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Dia do parkinsoniano

Atenção para o diagnóstico precoce

publicado: 04/04/2024 09h10, última modificação: 04/04/2024 09h10
Data é celebrada nacionalmente e foi criada para alertar sobre a descoberta tardia da Doença de Parkinson
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Lentidão dos movimentos, rigidez nas articulações e tremor são os primeiros sintomas motores de quem é acometido pela doença | Foto: PxHere

por Sara Gomes*

Lentidão do movimento, rigidez nas articulações e tremor são os primeiros sintomas motores de quem é acometido com o Mal de Parkinson - doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. Para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) instituiu a data de hoje como o Dia Nacional do Parkinsoniano. O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, é referência no atendimento na Paraíba. De 2018 até março de 2024, cerca de 20 pacientes já fizeram a cirurgia de implante de eletrodos cerebrais (DBS) para amenizar os sintomas da doença.

O neurologista Daniel Siqueira informa que, além dos problemas motores, o paciente pode apresentar sintomas inespecíficos até 20 anos antes. “A exemplo de dificuldade de sentir cheiros e dores, constipação intestinal e transtorno do sono”, pontuou.

A Doença de Parkinson acomete cerca de 1,5 homem a cada uma mulher. Pessoas sedentárias, com parentes de primeiro grau com a doença e com exposição a pesticidas e solventes têm mais risco de desenvolver a enfermidade. “É mais comum em pessoas com mais de 65 anos de idade, sendo que 25% dos pacientes têm menos de 65 anos”, revelou Siqueira.

O Mal de Parkinson não tem cura, mas existe uma gama de tratamentos disponíveis para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A começar pelo tratamento farmacológico, cujo pilar principal é a levodopa, medicamento que repõe a perda de dopamina, substância que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente. A diminuição dessa substância no organismo ocorre porque a doença causa degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Existem outros fármacos que agem em conjunto com esse medicamento, potencializando seu efeito. Há também o tratamento cirúrgico, que pode ser útil para alguns pacientes, trazendo qualidade de vida.

Daniel Siqueira ressalta a importância do diagnóstico precoce atrelado ao tratamento. “O dia da conscientização é muito importante para que as pessoas possam identificar os sintomas, prevenindo a evolução da doença. A reabilitação com fisioterapia, hidroterapia, pilates e exercícios físicos, assim como a estimulação magnética transcraniana também são aliados importantes no tratamento”, destacou.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com base na história clínica do paciente e no exame neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu diagnóstico ou para a sua prevenção.

Paciente apresentava histórico na família

Nelson Freire, de 57 anos, possui histórico na família da Doença de Parkinson. Aos 45 anos, passou a apresentar tremor na mão esquerda. Preocupados, o sobrinho Ricardo Freire e seus familiares marcaram uma consulta com o neurologista, confirmando o diagnóstico. “Como a doença estava no início, ele relutou em aceitar o diagnóstico. Ele passou a utilizar uma medicação, mas os sintomas foram avançando com o tempo”, contou Ricardo.

Após cinco anos de diagnóstico, Nelson passou a ser acompanhado pelo neurocirurgião funcional do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, Emerson Magno. Ele passou outras medicações, mas seu caso tinha indicação cirúrgica. “Foi um sucesso a cirurgia, colocando dois eletrodos na cabeça dele. Após a recuperação, o doutor Emerson recomendou a prática de musculação na rotina dele, para melhorar a rigidez dos movimentos”, declarou.

Os irmãos de Nelson moram fora da Paraíba, mas a família sempre incentiva o tratamento para melhorar sua qualidade de vida. “Eu fico responsável por organizar sua rotina, medicação e consultas. O Parkinson não é uma doença fácil; portanto, o apoio da família é fundamental para que ele se sinta estimulado no tratamento. É gratificante vê-lo bem”, comemorou o sobrinho, acrescentando que, atualmente, a doença está estabilizada.

O Ambulatório de Neurocirurgia Funcional do Hospital Metropolitano atende toda segunda-feira pacientes com a doença. De janeiro a março deste ano, 24 pacientes estão em acompanhamento com o setor de neurocirurgia para análise do caso.

De acordo com Emerson Magno, existem alguns critérios a serem avaliados para a indicação cirúrgica. “Geralmente são pacientes que foram diagnosticados com Parkinson no mínimo há quatro anos, que utilizam medicações associadas ou apresentam muitos efeitos colaterais, a exemplo do movimento involuntário incontrolável. À medida que a doença evolui, praticamente, esgota a produção de dopamina no organismo. Quando o paciente não consegue mais ter resultado com a medicação, pode ocorrer indicação cirúrgica. A doença não tem cura, mas a cirurgia oferece uma melhor qualidade de vida, pois regula os movimentos”, disse o neurocirurgião, que é doutor em neurologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Ele explica que os pacientes são encaminhados pela Secretaria de Saúde do Estado para o Metropolitano para avaliação clínica, mas nem todo caso necessita de cirurgia. “A avaliação é bem criteriosa. O paciente é analisado por dois neurologistas, pois temos que avaliar se a cirurgia proporcionará qualidade de vida mediante seu quadro clínico”, declarou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de abril de 2024.