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direito à saúde

Ambulatório amplia atendimentos

publicado: 09/09/2025 08h30, última modificação: 09/09/2025 08h30
Serviço multiprofissional ajuda travestis, transexuais e não binários a ter acompanhamento seguro e acolhedor
2025.09.08 Hormônio trans © Leonardo Ariel  (2).JPG

Dados da Secretaria Estadual de Saúde indicam que o ambulatório, de janeiro a agosto, atendeu mais quatro mil pessoas | Foto: Leonardo Ariel

por Camila Monteiro*

O ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais Fernanda Benvenutty (Ambulatório TT), anexo ao Hospital Clementino Fraga, no bairro de Jaguaribe, oferta, desde setembro do ano passado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), tratamento hormonal para pessoas trans em João Pessoa. Em Campina Grande (CG), os acompanhamentos acontecem no Ambulatório Marcela Prado, localizado no Hospital de Trauma da cidade.

De acordo com dados da SES, de janeiro a agosto deste ano, foram realizados 4.051 atendimentos no ambulatório da capital. Na segunda maior cidade do estado, por sua vez, foram feitas 1.580 consultas. Em relação aos procedimentos cirúrgicos, foram efetuadas 181 mastectomias — remoção do tecido mamário — e 30 histerectomias — retirada do útero.

“Hoje, nós atendemos uma população de mais de 1.800 pessoas travestis e trans, além de algumas não binárias”, explicou o coordenador do Ambulatório Fernanda Benvenutty, Sérgio Araújo.

Multiprofissionalização

A população pode ter acesso, nos ambulatórios, a uma equipe multiprofissional, com diversas especialidades ofertadas, como psicologia, psiquiatria, nutrição, endocrinologia, Serviço Social, ginecologia, dermatologia, mastologia e técnica em Enfermagem. Além disso, são ofertados procedimentos como exames laboratoriais, de imagens, citológico, terapia comunitária e dispensação de hormônios.

De acordo com Sérgio Araújo, para ter acesso aos tratamentos, é necessário ter a partir de 18 anos, reconhecer-se como travesti ou trans e passar, primeiramente, pela Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana para obter o encaminhamento. Além disso, é preciso apresentar os seguintes documentos: cópia do Cartão SUS e do RG. “Chegando aqui, fazemos o cadastro do usuário e já iniciamos os primeiros atendimentos. Nós temos um fluxo em que se passa antes pelo psicólogo e psiquiatra e depois pelo endocrinologista e, em seguida, as pessoas vão procurando os demais serviços que nós ofertamos”.

Esther Veloso, de 19 anos, estava no ambulatório acompanhada da mãe. “Estou vindo aqui faz um pouco mais de oito meses, eu faço consultas com a psicóloga, a psiquiatra e com a endocrinologista”. A jovem relatou que os profissionais prestam um ótimo serviço por oferecerem um atendimento especializado, destacando que todos sempre dão um grande apoio e realizam um trabalho incrível.

Esther ressaltou, ainda, que, por serem profissionais preparados para tratar dessa população específica, possuem amplo conhecimento sobre corpos trans e sobre todo o tratamento. Para ela, é uma experiência incrível poder conversar com alguém que realmente entende, consegue dar apoio e saber o que a pessoa precisa, o que considera muito positivo.

Mulheres trans em reclusão iniciam tratamento

Neste mês, o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais Fernanda Benvenutty passou a atender mulheres trans que integram o sistema prisional com o serviço de hormonoterapia. A iniciativa visa expandir o acesso a cuidados especializados e fortalecer o compromisso do Governo do Estado com o respeito à diversidade e aos direitos humanos.

“Nós fomos ao Presídio Sílvio Porto, onde tem 17 mulheres que se interessaram em iniciar o tratamento. Dividimos em três grupos, as primeiras cinco vieram na quinta-feira passada (4), as próximas virão nesta quinta-feira (11). Elas passarão por todo o processo de cuidado, entre os quais a psiquiatria e o endocrinologista. Ao fim das avaliações, receberão os hormônios”.

A medicação é fornecida na farmácia do Hospital Clementino Fraga, sempre após as análises da equipe multiprofissional. O foco da iniciativa é assegurar um acompanhamento integral para essa população, de modo que abranja não só a dimensão médica, mas também o apoio psicológico e social, essencial para os resultados da terapia hormonal.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 9 de setembro de 2025.