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“deu no jornal”

Livro reflete jornalismo e cotidiano

publicado: 25/02/2025 09h13, última modificação: 25/02/2025 09h13
Textos publicados por Agnaldo Almeida, entre 2012 e 2013, foram reunidos pela esposa dele, Naná Garcez
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Naná Garcez autografou exemplares no lançamento da obra, que aconteceu no Espaço Cultural | Fotos: Carlos Rodrigo
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Primeira-dama prestou homenagem ao jornalista
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2025.02.24 lançamento Deu No Jornal © Carlos Rodrigo (33).JPG
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por Marcelo Lima*

Inquieto, generoso e técnico. Esses são adjetivos pelos quais jornalistas que trabalharam com Agnaldo Almeida o qualificaram durante o lançamento do seu primeiro livro: “Deu no Jornal — volume 1”. O evento ocorreu ontem, no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa.

A escolha da data do lançamento não foi aleatória. Hoje, a morte do “ombudsman da imprensa paraibana” completa um ano. A reunião de textos publicados, no Jornal A União, em 2012 e 2013 — dois primeiros anos da coluna homônima do livro — foi de autoria da diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, esposa de Agnaldo. “A coluna era um resumo do pensamento dele em relação à prática do jornalismo, do exercício da cidadania, da ética. Então, resolvi organizar esse primeiro volume”, disse.

Além dos próximos volumes de “Deu no Jornal”, os leitores poderão, em breve, conhecer as incursões de Agnaldo por outros gêneros. “Ele deixou histórias de redação, da convivência com colegas de redação. Deixou também um livro sobre política, deixou ainda poesias organizadas e crônicas”, revelou a diretora-presidente.

Publicada entre 2012 e 2016 (posteriormente houve a mudança de nome), a coluna Deu no Jornal trazia uma visão ampla e profunda de temas de interesse público e sobre a própria cobertura jornalística desses assuntos. Para o diretor de Mídia Impressa da EPC, William Costa, o livro não está datado. “É uma espécie de manual de jornalismo, de literatura e de vida. Além de dominar a técnica narrativa, Agnaldo reflete sobre as regras de redação, as novidades no exercício do jornalismo, vinculando-o a questões existenciais, individuais ou coletivas. É para ser adotado nos cursos de Comunicação e lido por todas as pessoas que se interessam pelo tempo e espaço em que vivem”, argumentou.

A primeira-dama da Paraíba, Ana Maria Lins, foi emissária de uma mensagem do governador João Azevêdo. “Hoje é dia de homenagear um dos grandes nomes do jornalismo paraibano, que fez e que contou histórias, sempre pautado na ética, na apuração rigorosa e no texto irretocável”, classificou.

Para a filha caçula, Vanina Almeida, de 31 anos, o livro é uma oportunidade de ampliar a visão sobre o próprio pai. “Achei uma incrível oportunidade de redescobri-lo. Era uma coisa que eu escutava muito falar, que ele era reconhecido pelo trabalho. Mas a visão que eu tinha era a visão de casa. O livro, neste momento em que estou na minha vida,  vai ser uma nova forma de me relacionar com ele. Acho que até do ponto de vista do luto, da saudade, é uma experiência interessante de visitar”, declarou a médica, que enfrentou três dias de carro entre Campinas (SP) e João Pessoa só para presenciar o lançamento.

O jornalista e colunista decano de A União, Gonzaga Rodrigues, assinou o prefácio do livro. “Mais que um companheiro, um colega, ele se tornou um irmão meu, um irmão que discordava de mim, um sujeito muito inteligente e que escondia o acervo de lições e cultura que tinha desde o seminário”, comentou.

Trajetória

Campinense nascido em 1951, Agnaldo Almeida tinha formação superior em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Apesar disso, dedicou mais de 50 anos de carreira ao jornalismo. Começou sua história como “narrador do cotidiano” na sucursal do Jornal Correio da Paraíba, em Campina Grande, na década de 1970.

Seguiu sua carreira nos jornais O Norte, Correio da Paraíba e O Estado de São Paulo. Exerceu as principais funções jornalísticas: repórter, redator, colunista e editor. O rigor técnico em todas as pontas do jornalismo o levou naturalmente à liderança das redações. No Jornal A União, foi editor-geral. Profissional multimídia, foi responsável por montar a primeira equipe de reportagem da TV Cabo Branco, na segunda metade da década de 1980, emissora onde apresentou comentários políticos.

Também gotejou seu talento na comunicação organizacional. Na década de 1990, ocupou o cargo de secretário de Comunicação do Governo do Estado, na gestão de Ronaldo Cunha Lima. Coordenou a Comunicação da Assembleia Legislativa da Paraíba e da Câmara Municipal de João Pessoa. Também colaborou com as entidades do seu campo profissional, como a Associação Paraibana de Imprensa (API) e o Sindicato dos Jornalistas da Paraíba (Sindjor-PB), e chegou a ser delegado da categoria na Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Há exatamente um ano, em 25 de fevereiro de 2024, Agnaldo morreu por complicações decorrentes de um câncer de fígado, diagnosticado em 2021.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de fevereiro de 2025.