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Com o tema “Bordados que contam história”, 400 artesãos do estado vão expor seus trabalhos a partir de 8 de junho

34º Salão do Artesanato Paraibano: evento será lançado hoje, em CG

publicado: 01/06/2022 09h42, última modificação: 01/06/2022 09h42
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Foto: Secom-PB

por Nalim Tavares*

Após dois anos de pandemia, o Salão do Artesanato Paraibano volta a ser realizado presencialmente. De 8 de junho a 3 de julho, o evento, que está na sua 34º edição, estará acontecendo no Museu de Arte Contemporânea (MAC), no bairro do Catolé, em Campina Grande. A entrada é franca, com a doação voluntária de 1kg de alimento não perecível. Neste ano, o Salão do Artesanato traz como tema “Bordados que contam histórias”. Nesta quarta-feira, às 10h, o evento será lançado à imprensa, no Museu de Arte Contemporânea (MAC)/Unifacisa, em Campina Grande.

A gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), Marielza Rodriguez, conta que, no lançamento à imprensa, todo o planejamento do evento será anunciado com mais algumas novidades: “Podemos antecipar que ampliamos as parcerias para a realização do evento, e estamos beneficiando ainda mais instituições sociais, à exemplo do ateliê Fernanda Bevenutti, onde as reeducandas LGBTQIA+ confeccionam bonecas e fazem tricô, crochê e fuxico. Elas estarão expondo e vendendo seus produtos durante a feira.”

Segundo Marielza, a cada nova edição, o evento busca homenagear artesãos diferentes, que ainda não passaram por essa experiência no Salão do Artesanato Paraibano: “Foi assim em 2019, com o ‘Labirinto, a arte que une gerações’; com o metal em 2020, ‘Metal que vira arte’; com o patchwork e o fuxico, em 2021, ‘Retalhos que conectam vidas’, e com as escamas e mariscos, e em janeiro de 2022, ‘Toda Arte que vem do Mar’”, explica a gestora. “Retornamos ao Maior São João do Mundo homenageando os artesãos que bordam. ‘Bordados que contam histórias’. Histórias de vida, de superação, de famílias, de tradições e de tantas emoções. Bordadeiras e bordadeiros, porque homens também bordam. E essas histórias vocês poderão conhecer mais, visitando nosso salão.”

Serão cerca de 400 expositores, representando os municípios de todas as regiões da Paraíba. A expectativa é atender ao maior fluxo turístico da cidade, na época da festa conhecida como o “Maior São João do Mundo”. Para Marielza, “é maravilhoso retornar a Campina Grande, presencialmente. Depois de tanto sofrimento, chegou a hora de festejarmos novamente o maior São João do Mundo, com um evento que já faz parte do calendário. Os artesãos estão sedentos por essa oportunidade, que com certeza vai ser um sucesso.”

Uma das expositoras deste ano é Euridice Honorato, de 70 anos, que trabalha com o bordado desde os 10 anos de idade. Por muito tempo, por causa da carga horária de três expedientes no trabalho, ela precisou deixar a paixão de lado, e só voltou a bordar em 2008, depois de aposentada. Hoje, Euridice é a cabeça por trás da Mufaban — que significa “Mulheres Unidas Fazem Bordado em Alagoa Nova” — e contribui para a renda de uma equipe que vai de 15 a 20 mulheres. “Eu preparo o bordado, risco e dou para elas.”, explica Euridice. “As bordadeiras levam para casa, eu dou todo o material, e quando elas terminam de bordar, trazem o bordado de volta e eu pago a elas. Elas ficam muito satisfeitas, porque é uma renda. A maioria mora na zona rural e não tem renda nenhuma.”

Euridice começou a participar de Salões de Artesanato em 2013, viajando para diversos lugares do Brasil. “Em novembro, participei de um salão em Brasília. Em dezembro, de outro, em Belo Horizonte. Em janeiro, mais um em João Pessoa. Em maio, em Brasília outra vez. E agora, em junho, vou estar em Campina Grande. Salões de Artesanato são a minha salvação. A minha e a das pessoas que trabalham comigo.” Alegre com a escolha do tema do 34º Salão do Artesanato Paraibano, Euridice comenta: “O bordado, para mim, é muito importante. Eu não sei mais viver sem bordar. Os Salões são essenciais, porque se não fossem por eles, a gente talvez não tivesse um lugar onde vender. Eu passei dois anos sem ter onde vender, só acumulando e, graças a Deus, tive material o bastante para esses salões que apareceram. E agora para os futuros, porque estamos sempre trabalhando, eu e o meu grupo.”

Outra expositora é a Rafaela Araújo, de 30 anos, que começou a se interessar pela arte do bordado em 2018. Depois de ver alguns bordados que lhe chamaram a atenção, Rafaela tentou reproduzi-los em feltro, seguindo a intuição. O primeiro trabalho não deu certo, mas ela continuou interessada e começou a pesquisar formas e materiais corretos para o bordado. Valendo-se da internet, por tentativa e erro, Rafaela aprendeu a bordar e hoje trabalha especialmente com itens de maternidade e casamento.

Esse é o primeiro ano de Rafaela em um Salão de Artesanato. Ela conta que “foi muito legal receber esse convite para ser homenageada, porque eu já estava nessa busca de poder entrar no salão de alguma forma. Fiz minha carteirinha de artesão esse ano, justamente para poder me inscrever.”

Ao ficar sabendo do tema do salão, Rafaela ficou ainda mais empolgada para participar. “Estou muito ansiosa e entusiasmada, porque a temática é linda, o bordado é lindo e ver nossa arte sendo posta em destaque pra mim não há melhor! Espero que as pessoas se encantem com o bordado e com toda a mensagem que ele passa”, ela diz. “Os bordados são muito mais que linhas e agulhas no tecido. Eles são a materialização de um sentimento, de uma história.”

O evento é uma realização do Programa do Artesanato Paraibano, ligado à Secretaria do Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico (SETDE), com o Sebrae-PB. Os alimentos, doados voluntariamente na entrada do salão, serão entregues às instituições carentes e, para reiterar a questão ecológica e a preservação do meio ambiente, o uso de canudos e sacolas plásticas estão proibidos. Além dos estandes de artesanato, os visitantes também poderão contemplar várias atrações culturais e provar comidas típicas, que serão oferecidas na Bodega, dentro da praça de alimentação. Durante o seu período de exibição, o evento estará aberto no Museu de Arte Contemporânea de Campina Grande, das 15h às 22h.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 1 de junho de 2022