes são representados juridicamente pelo Centro Jurídico para os Direitos das Minorias Árabes em Israel (Adalah, justiça em árabe). De acordo com o informe, é o primeiro centro jurídico administrado por árabes palestinos em Israel e a única organização a atuar nos tribunais israelenses para proteger os direitos humanos dos palestinos na região.

De acordo com o movimento, os participantes foram transferidos para a prisão de Kesdiot, no deserto de Negev, instalação localizada entre Gaza e o Egito, distante aproximadamente 30 km da fronteira egípcia.

“Até o momento, pouquíssimos participantes assinaram o Pedido de Saída Imediata. Os participantes foram informados, previamente, que poderiam assinar o documento que permitiria um processo de liberação mais rápido. No entanto, sem a assinatura desse pedido, a legislação israelense permite a detenção por até 72 horas (três dias).”

Segundo a nota, tal documento implica o reconhecimento da entrada ilegal em Israel e o banimento por mais de 100 anos da região. De acordo com o relato dos juristas que acompanham o caso, durante os interrogatórios, os ativistas foram visitados por dois ministros israelenses, inclusive o da Defesa, Itamar Ben-Gvir.

“A presença dessas autoridades no local chama atenção e indica a tentativa de intimidação política do governo sionista e reforça a necessidade de vigilância constante por parte das equipes diplomáticas e jurídicas envolvidas”, reforça.

Greve de fome

O informativo destaca ainda o início de uma greve de fome declarada por alguns dos integrantes do grupo internacional. “Sendo essa uma reconhecida prática de desobediência civil pacífica, usada historicamente por indivíduos e grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade ou cujas vozes foram sistematicamente silenciadas pelas estruturas de poder”, destaca.

Nova onda

Uma nova onda de nove embarcações denominada Freedom Flotilha Coalition deixou a Europa em direção à Faixa de Gaza. Até o momento, o grupo não informou se há brasileiros nas embarcações.

Hamas anuncia que aceita proposta de paz

Por: Pedro Lima (Agência Estado)*

O Hamas anunciou, ontem (03), que aceita pontos centrais da proposta de paz apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluindo a libertação de reféns israelenses e a transferência da administração de Gaza.

Em comunicado, a organização afirmou que a decisão foi tomada “a partir da responsabilidade nacional e do compromisso com os princípios, direitos e interesses supremos do nosso povo”, após “amplas consultas” com lideranças, facções palestinas e mediadores regionais.

O prazo final dado por Trump encerrava-se às 19h (horário de Brasília) de amanhã.

O grupo antecipou-se e declarou sua “concordância em libertar todos os prisioneiros israelense, vivos e restos mortais, conforme a fórmula de troca prevista na proposta do presidente Trump, mediante condições adequadas no terreno para a operação”.

Segundo o texto, o Hamas confirma sua disposição de entrar “imediatamente, por meio dos mediadores, em negociações para discutir os detalhes”. Outro ponto ressaltado foi a disposição de abrir mão do controle direto da Faixa de Gaza.

O Hamas reiterou sua aceitação em transferir a administração da Faixa de Gaza para uma Autoridade Palestina composta por membros independentes, “com base em consenso nacional palestino e apoiada por países árabes e islâmicos”.

A nota também destacou que outras questões ligadas ao futuro de Gaza e aos “direitos legítimos do povo palestino” devem ser tratadas em “um quadro nacional palestino abrangente”, baseado em resoluções internacionais.

O movimento afirmou valorizar “os esforços árabes, islâmicos e internacionais, bem como os de Trump, voltados a deter a guerra contra a Faixa de Gaza”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de Outubro de 2025.