O Prêmio Literário José Lins do Rêgo lançou cinco livros na noite de ontem, no Espaço Cultural, em João Pessoa. Realizado a partir da parceria da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) e Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), pela quarta vez, a edição deste ano produziu dois mil exemplares das obras selecionadas.
São cinco títulos de gêneros, autores e cidades distintas. Para a diretora-presidente da EPC, Naná Garcez, essa é uma oportunidade de fazer o público descobrir autores de qualidade, mas que não tinham acesso a editoras. “Muita gente tem o livro guardado na gaveta e não tem como publicar. Todo prêmio é uma porta aberta para ingressar no mercado. É um espaço democrático, aberto, gratuito que gera um livro publicado”, declarou.
Um dos premiados foi o jornalista Mateus Araújo, de 28 anos. Filho de agricultores do Cariri paraibano, o jovem escritor viveu sua infância e adolescência no sítio Poço Verde, em Boa Vista. Estudante de escola pública, tornou-se jornalista pela Universidade do Estado da Paraíba (UEPB) há cinco anos, fez mestrado e ontem lançou seu primeiro livro.
“Chorei bastante ao saber que fui selecionado e era algo que eu sempre quis. Sou um grande desaforo para o nosso sistema, porque pessoas que vêm de baixo, como eu, não costumam ocupar esses espaços”, disse, lembrando que veio de uma região evidenciada pela seca e da origem simples dos pais semianalfabetos.
As cem crônicas publicadas em “A bença” foram produzidas durante a pandemia com inspiração no ambiente do Cariri. “Aquele lugar tem muitas belezas e nuances que precisam ser contadas. Comecei a publicar as crônicas nas redes sociais e recebi avais positivos”, contou Araújo.
Para o prêmio, o jornalista foi especialmente incentivado por um professor que reconheceu o seu talento e apostou nele. Araújo superou outros seis concorrentes na disputa da categoria.
As produções literárias foram avaliadas por critérios, como: originalidade e relevância da obra; qualidade escrita do texto; e impacto na sociedade e contribuição à cultura. Os demais vencedores foram na categoria Poesia, Gilvan Moura de Holanda contemplado por “Monólogos poéticos” (João Pessoa); na categoria Conto, Ramon Talles Ferreira Silva destacou-se com “Perturbador: contos de terror e ficção científica” (Condado). Entre os romances, Luis de Carvalho foi selecionado em razão de “O segredo da terra preta: lapinha de Mituaçú” (Conde); no gênero infantojuvenil, Jéfferson Radan Batista Rocha conquistou o direito à publicação com “Um monstro no espelho”. Cada título terá 400 exemplares impressos. Parte desse total será direcionada para o Sistema Estadual de Bibliotecas, entre elas a Biblioteca Juarez da Gama Batista, localizada no Espaço Cultural. Outra parcela dos livros será destinada à comercialização pela livraria A União, inclusive nos diversos eventos do calendário cultural anual. Os autores terão direito a uma cota de 50 exemplares de suas respectivas obras.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de dezembro de 2024.