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Inauguração da unidade ocorre amanhã e o serviço também será disponibilizado para o público travesti

Ambulatório para pessoas trans será inaugurado em CG

publicado: 10/03/2022 08h41, última modificação: 10/03/2022 08h41
Ambulatorio trans Foto Secom PB.jpg

Foto: Secom-PB

por Beatriz de Alcântara*

A Paraíba ganhará mais um espaço de saúde voltado para a população trans e travesti, desta vez na cidade de Campina Grande, no Agreste. A inauguração acontece amanhã no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, onde o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais da Paraíba (Ambulatório TT-PB) está instalado. Esse é o segundo ambulatório do estado, o primeiro é localizado em João Pessoa, no Complexo Hospitalar Clementino Fraga.

A primeira capacitação voltada aos profissionais da equipe que atuará no ambulatório TT foi realizada na última terça-feira, em conjunto com os coordenadores de acolhimento, recepção e segurança, além do corpo diretor – jurídico, recursos humanos e direção. O atendimento no local contará com essa equipe multiprofissional que envolverá psiquiatras, endocrinologistas, urologistas, ginecologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e gerência administrativa.

O encaminhamento para o ambulatório será feito através do Centro de Referência Luciano Bezerra, no bairro de São José, em Campina Grande. A equipe interdisciplinar desenvolverá um plano terapêutico individualizado para cada paciente, buscando atender as necessidades e especificidades de cada um. Para ter acesso ao processo transexualizador é necessário ter, pelo menos, 18 anos de idade.

De acordo com a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, o serviço é de suma importância. O atendimento agora estendido para outras regiões do estado ajuda a ampliar o acesso dessa população a um espaço que lhe garanta saúde integral com dignidade. “As pessoas que vêm do Sertão, por exemplo, também podem acessar esse serviço em Campina Grande. Essa facilidade é muito importante no atendimento a essa população, isso traz garantias de melhor qualidade de vida”, destacou.

Para Lídia, é papel do Estado oportunizar esse e outros tipos de atendimento que assegurem direitos a todos, principalmente a parcela da população que, geralmente, é marginalizada socialmente. “Na medida em que a população transexual e travesti têm acesso a esses serviços, elas vão ter maior qualidade de vida, mais saúde, a autoestima fica preservada”, justificou a secretária.

Segundo Ingrid Ramalho, diretora-geral do Hospital de Trauma de Campina Grande, o ambulatório TT é reflexo da gestão inclusiva do Governo do Estado, atuando através da Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB). O intuito é abarcar todas as necessidades existentes dentro do âmbito da saúde da população paraibana.

Para Jade Vaccari, de 31 anos, professora de Filosofia e integrante da Associação de Pessoas Travestis, Transexuais e Transfeministas da Paraíba (Aspttrans-PB), o serviço é muito importante no acolhimento com respeito ao gênero que a pessoa quer ser tratada, que deve acontecer em qualquer lugar.

A professora ressalta que essa é uma longa luta do movimento que teve nomes como Fernanda Benvenutty à frente. “Essa luta que resultou nesses ambulatórios, que existem poucos lugares no Brasil, existe uma luta para ampliar, para se ter mais, para que interiorize. A existência desses ambulatórios é primordial”, afirmou Vaccari.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de março de 2022