Com os registros das primeiras chuvas do ano, a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de João Pessoa (Compdec-JP) tem intensificado as ações de monitoramento das 27 áreas de risco da capital paraibana. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, um relatório da Defesa Civil de 2021 apontou que existem cerca de 21 mil pessoas morando nesses locais. Essas áreas estão espalhadas por diversos bairros, mas existem pontos que necessitam de mais atenção, como o Alto do Mateus e o bairro São José.
O secretário da Defesa Civil de João Pessoa, Jailton Gomes, explicou que o trabalho de assistência a esses pontos é realizado pelo órgão durante todo o ano. “A gente faz o acompanhamento de todas as áreas, independentemente de ser um período de chuvas ou não”, explicou.
A equipe da Defesa Civil também executa o desassoreamento de rios na cidade, ou seja, o processo de remoção de sedimentos e materiais do fundo dos rios e lagos. “O assoreamento dos rios é muito rápido. Como tem muita vegetação, além dos dejetos das residências, que acabam indo parar nos rios, o acúmulo dessa vegetação faz subir a água rapidamente. Por isso, tem que fazer o desassoreamento diante do período de chuvas”, completou Jailton.
Equipamentos
Jailton Gomes afirmou que há previsão da chegada de equipamentos destinados ao gerenciamento de riscos para identificar situações como a presença de deslocamento de massa em uma determinada área; a elevação do nível do rio ou o volume pluviométrico em uma área, melhorando o controle do nível do rio. “Hoje temos praticamente um controle a olho nu. Se chove, ou está no período de chuva, e a gente percebe que a maré está alta, então a gente vai até lá para ver como está: se está próximo de transbordar ou não”, acrescentou Jailton.
Contatos
Em caso de alguma ocorrência na comunidade, população pode acionar equipe da Defesa Civil pelos números 199 e o 98831-6885
O último registro de transbordamento de rios em João Pessoa ocorreu em março de 2021, no bairro São José. A Defesa Civil orienta à população mais vulnerável - aquelas ribeirinhas ou que moram mais próximo de barreiras - que, ao observar qualquer movimentação de massa nas barreiras ou nível do rio acima do normal, saia imediatamente do local. O próximo passo é entrar em contato com a Defesa Civil para que possa ser feita uma vistoria no local. A Defesa Civil oferece atendimento 24 horas por meio dos números 199 (Central) e 98831-6885 (Centro de Operações), e também pelo aplicativo “João Pessoa na palma da mão”, disponível para android e iOS.
Moradores são transferidos para conjuntos habitacionais
Na capital paraibana, conjuntos habitacionais estão sendo construídos para remover a população das áreas de risco, como é o caso da comunidade Santa Clara, localizada na barreira do Castelo Branco, no km 19 da BR-230. Antigos moradores estão sendo transferidos para um conjunto residencial próximo à Avenida Beira Rio.
A dona de casa Severina Ramos, que mora em cima da barreira há mais de 30 anos, afirmou que o local sempre foi muito impactado com as chuvas, mas a situação melhorou, consideravelmente, após a construção de uma galeria pluvial no local. “Era muita água, o povo ficava muito assustado. Muitas casas foram retiradas daqui por conta desse problema”. Severina lembra que nunca chegou a ver qualquer acidente grave na área, apesar de algumas residências terem apresentado graves rachaduras devido às condições do terreno.
Queimadas
Registros de queimada no km 19 da BR-230 foram vistos pela comunidade recentemente. Uma delas foi dona Severina que declarou ter presenciado também pessoas fardadas no momento da queimada. A assessoria de imprensa da Defesa Civil informou que, quando o órgão é informado pela comunidade sobre as queimadas, ou quando a própria equipe da Defesa Civil observa esses eventos em diligência, procede às ações de contenção e prevenção cabíveis. Informada sobre o acontecido por nossa equipe, a assessoria comunicou que fará uma visita ao local nos próximos dias.
Em CG, Distrito dos Mecânicos é um dos locais que mais alaga
Após as fortes chuvas que atingiram Campina Grande no início deste mês, a Defesa Civil do município divulgou que há 32 áreas de risco propensas a alagamentos na cidade. De acordo com o Sargento Régis Cavalcante, coordenador do órgão na Rainha da Borborema, entre todas elas, pelo menos cinco regiões são as mais preocupantes.
“A que sofre de forma mais frequente com alagamentos é o Distrito dos Mecânicos, porque o pessoal constrói as casas em cima dos córregos, o que impede a passagem da água. Além do Distrito, as Malvinas, o bairro Três Irmãs, o Cruzeiro, Jardim Paulistano e o Riacho das Piabas, no bairro da Conceição, também são áreas que mais alagam”, afirmou o coordenador.
Marivalda Gomes é moradora da Conceição, e a casa fica bem perto do Riacho das Piabas. Ela conta que sempre precisou lidar com alagamentos no período chuvoso. “Teve uma época que, além da enchente, uma barragem rompeu e inundou minha casa inteira, eu fiquei meses morando no aluguel social”
Outra moradora do bairro, Aline Silva, reside com seus cinco filhos em uma casa que fica atrás do Riacho. “Sempre que chove, inunda a parte do quintal, eu construí até um muro para ver se segura. Mas isso aqui fica tudo alagado, é tanto que as crianças não conseguem nem atravessar para ir pra escola”, desabafou a mãe.
Além da questão das inundações, os habitantes da região também se queixam do mato que tem tomado o córrego, eles afirmam que a vegetação atrai insetos e causa doenças, como a dengue.
Sargento Régis declarou que o órgão municipal tem apenas a função de prevenir possíveis problemas, mas que trabalha em parceira com a Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente para atender às demandas da população. “Temos agido para solucionar os problemas antes que o período chuvoso em Campina realmente comece”, afirmou Régis.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de abril de 2024.