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Águas do São Francisco devem chegar a um milhão de paraibanos em até 120 dias, diz secretário

publicado: 22/03/2017 00h05, última modificação: 22/03/2017 01h20
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Para tornar possível a chegada da águas à barragem de Boqueirão, o Governo do Estado realizou obras associadas orçadas em R$ 1,4 bilhão - Foto: Felipe Gesteira

tags: transposição , rio são francisco , boqueirão , campina grande


Iluska Cavalcante - Especial para A União

Motivos para celebrar o dia Mundial da Água, comemorado hoje, não faltam para a Paraíba. As águas do Rio São Francisco já estão em solo paraibano através da tão aguardada transposição. Elas chegaram nas barragens de São José, Poções e Camalaú e estão indo em direção a barragem de Boqueirão, que é interligada com 18 cidades, fazendo com que cerca de 1 milhão de paraibanos tenham acesso à água dentro de 90 a 120 dias, segundo informa o secretário de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, João Azevêdo Lins Filho. 

O secretário enfatiza que esse número de pessoas beneficiadas é apenas o início e muito ainda será feito. Para que as águas do rio São Francisco cheguem até a barragem de Boqueirão, fazendo também com que a cidade de Campina Grande saia do racionamento, foi necessário um conjunto de obras associadas à transposição realizadas pelo Governo do Estado, juntamente com os sistemas já existentes na Paraíba. As obras vão desde esgotos sanitários em 11 cidades até um conjunto de adutoras de 534 km. O investimento total foi de R$ 1,4 bilhão, de acordo com a Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia (SEIRHMACT).

Um dos destinos desse investimento foi para o ritmo com que as águas irão de Monteiro até Boqueirão, através de uma vazão realizada para aumentar a velocidade. As águas deverão chegar o mais longe possível e para o maior número de pessoas através das obras, de acordo com João Azevêdo.

O secretário explica que parcerias com a prefeitura de Monteiro e a participação do Governo do Estado na gestão das águas também foram necessárias. “Criamos uma equipe multidisciplinar para que possamos monitorar, fiscalizar e controlar o uso dessas águas que estão entrando do Rio São Francisco para o Rio Paraíba. Esse trabalho, que já está sendo feito, é tão importante quanto ou talvez até maior que a própria obra”, comentou.

Reservatórios

Segundo João Azevêdo, a situação dos reservatórios é preocupante, já que as chuvas que chegaram ao Sertão ainda não promoveram uma recarga nas barragens que possibilite uma certa tranquilidade. Ele explica que o ideal é uma recarga que dure por um ano, para que a água chegue até o próximo inverno, quando ocorrem novas chuvas, e até agora isso não ocorreu. “Nós tivemos recargas importantes, como foi o caso das águas que caíram em Coremas, e isso já facilita muito, porém não dá garantia para passarmos mais um ano esperando água em dezembro”, comentou.

As águas do rio São Francisco não chegarão em todo o Sertão e algumas cidades deverão permanecer esperando pela chuva. “Para as barragens que não estão no caminho da transposição, nós só podemos esperar por chuva”, disse o secretário. No entanto, a melhora poderá vir de outra forma. Atualmente, muitas barragens precisam guardar água para o abastecimento de outras cidades, mas com a chegada da transposição isso não será mais necessário. “Quando a chuva chegar não precisamos nos preocupar em manter essa água guardada para atender as cidades, porque eu sei que tenho o São Francisco como fonte garantida de abastecimento”, completou o secretário.

Crescimento econômico

Os paraibanos que sofrem com a estiagem prolongada já conseguiram ver mudanças como a passagem de água em trechos do rio Paraíba que passaram dez anos sem receber água. Para o secretário de recursos hídricos, a chegada da transposição trará, acima de tudo, novas possibilidades de desenvolvimento. “Haverá, sem sombra de dúvidas, uma mudança radical no perfil socioeconômico da região que recebe a transposição. Isso muda a relação das pessoas com a terra e espero que daqui a alguns anos também possibilite um meio de vida para o sustento de milhares de pessoas”, finalizou João Azevêdo.