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Paraíba realiza 1ª mostra sobre Cannabis

publicado: 10/01/2024 08h47, última modificação: 10/01/2024 08h47
Exposição reúne obras de artistas do Brasil, entre artes plásticas e vestuário, além de peças do acervo da instituição
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Foto: Ortilo Antônio

por André Resende*

Uma das formas mais eficazes de combater o preconceito é promover a arte como um canal de questionamento sobre as certezas que estão postas e regem as opiniões predominantes da sociedade. Partindo dessa perspectiva, a Abrace Esperança, primeira instituição autorizada judicialmente a cultivar e fornecer derivados da Cannabis sativa para fins medicinais, iniciou, ontem, a Exposição Brasileira de Cannabis, no Museu da instituição, localizado no Parque da Lagoa, no Centro de João Pessoa.

A exposição reúne obras de vários artistas do Brasil, variando entre artes plásticas e vestuário, além de peças que já integravam o acervo da própria Abrace, como livros, fibras de cânhamo, fotografias antigas e recentes que abordam o cultivo da cannabis, além dos próprios óleos feitos da maconha que são produzidos pela instituição responsável pelo museu.

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Cassiano Gomes, presidente da Abrace Esperança, diz que a exposição mostra o lado medicinal da Cannabis - Foto: Ortilo Antônio

“Abrimos um edital para selecionar as melhores obras sobre cannabis, na verdade a gente nem esperava que fosse haver muita adesão. Mas tivemos um grande número de inscritos, temos obras de todo Brasil, daqui da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, da Bahia. Está sendo uma devolução à sociedade também, porque é um prédio histórico que deve ser preservado. Além de tudo, precisa ser movimentado o mês de janeiro, aproveitando que temos muitos turistas na cidade”, comentou Cassiano Gomes, presidente da Abrace Esperança.

O vendedor Fabrício Costa de Almeida, de 28 anos, morador de João Pessoa, aproveitou o primeiro dia da exposição para conhecer as obras. “Acho muito importante conhecer, fazer presença, porque é uma questão que ainda é muito criminalizada, mas sabemos que é uma substância que ajuda muitas pessoas na questão medicinal. Eu acredito que a descriminalização seria o melhor caminho”, opinou.

A entrada para conferir a exposição é de dois quilos de alimentos não perecíveis. De acordo com Cassiano Gomes, todos os alimentos arrecadados serão destinados ao hospital filantrópico Padre Zé. As obras de arte expostas também podem ser adquiridas por quem visitar o museu, com preços que variam de acordo com o trabalho de cada artista.
“A gente tem artistas como Gutemberg Pádua Melo, que é daqui da Paraíba, e pintou um quadro muito lindo batizado Santo Remédio, que faz bastante alusão ao que a gente realmente está dizendo: a cannabis é um milagre”, comentou Cassiano. Para o presidente da Abrace, a iniciativa da exposição é uma forma de apresentar o tema a partir de uma premissa pedagógica.

“A gente sabe que é educando que vai fazer com que as pessoas mudem de mentalidade. Na Abrace temos uma outra conotação, a gente acredita que tratando, mudamos a realidade das pessoas. O museu e a exposição servem para isso, mostrar o outro lado, trazer evidência de que existem pessoas que utilizam essa planta do lado medicinal. Se existe uma criminalidade hoje é porque nasceu do proibicionismo de uma planta histórica”, finalizou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de janeiro de 2024.