O VLT chegou às 14h15 na Estação Varadouro, em João Pessoa, e parecia mais do mesmo. Parar, esperar gente descer e subir, e seguir o ritmo. Mas foi só o maquinista abrir a janela do vagão de condução, deixando à mostra a luva branca e a manga vermelha, para que as cerca de 50 crianças ali presentes se expressassem em gritos e expectativa. Há cerca de 10 anos, Papai Noel deixa as tradicionais renas e o trenó de lado para conduzir um Veículo Leve sobre Trilhos, como parte do projeto Natal no Trem, da Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU). Reunindo alunos com idades de seis a 10 anos da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Padre João Félix, do Porto do Capim, a edição deste ano da iniciativa ocorreu ontem, com a distribuição de sacolinhas de presentes e a realização de brincadeiras junto à trupe do Palhaço Jajá, além do registro de fotos ao lado “bom velhinho”.
Yasmim, estudante do segundo ano do Ensino Fundamental, esteve pela primeira vez no evento. “Gostei de tirar foto com o Papai Noel, gostei muito dele e das brincadeiras”, contou a garota de oito anos. Cursando o terceiro ano do Ensino Fundamental, Cauê, da mesma idade, também aprovou a experiência: “Gostei demais das sacolinhas e das brincadeiras. O Papai Noel me surpreendeu, gostei demais da foto com ele”.
Este é o segundo ano em que a escola participa da ação da CBTU. Entre os profissionais que cuidaram das crianças na estação, estava Lílian Silva, pedagoga do segundo ano fundamental do colégio. Antes da chegada do chamado São Nicolau Ferroviário, que partiu de Cabedelo, no início da tarde, ela falou sobre o que sentiam os alunos contemplados pela iniciativa. “Eles estão bastante ansiosos. Quando ele chega, a gente não consegue mais controlar. Eles ficam bem animados, entusiasmados, todo mundo quer tirar foto, agarrar, beijar o Papai Noel, fazer um pedido. E aí, ele chega e dá presentes para todo mundo”, relatou.
Por baixo da barba
Maquinista há 21 anos na CBTU, o Papai Noel do Natal no Trem, que prefere não declarar sua identidade, revelou que assume o papel há uma década, quando a companhia retomou um antigo projeto natalino que estava adormecido e o convidou para participar. Perguntado sobre o que o mantém à frente da ação após todo esse tempo, ele confessou: “Se souber a resposta, vou ganhar um milhão de dólares, porque é tão pessoal, é tão subjetivo, é tão íntimo, é tão ‘de dentro’. Eu vou dizer o quê? Que eu gosto, eu amo, gosto de ter criança do meu lado. É uma pequena contribuição que dou à sociedade, a essas crianças, a mim mesmo”.
Deysi Mota, coordenadora de Comunicação e Marketing da CBTU, explicou que a iniciativa de Natal se inclui entre outros projetos desenvolvidos em parceria com instituições locais. “É um projeto que coroa todo um trabalho educativo com as escolas, as crianças e as comunidades durante todo o ano. Fazemos processos de educação sobre manutenção da via e dos trens, com passeios e atividades, para que as crianças entendam que o trem pertence a elas e que também é responsabilidade delas”, frisou.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de dezembro de 2024.