Profissionais terapêuticos vinculados à Clínica Estima, que atende pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e pais e mães de pacientes realizaram um protesto, na manhã e tarde de ontem, em frente à Unimed-JP.
De acordo com os responsáveis, o plano de saúde reduziu a transferência de recursos para a clínica, inviabilizando o pagamento de mais de 400 profissionais e atingindo entre 1.200 e 1.300 pacientes na capital.
A reivindicação dos manifestantes é que o restabelecimento dos repasses financeiros permita a retomada dos atendimentos na própria clínica, suspensos desde quinta-feira por decisão dos profissionais e em concordância com familiares dos pacientes.
De acordo com Iorhanna Guedes, psicóloga que presta serviços à Estima e uma das participantes do protesto, os recursos foram reduzidos devido a um impasse na auditoria dos atendimentos, realizada pela Unimed João Pessoa.
Ela afirma que, a partir de janeiro deste ano, os profissionais de saúde negaram-se a apresentar os relatórios completos de evolução dos pacientes, por entenderem tratar-se de invasão de privacidade, e que, mesmo após a apresentação de relatórios adaptados, o plano de saúde seguia dificultando as negociações para a retomada dos valores, o que levou a clínica a interromper o pagamento desses trabalhadores.
O receio do retrocesso na evolução dos pacientes motivou a realização do protesto, que contou com a participação de mais de 200 pessoas, entre profissionais de saúde e familiares de pacientes. Conforme relatou Iorhanna, o objetivo era estabelecer um diálogo direto entre os manifestantes e a Unimed João Pessoa. “Alguns responsáveis técnicos chegaram a conversar com a empresa, mas não houve mais abertura. A gente não quer brigar, a gente quer resolver”, afirmou.
A Unimed-JP, por sua vez, informou em nota que a própria Estima já decidiu pelo desligamento da rede de atendimento para terapias especiais, mas firmou o compromisso de garantir a assistência às pessoas com autismo até o fim do contrato com o plano de saúde.
A Unimed explicou ainda que a clínica deverá conduzir a migração dos pacientes para as demais instituições que integram a rede prestadora, de acordo com um plano de migração estruturado pela empresa encarregada dos repasses.
A decisão firmada entre a Unimed João Pessoa e a Estima, contudo, não agradou aos pais e mães dos pacientes, que desejam ser acompanhados pelos mesmos terapeutas. O técnico industrial Sérgio Menezes esteve no protesto de ontem e é pai de Ana Beatriz, uma criança autista de 12 anos e usuária dos serviços da clínica desde 2018.
Segundo ele, a menina vinha sendo atendida por uma equipe multidisciplinar, com fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos, psicomotristas e fisioterapeutas, bem como uma analista comportamental e uma assistente terapêutica. A possibilidade da interrupção desses atendimentos ou da mudança dos profissionais responsáveis o preocupa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de março de 2024.