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Agricultura familiar da Paraíba inspira Moçambique e Mali

publicado: 09/09/2019 10h58, última modificação: 09/09/2019 10h58
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A experiência do sistema de associação familiar, que promove ações integradas no meio rural da Paraíba, será levada aos países africanos de Moçambique e Mali, onde há uma carência de participação das pessoas nesse processo, sobretudo na produção sustentável de algodão orgânico.

O anúncio partiu da diretora de Serviços de Promoção de Mercados e Acréscimo de Valores do Instituto do Algodão de Moçambique, Ancha Ainadine, que integrou como convidada a missão técnica do Projeto Cooperação Sul-Sul Trilateral executado pelo Governo brasileiro.

O diretor geral do Instituto do Algodão de Moçambique, engenheiro agrônomo Luís Tomo, integrante da missão, disse ter observado na Paraíba que os produtores rurais sabem conviver com as adversidades climáticas, escolhendo as prioridades diante de pouca água que dispõem, sabendo usar para produzir sua agricultura e com isso ter uma renda familiar. “O algodão, em nosso país, dá mais empregos para as famílias que outra atividade no campo. Onde estivemos aqui, estavam presentes a extensão rural e a pesquisa, com os órgãos trabalhando de forma integrada em favor do homem do campo”, reconheceu.

Outra ação destacada por eles, foi o respeito ao meio ambiente, com um trabalho sustentável. “Temos que ter algodão de forma a não prejudicar o meio ambiente. Vimos boas iniciativas que levaremos para nossos países”, afirmou. Representando o sentimento de todos, sobretudo do grupo africano, Luís Tomo afirmou: “Saímos mais enriquecidos e com mais conhecimentos, com uma bagagem de experiências para levar aos nossos produtores”.

Ponto positivo - O representante do Governo de Mali, Abdaulaye Diarrra, também destacou o modelo de organização das famílias praticado no Nordeste, a partir do que presenciou na Paraíba, como sendo aplicável para o seu país, que tem características semelhantes. “Apesar das hostilidades do Semiárido, as famílias podem produzir adequadamente, e assim sabemos que poderemos reduzir o êxodo rural em nosso país com ações semelhantes”, comentou.

Ambos concordam que a assessoria técnica oferecida pelo Programa de Assistência Técnica Rural às famílias quer moram no campo é um ponto positivo para melhorar a qualidade de vida das pessoas, e que, em seus países, uma vez implantado, proporcionará os mesmos resultados. “Temos muito que aprender com o Brasil, vamos continuar buscando o melhor rendimento e solicitando ajuda das pesquisas desenvolvidas no Brasil”, disse.

“O Governo do Estado, por meio da Empaer, tem uma grande vertente social que acompanha as mulheres e as crianças, estimulando a frequentar as escolas”, acrescentou Abdaulaye Diarra, lembrando que seu país o foco da agricultura sempre foi a produção de algodão e que, agora, vai trabalhar para que seja mais sustentável. Neste ano, Mali prevê o cultivo de algodão em 750 mil hectares, mas com baixo rendimento. As práticas que observou, disse, ajudaram a melhorar a qualidade e a produtividade dessa cultura nos países africanos.

A coordenadora do projeto Mais Algodão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Adriana Gregolin, lembrou que os integrantes dos três países tiveram oportunidade de conhecer duas realidades em regiões diferentes. Uma foi a produção de algodão em grande escala no estado de Goiás, e a outra foi na Paraíba, onde o trabalho com essa cultura é feito basicamente com agricultores familiares, em pequenas áreas de terra, contando com um programa de compra garantida e assistência técnica continuada.

Ela ressaltou que a missão na Paraíba teve oportunidade de conhecer não apenas famílias que trabalham com algodão, mas outras atividades que ajudam na renda e na melhoria da qualidade de vida. Disse que o grupo teve oportunidade também de conhecer as pesquisas de melhoramento genético com bovinos e outros animais, e de essências florestais, de raízes e grãos desenvolvidas pela Empaer, um trabalho executado há anos pela ex-Emepa, que serão úteis aos países que visitaram a Paraíba.

A coordenadora de Cooperação Sul-Sul da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fernanda Barreto, destacou que existe um interesse das nações integrantes do programa de Cooperação Sul-Sul em conhecer a produção de algodão sustentável que vem sendo cultivado na Paraíba.

A representação da Colômbia, país para onde os técnicos da Empaer já levaram as experiências da produção da cultura do algodão e da assistência técnica rural praticada no Brasil, também ressaltou os avanços em termos de organização das famílias paraibanas que moram e trabalham no campo.

“Durante o período, foi possível uma troca de experiências e conhecimento que vão contribuir para também melhorar a qualidade de vida em outros países”, afirmou Adriana. Ao fim da visita, o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural, Jefferson Morais, em nome Governo do Estado, do presidente da Empaer Nivaldo Magalhães, do secretário do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Efraim Morais, reforçou os agradecimentos.